Com suas ações em disparada em 2023 e nos últimos doze meses, a Marcopolo promoveu seu Investor Day nesta terça (5). Entre os pontos abordados pela empresa no encontro estiveram as perspectivas para 2024 e a manutenção da tendência de alta em 2023.
O papel POMO4, nos últimos 12 meses, teve alta de 159% e variação positiva de 133% em 2023.
Para JPMorgan, XP Investimentos e Bradesco BBI, a mensagem passada pela companhia foi positiva e as perspectivas apontam para crescimento e rentabilidade.
Resultados devem manter alta
A tendência de elevação dos papéis da Marcopolo (BOV:POMO4) tem se intensificado nos últimos meses. Só no último mês, a variação positiva foi de 4,95%. E há expectativa da empresa que os resultados mantenham a tendência. Vale lembrar que, no último trimestre, o lucro da empresa cresceu mais de 5 vezes, para R$ 140,5 milhões.
“Os resultados devem manter uma tendência de alta impulsionada por: 1) volumes mais elevados, 2) uma recuperação na rentabilidade internacional e 3) a utilização de créditos fiscais e a venda de terrenos usados por duas instalações de produção”, diz o BBI.
A recomendação do banco para a Marcopolo, contudo, é neutra, com preço-alvo para final de 2024 de R$ 6,00. Já o JPMorgan tem uma visão mais otimista e manteve sua recomendação em overweight (equivalente à compra, com expectativa de ação superar o índice de referência). A XP também tem visão positiva para as ações.
A XP apontou que sua visão construtiva é baseada em (i) o que veem como um ponto de inflexão para os volumes (impactados positivamente pela flexibilização dos efeitos da COVID-19, maiores tarifas aéreas e envelhecimento da frota operacional dos ônibus); (ii) expectativas de melhoria da margem Ebitda do 4T em diante (preveem uma margem Ebitda de cerca de 11% para 2023-2024, apoiada por reajustes de preços e preços de commodities para baixo); e (iii) demanda estável do programa Caminho da Escola (com potencial adicional caso o programa seja expandido para áreas urbanas).
Na avaliação do JPMorgan, “os resultados devem se beneficiar do aumento do modelo G8, crescimento de volumes e maior alavancagem operacional, vendas de ônibus elétricos e volumes do programa Caminhos da Escola (16,3 mil ônibus a serem leiloados em 12 de setembro) e recuperação das operações internacionais em todas as áreas”.
O JPMorgan alterou sua classificação para POMO4 em janeiro de 2023, saindo de neutro para overweight. Desde então, o preço-alvo subiu de R$ 2,84 para os R$ 6,31 atuais. O papel fechou esta terça negociado a R$ 6,36.
Boas perspectivas para 2024
Segundo a mensagem passada pela Marcopolo, há expectativa de volumes mais altos em 2024 que os já vistos em 2023. Alguns fatores explicam o otimismo, como a esperada melhora no cenário macroeconômico, marcado por inflação controlada e ciclo de flexibilização monetária, o aumento na demanda turística, maior procura por ônibus urbanos e crescimento no volume de passageiros de ônibus.
Entre os números apresentados pela empresa, estão a manutenção da produção de ônibus em cerca de 33 mil por ano para garantir que a idade média da frota siga estável e a previsão de seguir com a distribuição de 40 a 50% de lucro líquido, em dividendos trimestrais.
No mercado doméstico, as principais demandas da empresa seguem no programa Caminhos da Escola, que visa garantir o acesso escolar de estudantes áreas rurais e ribeirinhas, e na necessidade de renovação da frota brasileira. A atuação da Marcopolo no programa é de 50 a 60% e, no mercado interurbano, corresponde a uma participação de 71% com o modelo G8.
Outras oportunidades de expansão de demanda estão no segmento do turismo, considerando o aumento nos preços de passagens áreas, e o segmento do frete, também em alta pelo agronegócio e mineração.
No mercado internacional, a Marcopolo se destaca com 55% de exportações dos ônibus brasileiros. O Chile é o principal dos mercados, considerando vendas regulares para mais de 50 países.
O aumento de preços em alguns países torna-se desafiador, como é o caso da Argentina, que atualmente enfrenta inflação mais elevada e instabilidade macroeconômica, e da Austrália, com vendas em contratos de longo prazo principalmente para governo. Apesar disso, há expectativa de renovação da frota australiana no curto prazo, o que deve aumentar a demanda por ônibus elétricos.
“O foco é permanecer em mercados que sejam lucrativos e aumentar os retornos nesses mercados e sair de regiões com baixos retornos, como visto no Egito”, diz o relatório do JPMorgan.
Houve esforço, também, para consolidação de duas fábricas da Argentina em apenas uma, reduzindo riscos pelo cenário local.
Demanda ainda baixa por ônibus elétricos
No segmento dos ônibus elétricos, a companhia atua fornecendo a carroceria para ônibus elétricos de terceiros e com a produção do Attivi, produto próprio com chassi mais carroceria.
“No Brasil, há demanda por ônibus elétricos, mas os volumes ainda são baixos neste momento. Há oportunidade de vender com parceiros e sozinho através de uma solução completa”, explica o JPMorgan.
A demanda atualmente se concentra, no momento, em São Paulo e Curitiba, que está testando diversos modelos de ônibus elétricos em concorrência.