A confiança internacional na economia brasileira voltou a oscilar em meio a desafios fiscais e políticos que afetam a percepção de risco do país. Em julho, diante da ameaça de um novo tarifaço, investidores estrangeiros retiraram R$6 bilhões da bolsa de valores brasileira, segundo dados oficiais da B3. O movimento reforça como fatores internos influenciam as decisões de alocação de capital externo e compõem o chamado risco-país.
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Esse risco é mensurado por indicadores como o EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) e o CDS (Credit Default Swap), ambos calculados pelo JP Morgan. O EMBI+ compara os juros pagos pelos títulos da dívida de países emergentes com os do Tesouro norte-americano, enquanto o CDS funciona como um seguro contra calote — quanto maior o custo, maior a percepção de risco. Esses índices servem de referência para bancos, fundos e agências de classificação de risco avaliarem a credibilidade de uma economia.
Segundo o advogado tributarista e especialista em investimentos internacionais Adriano Murta, o risco-país é um dos principais termômetros da confiança global na economia brasileira. “O indicador reflete a probabilidade de uma nação não honrar seus compromissos financeiros externos, seja por dificuldades fiscais, turbulências políticas ou falta de previsibilidade regulatória. Quanto maior o indicador, maior o custo de financiar a dívida e menor o apetite de investidores estrangeiros por aplicar recursos no país”.
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Uma análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que o risco do Brasil subiu de cerca de 140 pontos em 2023 para 160 pontos em 2024, segundo a Carta de Conjuntura nº 65. Apesar de boas reservas internacionais e uma posição externa sólida, o estudo aponta que a confiança dos investidores ainda reage às incertezas fiscais e políticas.
Para Murta, essa oscilação é típica de economias emergentes. “Os indicadores mostram que há uma melhoria pontual na percepção de risco, mas isso não elimina a volatilidade estrutural do Brasil. Nos Estados Unidos, as regras são mais previsíveis, os contratos têm mais garantia judicial e a estabilidade regulatória é maior. Esses são fatores que reduzem o risco para quem busca segurança”, explica.
Mesmo assim, há sinais pontuais de melhora. De acordo com o JP Morgan, o Credit Default Swap do Brasil atingiu 145 pontos em julho de 2025, o menor patamar do ano, indicando uma leve recuperação na percepção de segurança do mercado em relação ao país.
Murta ressalta que o conceito de risco-país vai além das métricas financeiras. Ele reflete o quanto um ambiente econômico oferece previsibilidade, segurança jurídica e estabilidade institucional. “Ao considerar custos, impostos, desvalorização cambial e eventual instabilidade política, aquilo que parece um retorno menor pode se tornar mais vantajoso a longo prazo quando você minimiza surpresas”, afirma.
Para o especialista, a diversificação internacional é essencial para reduzir riscos. “Combinar parte dos investimentos em economia local com ativos externos permite mitigar os riscos específicos de cada país. É uma estratégia que não elimina volatilidade, mas reduz bastante a exposição e protege o patrimônio”, conclui.
No cenário atual, o leve recuo do CDS indica que a percepção internacional sobre o Brasil melhorou marginalmente, mas o país ainda precisa enfrentar seus desafios fiscais e políticos para sustentar essa tendência. No contexto global de aversão ao risco, o comportamento do risco-país segue sendo um termômetro sensível para a atratividade dos ativos brasileiros, como o Ibovespa (BOV:IBOV) e a paridade Dólar Americano e Real Brasileiro (FX:USDBRL).
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