Até o fim de abril, a fusão entre 3R Petroleum e PetroReconcavo deve sair do papel, apurou o jornal Valor Econômico.
Segundo fontes do veículo, o fechamento da transação depende de um acordo sobre a relação de troca dos papéis das duas companhias. A proposta da 3R (BOV:RRRP3) é de que sua participação acionária na nova empresa resultante da fusão seja de 50% – a outra metade ficaria com a PetroReconcavo.
“O mercado meio que converge para a ideia de que a PetroReconcavo (BOV:RECV3) deveria ter participação maior [na futura companhia], admite a fonte do Valor, sob condição de anonimato, para depois acrescentar que “a 3R tem o terminal e a refinaria”.
A 3R Operações Marítimas atua no Terminal Aquaviário de Guamaré, no Rio Grande do Norte, situado a 170 quilômetros de distância de Natal. A petroleira possui ainda a Refinaria Clara Camarão, em Guamaré (RN).
Já a PetroReconcavo não tem operações de “midstream” (processamento de petróleo) nem de “downstream” (logística de venda de derivados). Em relatório referente aos resultados do quarto trimestre de 2023, a PetroReconcavo reconhece que “problemas de escoamento e restrição da produção no Rio Grande do Norte, resultaram em um impacto negativo no trimestre de aproximadamente R$ 128 milhões na receita líquida e R$ 43 milhões de custos extraordinários”.
A restrição a que se refere a petroleira teve a ver com a indisponibilidade da infraestrutura de “midstream” operada por terceiros.
A fusão foi proposta pela Maha Energy, que detém participação acionária em ambas as empresas. A Maha, por sua vez, é listada na bolsa de valores de Estocolmo e controlada pela firma de investimentos brasileira Starboard Partners.
“Na largada, vamos sugerir uma governança compartilhada para a nova empresa”, conta uma segunda fonte a par das negociações. A ideia por detrás da transação é juntar os campos terrestres da 3R e da PetroReconcavo numa só operação, tirando proveito do fato de as duas atuarem na Bahia e no Rio Grande do Norte. A empresa resultante ficaria com a maior parte – US$ 1,5 bilhão – da dívida bruta da 3R.
“É esperado que haja uma consolidação desse mercado no médio e longo prazo. Muitos dos ativos adquiridos da Petrobras estão localizados numa mesma bacia, são geograficamente próximos e há sinergias entre eles. O que é o caso de ativos da 3R Petroleum e PetroReconcavo”, diz Amanda Bandeira, analista para o segmento de produção e exploração de óleo e gás na América Latina da consultoria Wood Mackenzie.
Na visão de Bandeira, as duas empresas podem se beneficiar da redução de custos operacionais e do compartilhamento de infraestrutura, além de eficiências de gerenciamento de portfólios, em caso de consolidação.