Na última terça-feira, o Banco Central da China (PBoC) adotou a medida de reduzir sua taxa de juros referencial para hipotecas de longo prazo, estabelecendo um recorde na série histórica ao diminuí-la com o intuito de revitalizar o setor imobiliário que enfrenta adversidades.
A taxa de juros básica de longo prazo (LPR), especificamente para empréstimos de cinco anos, foi cortada de 4,2% para 3,95%, marcando a primeira redução desde junho de 2023.
Havia expectativas de que o PBoC também diminuiria a LPR de curto prazo, que atualmente está em 3,45%, para diminuir os custos de empréstimos para empresas, mas optou por manter essa taxa sem alterações.
Esse ajuste na taxa de hipoteca, de 25 pontos-base, é o mais significativo desde a introdução da LPR em agosto de 2019, refletindo as solicitações anteriores do mercado por mais ações para estimular a demanda imobiliária, após uma redução anterior de 10 pontos-base em junho.
A implementação dessas medidas é vista por muitos como crucial para gerar dinamismo econômico, especialmente após um crescimento econômico irregular em 2023, apesar do término das severas restrições impostas pela pandemia da covid-19 na China.
Embora Pequim tenha reportado um crescimento de 5,2% no último ano, projeções recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam uma desaceleração do crescimento chinês para 4,6% em 2024.
No início deste mês, o PBoC também reduziu as reservas compulsórias para bancos comerciais em meio ponto percentual, liberando aproximadamente 1 trilhão de yuans (equivalente a US$ 140 bilhões) em capital de longo prazo para melhorar a liquidez.
Há indícios de recuperação no consumo, com dados do turismo no Ano Novo Lunar superando os níveis pré-pandemia de 2019, porém a continuidade desse consumo ainda é incerta, segundo Louise Loo, economista da Oxford Economics, que defende a necessidade de mais flexibilizações na política econômica diante da persistente crise imobiliária e da baixa confiança dos consumidores.
A atividade industrial chinesa também registrou uma desaceleração no último mês, com o índice de gerentes de compras (PMI) apontando apenas uma modesta melhoria nas novas encomendas.
O índice de preços ao consumidor revelou a maior queda mensal em 14 anos, de 0,8%, suscitando temores de uma tendência deflacionária.
As vendas de imóveis diminuíram 6,5% em 2023, continuando a crise iniciada dois anos antes, quando o governo intensificou a fiscalização sobre as construtoras para conter o endividamento excessivo.
Apesar das expectativas do mercado, o PBoC manteve inalterada sua linha de crédito de médio prazo (MLF) no último domingo, sinalizando que não haveria alterações nas taxas de juros naquele momento. Contudo, a especulação de um corte assimétrico na LPR surgiu após um jornal associado ao PBoC sugerir que taxas mais baixas poderiam ser implementadas pelas instituições financeiras para apoiar a economia.