O segundo trimestre de 2024 foi positivo para as principais companhias do setor frigoríficos. Além disso, para JBS, Marfrig e BRF, também há boas perspectivas tanto por operações de vendas quanto por boa saúde financeira para enfrentar ciclos mais extremos. A dependência de alguns fatores externos, como o ciclo do frango para a BRF, motiva analistas a manterem cautela em alguns casos, ainda que os números apontem para tendências mais positivas para o setor.
BRF
A BRF (BOV:BRFS3) se destacou na temporada com melhores volumes e margens internacionais em melhora contínua, segundo o Bank of America (BofA). As estimativas foram revisadas considerando os dados do segundo trimestre e há expectativa de que as margens sigam elevadas.
De acordo com a análise, o ciclo de expansão da margem de produtores tende a levar de 2 a 3 trimestres. Uma vez atingindo o pico, as margens tendem a se manter em níveis máximos por 4 a 5 trimestres.
“As margens da BRF estão em alta há três trimestres consecutivos e podem estar atingindo o pico, assumindo que começarão a contrair no 2º semestre de 2025. No entanto, a baixa taxa de eclosão levantou questões sobre se o ciclo pode se manter positivo por mais tempo”, comenta o BofA.
O banco trabalha com dois cenários. No otimista, as margens de longo prazo seguiriam acima da média histórica. Para tanto, os preços do frango em dólar se manteriam estáveis ou em alta na comparação anual em 2025/26. Nesse cenário, a projeção seria de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em R$ 10,6 bilhões em 2025 e R$ 8,6 bilhões em 2026. A estimativa supera em 24% e 15%, respectivamente, o cenário base.
Na perspectiva mais pessimista, o banco estima queda de 10% nos preços de exportação de frango em dólar em 2025/26. Isso causaria Ebitda 19% e 7% abaixo do cenário base para 2025 e 2026, respectivamente. Pela possibilidade de variação decorrente da duração do ciclo do frango, o BofA sustenta cautela com o nome e considera que ainda faltam elementos para um cenário mais otimista. Em oposição à JBS, por exemplo, o nome também não ofereceria prêmio de avaliação justificado.
JBS
A visão de analistas para a JBS (BOV:JBSS3) se cristalizou como positiva após fortes números apresentados no 2T24. Para o BofA, a revisão de estimativas garantiu elevação do preço-alvo de R$ 40 por ação para R$ 45 por ação. As margens do frango devem seguir robustas, na visão dos analistas, nos próximos 6 a 12 meses, assim como o cenário para carne suína.
A projeção é de Ebitda ajustado em R$ 32 bilhões, em comparação com os R$ 28 bilhões estimados anteriormente e o consenso de R$ 29,5 bilhões. A tese para o nome se baseia, principalmente, no fato de a companhia se apresentar melhor posicionada para enfrentar ciclos negativos (como o de carne atualmente nos EUA, assim como observado em 2014). O BofA estima que a diversificação de receita da companhia somada à alavancagem atual em patamares mais saudáveis (cerca de 2,5 vezes contra 3,5 em 2015) são capazes de oferecer uma companhia mais resiliente. Além disso, a diversificação deve ajudar a sustentar os resultados sólidos em diferentes ciclos de proteínas.
A visão da XP é otimista também para o nome e projeta melhores resultados no terceiro trimestre ainda dos que os apresentados no 2T24. O BBA considerou que os resultados da companhia foram o destaque do setor e superou a previsão Ebitda em quase 20%. A análise reforça que a alocação de capital é uma das grandes questões envolvendo o frigorífico e empresas de alimentos processados nos EUA podem ser potenciais aquisições. Além disso, está no radar dos investidores o processo de listagem nos EUA.
Marfrig
Após o balanço, o BofA elevou o preço-alvo e manteve a recomendação de compra para Marfrig (BOV:MRFG3). A confiança na desalavancagem da companhia deve desbloquear valor para ações, de acordo com a análise. A companhia está ainda em processo de aprovação da operação junto à Minerva. A transação prevê a compra de ativos da Marfrig na Argentina, Brasil e Chile.
Para o research da XP, a Marfrig registrou um trimestre sólido, superando as expectativas, impulsionado por resultados melhores do que o previsto na National Beef, que aumentou sua vantagem em relação aos concorrentes. Devido aos dados positivos, como o Ebitda, o crescimento da margem Ebitda na operação dos EUA e a redução da alavancagem após o fechamento do negócio, a perspectiva é de otimismo para a XP.