A Suzano registrou prejuízo líquido de R$ 729 milhões no terceiro trimestre de 2023, revertendo lucro líquido de R$ 5,448 bilhões registrados em igual período do ano passado. Apesar do resultado negativo, o número foi menos negativo do que o consenso LSEG de mercado esperava, uma vez que contava com prejuízo de R$ 1,5 bilhão.
Segundo a companhia, a variação é explicada em grande parte pela redução no resultado operacional (queda da receita líquida) e pela variação negativa no resultado financeiro, como resultado da desvalorização cambial sobre a dívida e sobre as operações com derivativos.
“Esses efeitos foram parcialmente compensados sobretudo pelo crédito de IR/CSLL diferidos, incidentes principalmente sobre os resultados negativos de variação cambial e operações com derivativos”, afirma a Suzano.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 3,695 bilhões, uma queda de 57% na comparação com mesmo período de 2022, levando a uma margem de 41%, baixa de 20 pontos percentuais (p.p.). Para o Ebitda, o consenso LSEG projetava número de R$ 3,39 bilhões.
Para justificar o recuo anualizado do Ebitda, a Suzano cita quatro razões: menor preço médio líquido da celulose em dólar (-33%), menor volume vendido (-10%), pela desvalorização do dólar frente ao real (-7%); e maior SG&A (+12%), sobretudo por maiores despesas administrativas decorrente de maiores gastos com pessoal (remuneração variável) e da incorporação das despesas como resultado da aquisição do negócio de tissue da Kimberly Clark no Brasil, conforme explicado anteriormente.
Já na unidade de negócios de papel, os resultados foram resilientes no mercado doméstico, enquanto a queda dos preços no mercado externo corresponde ao principal fator de redução do Ebitda por tonelada no período, apontou.
Segundo a Suzano, apesar da redução do preço médio líquido realizado de celulose, o terceiro trimestre de 2023 foi marcado pela melhora de sentimento no mercado, principalmente em função da importante elevação da demanda na China. “A evolução dos fundamentos suportou uma sequência de aumentos de preço, ainda não totalmente refletidos no 3T23”, apontou.
A receita líquida, por sua vez, ficou em R$ 8,948 bilhões, uma baixa anual de 37%.
A Suzano ainda anunciou nesta quinta-feira investimentos de R$ 1,66 bilhão para a construção de uma nova fábrica de papel e de uma caldeira de biomassa em Aracruz, no Espírito Santo, bem como a conversão de uma máquina em Limeira, em São Paulo, que elevará a capacidade de produção de celulose fluff.
A empresa aprovou a construção de uma fábrica de papel sanitário (tissue) e conversão em papel higiênico e papel toalha em Aracruz, que terá capacidade de 60 mil toneladas por ano. O custo da unidade, que tem início de operações previsto para o primeiro trimestre de 2026, está estimado em R$ 650 milhões.
O projeto será pago, em sua maioria, por meio de saldo de crédito de ICMS que a Suzano tem no Estado. A empresa desembolsará o restante, aproximadamente R$ 130 milhões.
Também em Aracruz, a Suzano aprovou a substituição de sua atual caldeira de biomassa, localizada na fábrica de celulose que a empresa detém na cidade. O investimento está estimado em R$ 520 milhões, e a caldeira deve entrar em operação no quarto trimestre de 2025.
“Tais investimentos alinham-se à estratégia de negócio da companhia ao representar uma evolução de seu posicionamento de mercado no segmento de bens de consumo e o fortalecimento de sua competitividade estrutural na produção de celulose”, disse a Suzano, em fato relevante.
A companhia anunciou ainda aprovação de investimento de R$ 490 milhões para a conversão de máquina de secagem de celulose na unidade industrial que possui em Limeira (SP).
Com isso, “a empresa terá integral flexibilidade na produção de celulose para papel ou fluff”, disse a Suzano, acrescentando que as obras devem ficar prontas no quarto trimestre de 2025.
A expectativa é que o investimento em Limeira eleve a capacidade total de produção de fluff da Suzano em 340 mil toneladas ao ano, para 440 mil já em 2025.
A companhia afirmou que o investimento em Limeira tem como base “a competitividade global na produção de celulose de eucalipto pela Suzano associada à sua visão de continuidade do crescimento da demanda por celulose de fibra curta em substituição à fibra longa ao longo dos anos”.
Em Aracruz, os investimentos serão distribuídos entre os anos de 2024 (R$ 522 milhões), 2025 (621 milhões) e 2026 (27 milhões), em termos reais e desconsiderando a monetização de crédito de ICMS. Já em Limeira, o aporte se dividirá entre 2024 (R$ 196 milhões) e 2025 (R$ 294 milhões), também em termos reais.
Os resultados da Suzano (BOV:SUZB3) referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2023 foram divulgados no dia 26/10/2023.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
O Bradesco BBI destaca o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 3,7 bilhões, caindo 6% no trimestre e 57% em um ano, mas ainda 12% acima do consenso.
“Os resultados superaram as expectativas gerais do mercado, provavelmente, devido a um custo caixa/tonelada inferior ao esperado e aos preços da celulose maiores do que o esperado (embora ainda em níveis deprimidos”, aponta o banco.
O banco ressalta que os fundamentos da demanda chinesa melhoraram gradualmente nos últimos meses, levando a novos aumentos de preços em outubro e novembro, embora isto só deva refletir-se nos resultados da empresa nos próximos trimestres.
Sobre os novos planos de investimento em negócios alternativos (fluff e tissue), o BBI vê como positivos, porque aumentam a diversificação da empresa para outros mercados.
Porém, embora reconheça que os preços recuperaram a um ritmo mais rápido do que anteriormente esperava face à crescente demanda chinesa, o BBI não vê espaço para os preços subirem ainda mais, especialmente tendo em conta a entrada de capacidade adicional relevante no mercado e as incertezas macroeconômicas globais. “Dito isto, mantemos nossa recomendação de venda para as ações da Suzano neste momento”, avalia.
Em apresentação, a empresa brasileira destacou que os pedidos de celulose da China estiveram em níveis “muito saudáveis” em outubro e devem permanecer assim em novembro.
Itaú BBA
O Itaú BBA tem uma visão parecida com a do BBI para o resultado, mas uma recomendação oposta a do banco, tendo visão otimista e recomendando compra para a ação, com preço-alvo de R$ 56.
“A Suzano reportou fortes resultados no terceiro trimestre, com o resultado operacional (Ebitda) totalizando R$ 3,7 bilhões, 12% acima das nossas estimativas e do mercado. O desempenho acima do esperado é principalmente explicado por melhores preços e custos no segmento de celulose. Adicionalmente, a Suzano anunciou investimentos em novos projetos nos segmentos de Tissue (papéis de fins sanitários) e Fluff, no qual entendemos como positivo para a companhia dado que são projetos correlacionados ao negócio de celulose”, destacou a equipe de análise do banco.
XP Investimentos
A XP tem a Suzano como top pick (preferida do setor), recomendando compra para os papéis. A casa também destaca que a companhia reportou resultados melhores que o esperado, “impulsionados por volumes e preços de celulose melhores que o esperado, bem como pela redução de custos caixa (em meio a um trimestre desafiador para a indústria de celulose e papel)”, avalia.
A XP acredita num bom momentum pras ações da Suzano, dado: (i) os preços da celulose deverão se beneficiar dos aumentos de preços anunciados e o projeto Cerrado, que não está precificado de forma justa aos preços atuais das ações da Suzano, na visão da casa.