A SLC Agrícola fechou o último trimestre de 2023 no vermelho. A companhia encerrou o período com um prejuízo líquido de R$ 152,9 milhões, revertendo um lucro de R$ 132,4 milhões apresentado no mesmo período do ano anterior.
A receita líquida da companhia no quarto trimestre recuou 1,4%, para R$ 1,91 bilhão, em comparação ao mesmo período de 2022. Já o Ebitda cresceu 3,9%, na mesma comparação, e chegou a R$ 673,37 milhões.
No acumulado de 12 meses, o lucro líquido acabou recuando quase 30%, para R$ 937,9 milhões, influenciado pelo resultado do último trimestre. A receita de 2023 cai 1,9%, para R$ 7,23 bilhões, enquanto o Ebitda caiu 13,1%, para R$ 2,7 bilhões, com margem de 37,5%.
O principal motivo para o prejuízo trimestral foi a remarcação dos ativos biológicos. O valor justo ficou negativo em R$ 72,7 milhões, ante um desempenho positivo de R$ 376,1 milhões no quarto trimestre de 2022.
A remarcação reflete a queda dos preços dos grãos, em especial o da soja, e também a queda de produtividade das lavouras da safra 2023/24. Segundo Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola, a colheita das variedades precoces da companhia tiveram prejuízo, por conta da estiagem que atingiu o Estado de Mato Grosso.
“A queda dos preços e da produtividade nos levou a remarcar o valor dos ativos biológicos no quarto trimestre. Porém, consideramos que o resultado anual foi bom, com uma margem Ebitda de 37,5%”, disse Pavinato, ao IM Business.
Com a estiagem em Mato Grosso, a SLC decidiu ajustar a estratégia e elevar a área de algodão na primeira safra, que será superior ao segundo plantio. No total, a companhia irá semear 189 mil hectares de algodão.
“Temos uma expectativa para alta produtividade no algodão. Também começamos a ver uma recuperação dos preços da pluma, o que nos leva a crer que as margens serão positivas novamente”, disse Pavinato.
Para a soja que está sendo colhida, as margens tendem a ser menores. Já para a segunda da safra de milho, a expectativa do executivo é que a produtividade fique dentro da normalidade, porém, as margens devem recuar, dada a queda dos preços do cereal.
Os resultados da SLC Agrícola (BOV:SLCE3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 06/03/2024.
Teleconferência
A SLC Agrícola plantou na safra 2023/24 cerca de 651,7 mil hectares. A área representou um recuo de 3,4% em relação aos 674,3 mil hectares semeados na temprada anterior. Mas, agora, a expectativa da companhia é que as oportunidades para arrendar novas áreas e expandir os negócios sejam maiores do que no ano passado.
A razão para a virada é a atual conjuntura do mercado de grãos. Tudo indica que muitos arrendamentos contratados, especialmente em Mato Grosso, serão devolvidos e disponibilizados no mercado por causa da quebra da safra de soja no Estado e pela desvalorização dos grãos no cenário internacional.
Se confirmadas a tese e as oportunidades, a SLC voltará a crescer via arrendamento. Na safra 2023/24, a companhia reduziu em 4% o plantio em áreas de terceiros. Os contratos de arrendamento totalizaram nesse período 222,54 mil hectares.
“Em 2024 teremos mais oportunidades de expansão do que tivemos em 2023. Nossa alavancagem baixa nos dá uma vantagem para momentos como esse”, disse Aurélio Pavinato, CEO da companhia, em conferência com analistas e investidores nesta quinta-feira
Atualmente, um em cada 2,6 hectares plantados pela SLC está em Mato Grosso. O Estado reúne 38% das áreas de companhia, seguido por Bahia e Maranhão, com 23% e 22%, respectivamente. Aumentar o cultivo exatamente em Mato Grosso poderia representar uma concentração ainda maior e, consequentemente, maior exposição aos riscos climáticos.
“Nosso foco sempre foi o Cerrado. Nossa motivação para crescer em outras regiões talvez seja maior, mas vai depender das oportunidades que surgirem”, disse Pavinato.