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O futuro da Vale é alvo de negociações entre acionistas, governo federal e o próprio CEO da companhia

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A decisão sobre o futuro de Eduardo Bartolomeo à frente da mineradora Vale, gigante mundial do minério de ferro, é alvo de negociações que podem desaguar num grande acordo entre acionistas, governo federal e o próprio CEO da companhia. O X da questão nesse processo é a insistência de Lula, presidente da República, para que seu ex-ministro da Fazenda e amigo Guido Mantega ocupe o cargo de principal mandatário executivo da empresa.

Pelo estatuto da companhia, o conselho de administração da empresa – responsável pela recondução, ou não, de Bartolomeo – tem até dia 31 de janeiro para dizer se renova o contrato do CEO, que vence no final de maio de 2024. Se renovar, o executivo ficará mais três anos à frente da empresa. Se não, o colegiado escolherá um novo nome a partir de uma lista de três indicações.

Conforme apurou o IM Business, há uma divisão no colegiado da empresa sobre a continuidade de Bartolomeo, que em abril completará cinco anos de comando na mineradora. Ele assumiu em abril de 2019, logo após o desastre de rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho (MG), que completou cinco anos nesta quinta (25) e levou à morte de 270 pessoas.

Boa parte dos acionistas, como Mitsui, Bradespar e Cosan, não quer ter Mantega como CEO da Vale, mas também não quer abrir uma janela de atritos com Lula, que nesta quarta-feira (24) colocou seu ministro de Minas e Energia em campo para falar com os principais sócios da empresa sobre o desejo de ter o ex-ministro à frente da mineradora.

Há conselheiros que rejeitam incondicionalmente Mantega e são favoráveis à continuidade de Bartolomeo. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que tem cerca de 10% das ações da Vale (direta e indiretamente), é favorável a uma renovação de comando na Vale (BOV:VALE3). A fundação tem dois representantes no conselho: seu atual presidente e seu ex-dirigente, que preside o colegiado.

O governo se sente acionista da Vale, via Previ, e desde maio do ano passado vem pleiteando o cargo de CEO para Mantega. Alega como principal motivo o que considera pouca aproximação de Bartolomeo com o novo governo federal e até com governos estaduais onde a empresa tem operações, caso do Pará e Maranhão. O executivo estaria tentando reverter isso nos últimos meses, com pedidos de encontro no Palácio do Planalto, com ministros e até usando assessoria de empresas de consultoria, de acordo com fontes.

No jogo da decisão, segundo pessoas a par do processo, busca-se ganhar tempo para ter uma definição consensual. Ou seja, que a renovação, ou não, do contrato de Bartolomeo seja por unanimidade. Caso negada, que ele possa integrar a lista tríplice de nomes a ser elaborada por uma empresa de headhuntig de executivos. Com isso, se ganharia tempo até abril para avanço de negociações que contemplassem o pleito do governo.

Da mesma forma, a tese do tempo extra de mandato, por exemplo, de um ano, voltaria à mesa. O CEO ganharia esse tempo, mas seria negociado um cargo de alta relevância na diretoria-executiva da mineradora para Mantega. Por exemplo, uma vice-presidência. O governo e o ex-ministro estariam avaliando esse caminho, de acordo com uma fonte.

O mandato extra é qualificado de “gambiarra” por investidores da Vale e até conselheiros. É uma tese não bem-vista, até por alguns acionistas. A avaliação é que significa um arranjo de interesses que não é o da mineradora, que precisa ter definido um comando para traçar estratégias de médio e longo prazos.

O colegiado da Vale é formado por 13 conselheiros: dois da Previ, um da Mitsui, um da Bradespar/Bradesco, um da Cosan, um representante dos empregados e sete independentes. Alguns membros do colegiado são considerados “neutros” nesse processo. Dois outros grandes acionistas da mineradora, que se tornou uma corporation (sem grupo de controladores definido) em 2020, são os fundos BlackRock e Capital.

Acionistas, governo (via assessores próximos de Lula), o CEO e conselheiros vão manter as conversações para se chegar a uma solução. Tudo que se deseja evitar é uma votação que dê 7 a 6 votos para um dos lados, ou 8 a 5, explica pessoa próxima. A solução pode passar pela escolha de um executivo no mercado, mas isso requer tempo, meses talvez, para chegar a abril com um novo desenho definido.

Nesse desenho, Mantega estaria bem contemplado. O objetivo do ex-ministro mantém-se o mesmo: assumir a cadeira de presidente da Vale, maior mineradora do país e com uma grande presença internacional. Mas um arranjo consensual pode agradar a todos.

Informações Infomoney

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