O Assaí apresentou lucro líquido de R$ 185 milhões no terceiro trimestre de 2023. O resultado foi 34,2% menor em relação ao apresentado um ano antes. A empresa afirma, porém, que o resultado reforça a resiliência do seu modelo de negócios, embora tenha sido impactado pelas taxas de juros.
“O grande volume de lojas em fase de maturação e as elevadas taxas de juros seguem impactando de forma significativa o lucro e a margem líquida da companhia”, diz o Assaí no release de resultados.
O Ebitda ajustado, por sua vez, foi de R$ 1,212 bilhão, com alta anualizada de 19,9%. A margem desse indicador caiu 0,2 ponto porcentual, para 7,1%. “O patamar atual representa o menor nível de pressão desde o início do projeto de conversões”, diz o Assai.
A receita líquida foi de R$ 17,002 bilhões, com alta de 22,9%. No release de resultados, o Assaí destaca “a continuidade no ritmo de crescimento acima de 20%, mesmo diante de cenário de deflação das commodities e elevado patamar de endividamento da população”.
E, para tal resultado, o Assaí enumera três razões: a significativa contribuição da expansão, com 52 lojas abertas nos últimos 12 meses; a dinâmica comercial, com destaque para a campanha do 49º aniversário da rede; e a melhoria contínua na experiência de compras, com agilidade na adaptação do sortimento e adequação dos serviços para atender às demandas regionais, que reflete na continuidade do crescimento de clientes.
Porém, no indicador de vendas em “mesmas lojas”, houve queda anualizada de 0,9%. “O desempenho trimestral foi impactado pela deflação alimentar, impulsionada principalmente por commodities agrícolas, e pelo efeito do fechamento dos hipermercados em 2022, que resultou em forte base de comparação”, justifica o Assaí, citando que o resultado foi melhor no último mês do terceiro trimestre.
“As vendas ‘mesmas lojas’ apresentaram evolução ao longo do período, atingindo nível positivo em setembro, resultado da recuperação dos volumes, que apresentaram crescimento nos meses de agosto e setembro”, conclui.
Os resultados da Assaí (BOV:ASAI3) referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2023 foram divulgados no dia 30/10/2023.
Teleconferência
O CEO de Assaí, Belmiro de Gomes, afirmou que a “evolução” do lucro líquido comprova a “resiliência do modelo” da companhia, mesmo com altas taxas de juros, cenário deflacionário, elevado volume de lojas em maturação e ambiente de compras com cautela por parte do consumidor.
A analistas e investidores, durante teleconferência, nesta terça-feira (31), ele acrescentou que o terceiro trimestre foi desafiador, mas ainda muito positivo em questão de evolução de vendas. No início da tarde, as ações da varejista de atacarejo subiam, por volta das 13h15, 2,01%, cotadas a R$ 11,18.
A companhia fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 185 milhões, queda de 34,2% em relação a igual período do ano passado. No acumulado do ano, o lucro líquido ficou em R$ 413 milhões, recuo de 49,3% ante mesmo período do ano anterior.
Considerando a quantidade de novas lojas e os custos iniciais, a margem Ebitda do 3T23 foi positiva, segundo o CEO. Belmiro destacou que a margem Ebitda ajustada no 3T23 está no maio patamar do ano – visão pré-IFRS ficou em 5,4%.
O faturamento de R$ 18,5 bilhões aumentou 22%. “Houve uma expansão muito forte neste ano. Foram 52 lojas nos últimos 12 meses (+29% em área de vendas no 3T23)”, destacou Belmiro. Parte dessas lojas foi da conversão de operações.
As vendas mesmas lojas (SSS) mostraram ligeira queda, de 0,9% em relação ao terceiro trimestre de 2022, e de 2% na leitura sequencial. “Estamos vivendo um momento de deflação no mercado de alimentos. Isso altera a dinâmica do negócio, principalmente no público de pessoa jurídica. Isso tem impacto no SSS”, disse o CEO.
Assaí: Dívida e juros
O resultado do 3T23 de Assaí foi impactado pelos juros elevados e pelo maior volume da dívida. Segundo Daniela Sabbag, CFO da empresa, o resultado financeiro de Assaí totalizou R$ 737 milhões no 3T23, incremento de quase R$ 300 milhões em relação ao 3T22.
“Estamos com quase R$ 2 bilhões a mais da dívida bruta (total de R$ 8,6 bilhões) em função de captações e emissão de um CRI, que concluímos no terceiro trimestre, além de um efeito contábil da redução dos juros capitalizados”, pontuou.
Belmiro assumiu que o custo de dívida está acima do que era esperado, pois havia outra expectativa em relação à Selic. Assim, o custa da dívida de Assaí ficou em R$ 3,3 bilhões ao fim do 3T23.
Segundo o CEO, a geração de caixa operacional de R$ 9,4 bilhões suportou 91% dos investimentos desde 2021. Boa parte da dívida vem do processo de cisão com o GPA.
“Destaque para a posição de caixa operacional, pois o Assaí talvez esteja realizando uma das maiores operações da história do varejo alimentar brasileiro. A geração de caixa suportou investimentos em expansão orgânica e conversão de lojas”, afirmou.
Preços de alimentos
Questionados sobre as expectativas para os preços dos alimentos nos próximos meses, a diretoria de Assaí afirmou que espera estabilidade na média. “Não vemos muito espaço para grandes altas ou maior redução de preço de commodities”, afirmou o vice-presidente comercial, Wlamir dos Anjos.
Ele destacou ainda que pode haver algum impacto por conta da guerra no Oriente Médio e as variações cambiais, mas a projeção mesmo é de estabilidade na média.
Novas lojas
O Assaí diz que vai fechar 2023 com 30 novas lojas, entre aberturas orgânicas e conversões. Para 2024, já há 7 obras em andamento, mas a companhia irá avaliar ao longo do quarto trimestre quanto irá desembolsar para investimentos e quantas lojas espera abrir no próximo ano, de acordo com o CEO.
“Já temos projetos para 2024, mas o que estamos olhando é para o equilíbrio entre expansão e nível de alavancagem, à medida que temos incerteza sobre a taxa de juros daqui pra frente”, diz Belmiro Gomes.