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Por que as ações da Americanas apresentam tanta volatilidade após o agrupamento?

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A Americanas mirou em um recomeço com o grupamento de ações, realizado no dia 26 de agosto. Na data, os papéis da companhia passaram a ser negociados na proporção de 100 para 1. Na teoria, isso traria maior estabilidade e as ações deixariam de oscilar tanto quanto nas últimas semanas, quando chegaram a atingir mínima histórica de R$ 0,05.

Com o grupamento, o valor de face dos ativos passou a ser maior (de R$ 0,05 no pregão pré-grupamento para R$ 5 no pós essa operação), fazendo teoricamente com que movimentações de centavos não levassem mais a grandes variações percentuais nos ativos. Na prática, no entanto, os papéis seguiram tendo fortes altas ou baixas a cada sessão.

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No pregão pós-grupamento, no dia 27, o papel teve forte salto de 40%, passando de R$ 5 para R$ 7. Nesta quarta, os papéis subiam cerca de 4%, a R$ 6,70, na reta final do pregão, se recuperando de queda de 7,73% na véspera. Antes disso, na segunda, a alta foi de 20,97%. A alta mensal supera os 15%, ainda que, em 12 meses, os papéis recuem mais de 90%.

Ainda que a companhia tenha anunciado a contratação de consultoria para venda de ativos da AME Digital, a informação explica apenas em parte o movimento dos papéis dos últimos dias. Mas, se o término do serviços não explica, diretamente, a oscilação, o que está acontecendo?

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o perfil do investidor da Americanas (BOV:AMER3) mudou. “Se, antigamente, havia grandes investidores de fundos falando que se interessavam pelo papel, hoje se escuta falar mais de Americanas em debates entre investidores que fazem trades mais curtos, que acabam utilizando a ação de forma especulativa mesmo”, afirma.

A visão do estrategista é que, por se tratar de um papel ainda com preço muito baixo e com variações justamente muito grandes pela sua volatilidade, é possível que investidores tentem ter ganhos intensos em poucos dias. Esse tipo de operação traria ganhos relevantes em tempo mais curto. Essa característica dificilmente seria alterada com o grupamento, explica Cruz.

Para que os investimentos voltassem a ser realizado de olho nos fundamentos, a companhia precisaria começar a demonstrar algum crescimento. “Para, realmente, a Americanas mudar isso, ela precisaria começar a mostrar que depois que mudaram a direção da companhia, estão conseguindo se reerguer, algo que vai ser muito difícil ainda”, afirma.

Enrico Cozzolino, head de Análise na Levante, considera que, após o grupamento, o cenário mudou um pouco. Não no sentido de fundamento, resultado ou “mancha de governança” da companhia, em suas palavras. Mas sim, é possível perceber que as posições vendidas a descoberto, por exemplo, diminuíram após a operação.

Cozzolino considera que o movimento, agora, é de olhar para o papel com um valor de mercado bem menos que o anterior e ponderar sobre incertezas inerentes ao momento atual da varejista. Cabe ao investidor atual decidir se acredita nos resultados e no trabalho que a companhia terá que fazer por alguns anos em busca de recuperação de imagem, em sua visão.

Queda das posições “short“

A redução de papéis da companhia vendidos a descoberto caiu drasticamente em 5 de agosto, conforme demonstra estudo realizado por Julia Aquino, analista quantitativa do Research da XP. De acordo com os dados fornecidos, a queda no percentual foi de mais de 30%, partido de 36,55% de ações “shorteadas” em 2 de agosto para 2,30% na segunda-feira seguinte. De acordo com a analista, a redução expressiva tem relação com aumento do “free float” (ações de companhia disponíveis para livre negociação).

A vantagem apresentada pelo grupamento, no entendimento do head de análise, foi justamente melhorar o fluxo. A companhia atualmente não integra Ibovespa nem demais índices desde a recuperação judicial. Ainda assim, o grupamento poderia garantir a permanência da companhia em negociação na própria B3, que veda a negociação de companhias com papéis abaixo de R$ 1 por mais de 30 pregões seguidos.

Informações Infomoney

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