Juros futuros fecham em leve baixa com alívio nos Treasuries e cautela fiscal no Brasil

Curva de juros tem leve inclinação negativa nesta terça-feira (21/10), com os vértices curtos e longos registrando pequenas quedas. Movimento reflete o alívio nos Treasuries americanos e a cautela do mercado com a agenda fiscal doméstica.

Os juros futuros encerraram o pregão desta terça-feira em leve queda, acompanhando o movimento dos rendimentos dos Treasuries dos Estados Unidos, que voltaram a recuar no mercado internacional. No Brasil, o tom de cautela fiscal e política limitou maiores ajustes na curva de juros, que manteve viés de baixa em praticamente todos os vértices.

O cenário reflete um ambiente de volatilidade controlada, com investidores ajustando posições antes da divulgação de novos dados de inflação nos EUA e do relatório de produção e vendas da Vale (BOV:VALE3), que sai após o fechamento.

📊 Destaques do dia na curva de juros

Entre os principais vértices da curva de juros, o destaque foi a queda moderada dos contratos intermediários. Os contratos com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27) recuaram 0,21%, encerrando o dia com taxa de 13,92% ao ano, enquanto os contratos de janeiro de 2028 (BMF:DI1F28) cederam 0,11%, a 13,25%.

Na ponta curta, o DI de janeiro de 2026 (BMF:DI1F26) variou apenas -0,01%, fechando em 14,89%, sinalizando estabilidade e refletindo a falta de gatilhos domésticos no curto prazo. Já no longo prazo, os contratos de janeiro de 2034 (BMF:DI1F34) apresentaram a maior queda da sessão, de 0,26%, terminando em 13,65%.

💰 Vértices mais negociados do dia

Os contratos de curto e médio prazo, como DI1F26, DI1F27 e DI1F28, concentraram os maiores volumes do dia, com destaque para o DI1F27, que movimentou 387.606 contratos. Esses vencimentos continuam sendo os mais líquidos do DI Futuro, usados por investidores para proteger ou especular sobre a trajetória da taxa Selic no horizonte de até dois anos.

📈 Longo prazo: sensibilidade fiscal e política

Na parte longa da curva, os vértices com vencimentos entre 2029 e 2035 mostraram leve viés de baixa, refletindo o alívio externo com a queda dos Treasuries e a cautela com o quadro fiscal doméstico. O DI1F29 fechou a 13,20% (-0,15%), enquanto o DI1F35 (BMF:DI1F35) encerrou a 13,66% (-0,15%), com volume negociado acima de 11 mil contratos.

Esses prazos mais longos seguem sendo os mais sensíveis ao risco fiscal e à percepção de credibilidade da política econômica. O mercado ainda reage ao arquivamento da medida provisória que ajudaria a recompor receitas do Orçamento, o que aumentou a incerteza sobre o equilíbrio das contas públicas em 2026.

🌎 Cenário externo influencia curva doméstica

O movimento de queda dos juros futuros também foi sustentado pelo recuo dos rendimentos dos Treasuries de 10 anos, que caíram para 3,96% nesta terça-feira. O alívio nas taxas americanas veio após declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed), sinalizando apoio a um possível corte de 25 pontos-base na taxa básica americana já em outubro.

Esse ambiente global mais favorável reduz a pressão sobre as taxas locais e reforça o apetite por ativos de maior risco, como títulos públicos e ações. No entanto, o mercado brasileiro ainda opera sob cautela diante das incertezas fiscais e da expectativa de uma postura conservadora do Banco Central até o próximo ano.

📊 Análise técnica e expectativas

De acordo com analistas da ADVFN, o DI1F29 (BMF:DI1F29) mantém viés baixista, com suporte técnico próximo de 12,98%, enquanto o DI1F31 (BMF:DI1F31) encontra resistência na faixa de 13,50%. O comportamento técnico reflete a consolidação da curva em níveis elevados, mas com tendência de leve correção caso o cenário internacional permaneça favorável.

Para os próximos dias, o foco deve recair sobre as declarações de membros do BCE, BoE e Fed, além da divulgação de indicadores fiscais no Brasil, que podem alterar a precificação dos juros futuros ao longo da semana.

🔗 Acompanhe em tempo real

Os investidores podem acompanhar o desempenho completo da curva de juros, os principais vencimentos do DI Futuro e as taxas atualizadas em tempo real na página da ADVFN: https://br.advfn.com/futuros/juros