A AgroGalaxy, uma das maiores varejistas de insumos agrícolas do país, encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido ajustado de R$ 107,9 milhões, 42,2% menor que em igual intervalo do ano anterior. Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou 20,1%, para R$ 281,7 milhões, e a receita líquida da companhia caiu 29,2%, para R$ 2,413 bilhões.
Segundo Axel Labourt, ex-COO que assumiu o cargo de CEO da AgroGalaxy no dia 1º de março, a piora dos resultados ainda é reflexo da “virada radical” marcada por fortes quedas dos preços dos insumos, já a partir do fim de 2022, e das cotações dos grãos nos mercados internacional e doméstico, sobretudo desde meados do ano passado. O processo de ajustes a essa conjuntura continua, mas as perspectivas melhoraram.
“Alguns defensivos tiveram queda de 60%, 70%, enquanto os fertilizantes caíram 50%. Isso em meio a um custo de capital elevado e aos problemas climáticos provocados pelo El Niño, que gerou veranicos e estiagem em algumas regiões no segundo semestre”, lembrou o executivo. Antes do barateamento dos insumos, os estoques estavam elevados, acumulados a preços mais elevados, e a normalização do fluxo ainda está em andamento.
“Simplificamos nossa gestão, concentramos o foco em margens e numa melhor dispersão de preços, passamos a fazer nossa gestão de despesas com maior ‘espírito de austeridade’ e buscamos maior eficiência no capital de giro”, disse Labourt. A expectativa do CEO é que esses esforços se reflitam em sua totalidade nos resultados da empresa em 2024. “Mas já estamos colhendo os frutos dessa estratégia”, afirmou.
Os estoques caíram pela metade em 2023, categorias de produtos com maior margem bruta, como especialidades e bioinsumos, ganharam espaço no mix de vendas e a receita das vendas de insumos por loja cresceu. “Há uma possibilidade boa de aumentarmos o faturamento em 2024”, disse Eron Martins, CFO e diretor de relações com investidores da companhia. “Esperamos uma conjuntura mais favorável sobretudo a partir do segundo semestre, a depender do clima e da queda dos juros”, afirmou.
No front financeiro, a AgroGalaxy alongou dívidas e recebeu uma injeção de capital de sua controladora, a gestora Aqua Capital, e recentemente obteve a dispensa formal de instituições financeiras e credores de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) ao cumprimento, no exercício 2023, do índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) contratualmente estabelecido nos instrumentos que regulam as operações.
O covenant de alavancagem definido previa uma relação abaixo de 3 vezes em 31 de dezembro, mas, de fato, a empresa fechou o ano com 3,9 vezes. Com o waiver, evitou o vencimento antecipado de dívidas.
Em 2023 como um todo, a AgroGalaxy registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 334,5 milhões, ante lucro líquido ajustado de R$ 53,9 milhões em 2022. Na comparação anual, o Ebitda ajustado diminuiu 51,4%, para R$ 342,2 milhões, e a receita líquida foi 18,9% menor (R$ 9,399 bilhões). “O faturamento foi menor que o esperado, mas os produtores estão comprando da mão para a boca”, observou Martins.
Os resultados da Agrogalaxy (BOV:AGXY3) referente suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 26/03/2024.