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Os dados fiscais do Reino Unido mostraram uma queda na necessidade de financiamento líquido e um aumento na dívida do setor público, enquanto o discurso de Andrew Bailey (BoE) manteve o foco na trajetória futura dos juros.
Londres, terça-feira (21/10) — Os investidores acompanharam nesta manhã a divulgação de dois indicadores fiscais importantes do Reino Unido: a dívida líquida do setor público, que subiu para £20,20 bilhões, e a necessidade de financiamento líquido do setor público, que apresentou um resultado melhor do que o esperado, com déficit de £10,862 bilhões, revertendo a projeção de alta.
O conjunto dos dados indicou pressões contínuas sobre as contas públicas britânicas, mas também sugeriu uma melhora marginal na gestão do caixa governamental, o que ajudou o índice FTSE 100 (LSE:UKX) a encerrar o pregão em alta de 0,3%, aos 9.426,99 pontos, acompanhado por ganhos moderados no FTSE 250 (+0,2%) e no FTSE TechMARK (+0,5%).
A divulgação ocorreu às 03h00 (horário de Londres) e foi seguida, às 07h30, pelo pronunciamento do governador do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, no Comitê de Regulação dos Serviços Financeiros da Câmara dos Lordes. O discurso teve tom de cautela, reforçando que as taxas de juros devem permanecer elevadas por mais tempo para garantir a convergência da inflação à meta de 2%.
O resultado da dívida líquida do setor público ficou ligeiramente abaixo das expectativas de £20,70 bilhões, o que indica avanço mais moderado no endividamento britânico. Em comparação com o mesmo período do ano anterior (£18,00 bilhões), houve aumento, refletindo custos fiscais mais altos com benefícios sociais e juros da dívida.
Já a necessidade de financiamento líquido surpreendeu positivamente, ao registrar redução de 10,862 bilhões de libras, revertendo a projeção de aumento. O dado sinaliza melhoria no fluxo de caixa governamental, impulsionado por maior arrecadação tributária e controle de gastos, fatores que ajudaram a conter o pessimismo entre investidores.
Durante a manhã, o discurso de Bailey foi interpretado como neutro a levemente hawkish, uma vez que o dirigente reforçou a importância de monitorar pressões salariais persistentes e evitar cortes prematuros nos juros. O posicionamento manteve as expectativas de estabilidade na próxima reunião do BoE, mas com viés restritivo até o segundo trimestre de 2026.
No mercado de câmbio, a libra esterlina (FX:GBPUSD) recuava 0,37%, cotada a US$ 1,3366, pressionada pela percepção de fiscal mais apertado e juros estáveis. Frente ao euro, a paridade EURGBP (FX:EURGBP) operava em leve queda de 0,09%, a 0,8678, enquanto frente ao iene, o GBPJPY (FX:GBPJPY) avançava 0,47%, a 203,03.
Entre os demais pares cambiais, destaque para o fortalecimento da libra frente ao dólar australiano (FX:GBPAUD) e ao franco suíço (FX:GBPCHF), enquanto perdeu terreno ante o dólar canadense (FX:GBPCAD) e o dólar de Hong Kong (FX:GBPHKD)**. A leitura geral indica volatilidade controlada, típica de um cenário fiscalmente misto, sem mudança significativa nas apostas de juros.
A melhora nos indicadores fiscais e o tom comedido do BoE sustentaram os ganhos moderados da bolsa de valores de Londres, refletindo otimismo seletivo entre investidores institucionais e estrangeiros. O movimento foi liderado por ações do setor financeiro e de energia, enquanto companhias de tecnologia e consumo mostraram desempenho estável.
Analistas reforçam que o mercado britânico segue sensível às revisões de crescimento e política fiscal, e que novos dados de inflação e emprego devem definir a direção do FTSE 100 nas próximas semanas.
O conjunto de resultados reforça a leitura de resiliência moderada da economia britânica, com uma política monetária ainda restritiva, mas apoiada em sinais de ajuste fiscal gradual.
Os investidores seguem atentos às próximas publicações do Office for National Statistics (ONS) e às comunicações do BoE, que podem redefinir expectativas sobre o início do ciclo de cortes de juros.
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