O que acontece quando dois dos maiores nomes da moda brasileira resolvem se fundir? Para o Itaú BBA, a resposta é: alto upside, de até 40%. Em relatório, o banco defende que há potencial significativo de desbloqueio de valor a partir de sinergias, previstas pela união de Arezzo e Grupo Soma.
Conforme o BBA, as ações são avaliadas com relação de preço sobre lucro de 11,3 vezes para 2025. No mais, tem classificação de outperform (desempenho acima da média, similar à compra) para os dois nomes.
No caso, de Arezzo, o preço alvo considerado é de R$ 74,00 para fim de 2024 e para Soma a estimativa fica em R$ 9,00, o que significava, no momento de divulgação do relatório, uma valorização de 37% e 40%, respectivamente.
Logo após as 12h, do pregão desta sexta-feira (12), os papéis da Arezzo (BOV:ARZZ3) recuavam 0,57%, cotados a R$ 53,64, enquanto Soma (BOV:SOMA3) caiam 1,39%, a R$ 6,35.
Nesta sexta, as ações ligadas ao setor de consumo, como um todo, sofrem com o clima global de aversão ao risco.
Preocupações após anúncio
Os papéis das companhias caíram 14% (Arezzo) e 17% (Soma) desde o anúncio da operação. Para o BBA, três fatores podem ter impulsionado a desvalorização dos papéis:
- A complexidade da integração de fusão e aquisição presente, em especial considerando o histórico do setor varejista;
- Dúvidas sobre o potencial de venda cruzada entre as marcas e;
- Momento de ganhos negativos no 1T24 para o setor.
Na análise, os pontos são refutados um a um. Para o banco, a complexidade da operação não será tão presente, considerando que há estrutura de negócios descentralizada desde já.
O risco de canibalização considerado pelos investidores poderia existir mas seria compensado pelo grande upside com a expansão de venda de calçados e bolsas nas marcas do Grupo Soma.
Pela tendência global, há espaço para expansão na venda desse tipo de artigo em companhias brasileiras, uma vez que, no cenário doméstico, as vendas estão em dígitos únicos altos. Lá fora, companhias já observam presença de vendas totais de bolsas e sapatos na casa de dois dígitos.
Além disso, ainda que o primeiro trimestre do ano se apresente, de fato, ainda em fase de recuperação, a expectativa para o 2T24 é mais positiva. O banco entende que no período será demonstrada “melhora sequencial”.
Gatilhos para a nova empresa
A rápida aprovação pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode acelerar notícias sobre o potencial de venda cruzada, já no segundo trimestre de 2024. Esse já seria um gatilho positivo e precoce, na visão do BBA.
“Além disso, a incorporação da Soma pela Arezzo posicionará a Nova Empresa como um dos nomes mais líquidos e de alta qualidade em nossa cobertura de varejo, o que provavelmente atrairá novos compradores marginais para a história (particularmente investidores internacionais) e poderia acelerar a reclassificação da ação”, apontam os analistas.
O banco, por fim, tem uma visão otimista sobre a fusão e considera que o cenário mais positivo poderia garantir a adição de R$ 81 milhões à estimativa ajustada de resultado líquido de R$ 892 milhões para 2025.
Entre os gatilhos para os papéis, estão também as possíveis sinergias fiscais e a melhora na dinâmica de vendas de franquias. Há expectativa também de melhoria na lucratividade e aceleração de outras marcas de vestuário masculino, como a Foxton.