O Bradesco BBI rebaixou a recomendação para ações da Taesa de neutro para venda, pois vê que a transmissora está sendo negociada a uma taxa interna retorno (TIR) real implícita de 4,6% (100 pontos-base abaixo da NTN-B), o que o banco avalia como caro, apesar de ser uma companhia bem administrada.
A equipe de research do BBI comenta que aproximadamente 2/3 da receita da Taesa (BOV:TAEE11) serão afetados pela desaceleração do índice de inflação IGP-M no ajuste anual de meados de 2024. Além disso, dado o forte investimento, seu índice de alavancagem financeira (Dívida líquida/Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) provavelmente aumentará e atingirá o pico superior a 4,0 vezes até o final de 2025. “Se a empresa quiser continuar crescendo isso poderia colocar os dividendos em risco, mesmo que temporariamente”, ressaltam analistas.
Na visão do BBI, o risco/retorno da Isa Cteep (BOV:TRPL4) parece um pouco mais equilibrado, negociando a uma TIR real de 5,5% (em linha com a NTN-B), portanto, manteve classificação neutra, pelo menos por enquanto.
Por outro lado, o banco destaca que dois eventos de curto prazo podem pesar negativamente sobre a ação: (i) a decisão pendente da ANEEL sobre a redução dos ativos não depreciados a receber do RBSE (o cenário base do BBI é a redução de R$ 8,5 bilhões do RBSE total, em linha com Nota técnica ANEEL 85); e (ii) a venda de parcela relevante das ações da Cteep pela Eletrobras, que detém 35,7% das ações em circulação (ou R$ 6,3 bilhões).
Embora tenha mantido a classificação neutra, a Alupar (BOV:ALUP11) é a ação preferida do BBI em bases relativas, negociada a uma TIR de 8,3% (270 pontos-base acima da NTN-B), com os últimos projetos anunciados fora do Brasil reforçando sua disciplina de capital. Após revisar suas estimativas, o banco elevou o preço-alvo para R$ 33 por ação, implicando um aumento de 13%. Ao contabilizar os projetos em desenvolvimento, analistas estimam que o Ebitda da Alupar aumentará 37% nos próximos três anos (um belo CAGR de 11%).
Com relação aos JCP, mecanismo que reduz a alíquota efetiva de uma empresa ao permitir a dedução do pagamento de juros sobre o capital próprio de seu lucro tributável, o BBI avalia que representa 9% do valor justo da TAEE11 (R$ 3 por unit) e 12% da Cteep (R$ 3 por ação). Notavelmente, comentários recentes do governo indicam que um movimento futuro para eliminar ou limitar os JCP não está totalmente descartado, embora o banco acredite que será uma batalha difícil reabrir o assunto, e é por isso que deixou os JCP como parte do caso base, pelo menos por enquanto.