A Casas Bahia surpreendeu positivamente ao anunciar a antecipação da conversão da 2ª série de debêntures em ações ordinárias, antes do prazo inicialmente previsto para outubro deste ano. A medida integra o plano de reestruturação de capital da companhia e, caso fosse realizada hoje, resultaria na emissão de cerca de 329 milhões de novas ações — o que representaria uma diluição aproximada de 78% do capital atual, segundo estimativas da Genial Investimentos.
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Apesar de já previsto em relatório recente, o movimento foi considerado positivo e surpreendente pela Genial, devido à sua antecipação. A corretora já havia apontado que a conversão poderia contribuir para a reprecificação do risco de crédito e para o alívio da estrutura de capital da Casas Bahia (BOV:BHIA3), ao reduzir substancialmente a dívida líquida da companhia.
Ainda assim, a Genial destaca três grandes diferenças relevantes em relação ao cenário traçado anteriormente:
(i) Os bancos credores — Bradesco e Banco do Brasil — não se tornarão controladores após a conversão, uma vez que as duas instituições financeiras irão vender os papéis para outro player financeiro (de identidade ainda não revelada), que se tornará o maior acionista da Casas Bahia.
(ii) A tese de follow-on para diluição futura dos bancos perde força, já que a conversão foi feita de forma mais pulverizada, o que torna a redução de despesas financeiras um pouco mais lenta do que o projetado no cenário anterior. A corretora reforça, no entanto, que a conversão era, em sua visão, o caminho mais racional e vantajoso para os credores, e que a aceleração desse evento sinaliza maior comprometimento com o plano de transformação da companhia.
(iii) Houve extensão da carência de juros e do principal para novembro de 2027 (anteriormente prevista para novembro de 2026), o que proporciona maior flexibilidade à empresa para pavimentar o caminho rumo à geração de caixa nos próximos dois anos.
(iv) Foi concedida uma dispensa temporária da cláusula de cash sweep, o que desobriga a companhia de utilizar receitas extraordinárias — como eventuais captações via follow-on ou venda de ativos — para amortizar a dívida por até 12 meses, criando uma janela estratégica de maior flexibilidade financeira.
Com isso, a companhia pode parar de registrar prejuízos contábeis (atingir o chamado ponto de equilíbrio) já em 2027 e começar a gerar caixa livre a partir de 2028. Nesse cenário otimista projetado pela corretora, a ação poderia subir até R$ 7,50, uma valorização de 84% em relação ao preço atual.
Casas Bahia: Anos de prejuízos
A Casas Bahia enfrenta um momento crítico após anos de perdas e dificuldades financeiras, mas analistas da Genial Investimentos apontam uma possibilidade pouco considerada para a recuperação da empresa. Eles realizaram uma “simulação do caos” usando o modelo de Monte Carlo, que avalia mais de 10 mil caminhos possíveis para as ações da companhia, com foco na cláusula de conversão da 2ª série da 10ª debênture, um mecanismo que pode transformar parte da dívida em papéis na Bolsa.
A cláusula que a conversão ocorrerá a 80% da média dos preços da ação nos 90 dias anteriores, dentro da janela contratual. Para os credores, especialmente Bradesco e Banco do Brasil, que também têm exposição via antecipação de recebíveis, essa conversão serve como proteção patrimonial, evitando perdas maiores caso a empresa não consiga honrar suas dívidas.
Se a troca da dívida por ações acontecer, a alavancagem da empresa pode cair para menos de 1,0 vez até o fim de 2026, o que permitiria sair do prejuízo em 2027 e começar a gerar caixa em 2028.
A operação, porém, não está isenta de consequências para os atuais acionistas. A Genial diz que a diluição prevista pode chegar a 82%, o que ameaça a influência da família Klein, que detém cerca de 22% das ações e não participou da emissão das debêntures. Esse redesenho acionário, segundo os analistas, pode abrir caminho para uma oferta subsequente de ações, movimentação que fortaleceria o caixa da empresa e permitiria aos acionistas antigos recompor parte da posição perdida.
Reestruturação
A situação da Casas Bahia vem se deteriorando desde 2021, quando ações trabalhistas explodiram e provocaram o primeiro sinal de desgaste. Em seguida, vieram o aperto no capital de giro, juros altos e queda no consumo, fatores que levaram a prejuízos consecutivos. Em 2023, a companhia buscou uma recuperação extrajudicial para renegociar parte das dívidas, ganhando fôlego para ajustar margens e controlar estoques, mas a confiança do mercado permanece frágil.
Em entrevista ao InfoMoney em abril, o CEO, Renato Franklin, afirmou que a reestruturação da companhia estava “quase na metade”, em uma transformação que se desenrolaria até o final deste ano.
“Nossa estratégia foi trazer disciplina de alocação de capital. Olhando onde a gente ganha dinheiro e avaliando as vantagens competitivas da companhia, resolvemos focar naquilo que a gente sabe fazer: vender móveis, eletrodomésticos, celular, televisão”, disse Franklin. “É aí que somos líderes de mercado, temos escala e sabemos ganhar dinheiro.” (assista à entrevista completa no topo da matéria).
Diante do cenário de conversão da dívida, no entanto, a Genial foi uma casa que elevou a recomendação para as ações BHIA3 de venda para manutenção, com preço-alvo fixado em R$ 4.
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