Mais de 12 petroleiras, incluindo Petrobras, Exxon e Shell, manifestaram interesse em comprar uma participação de 40% na principal descoberta de petróleo offshore da Galp Energia na Namibia, disseram fontes próximas ao processo de venda. A Petrobras não quis comentar o processo de licitação, mas afirmou que estava “avaliando oportunidades para expandir as reservas de petróleo, inclusive no offshore da África”. As informação foram divulgadas pela agência “Reuters”.
O BTG Pactual disse que embora qualquer investimento exploratório possa levar um tempo considerável para produzir resultados, aponta que os empreendimentos anteriores da Petrobras no exterior estão abaixo da média e aumentaram o ceticismo do mercado.
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“Não há visibilidade sobre a estrutura de um investimento potencial da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) nos ativos da Galp, e provavelmente poderia haver mais parceiros. No entanto, com base num cálculo aproximado e assumindo que a empresa teria uma participação de apenas 1 bilhão de boe na Galp Mopane, a Petrobras pode acrescentar US$ 12 bilhões em valor com base em nosso múltiplo-alvo para o segmento de E&P da estatal”, calculam os analistas.
Para o BTG, a principal ressalva de um investimento como este é o potencial impacto na capacidade da empresa de pagar dividendos, uma vez que a disposição de investir para ganhos de longo prazo parecem limitadas neste momento.
O BTG avalia que as reservas IP da Petrobras estão atualmente em 10,9 boe, o que implica um Índice de Vida Reserva (RLI, na sigla em inglês) de 12 anos. Além disso, destaca a expectativa de que no início da próxima década, a empresa entre em uma tendência de produção decrescente.
“Dados os riscos e a natureza de longo prazo dos desenvolvimentos dos campos de petróleo e gás, é crucial que a empresa invista em novas fronteiras como Margem Equatorial, Bacia de Pelotas e outras possibilidades. A nova CEO da companhia, Magda Chambriard, também enfatizou isso e, de acordo com especialistas do setor, as estruturas geológicas na costa oeste de África são semelhantes às encontradas no Atlântico brasileiro”, opinam os analistas do BTG.
O BTG calcula ROA médio da Petrobras nos últimos 5 anos em 9%, enquanto o segmento de E&P apresentou retornos de 16% durante o mesmo período e afirma que isso demonstra a alta expertise da empresa, mas também do segmento como principal impulsionador de sua geração de valor.
“Embora elogiemos movimentos que garantam a sustentabilidade do crescimento da Petrobras no segmento deo lembramos que nossa perspectiva otimista sobre a empresa permanece intimamente ligada à nossa confiança nos resultados de curto prazo e a crença de que a assimetria para a geração de fluxo de caixa livre para o acionista está inclinada para cima no horizonte 2024-26. Deixando de lado o ruído político, não vimos nenhuma mudança significativa em relação aos principais
fundamentos desde que o novo governo tomou posse e os riscos parecem estar precificados”, finalizam.