
Entre os dias 25 e 31 de outubro de 2025, os mercados globais foram movimentados por uma série de decisões de política monetária e indicadores econômicos relevantes. O destaque da semana foi o corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica dos Estados Unidos, decisão do Federal Reserve (Fed) que reduziu o intervalo dos Fed Funds para 3,75% a 4,00%. Apesar do movimento amplamente antecipado, o discurso cauteloso do presidente Jerome Powell esfriou o otimismo, reforçando a dependência do banco central em relação aos dados futuros de inflação e emprego.
Nos EUA, os dados econômicos reforçaram o cenário de desaceleração moderada. O Índice de Confiança do Consumidor CB subiu a 94,6 pontos, acima da projeção de 93,4, indicando resiliência do consumo. Já o PIB do terceiro trimestre manteve o crescimento estimado em 3,9%, de acordo com o GDPNow do Fed de Atlanta. No mercado imobiliário, o índice S&P/CS de preços de imóveis apontou avanço de 0,2% em agosto, revertendo quedas anteriores. Esses números sustentaram parte do apetite por risco, mas os rendimentos dos Treasuries voltaram a subir após o discurso de Powell, que alertou para a necessidade de observar o comportamento da inflação antes de novos cortes — fator que limitou a valorização das bolsas e manteve o dólar firme frente a moedas emergentes.
No Brasil, o Ibovespa atingiu recordes históricos, impulsionado pelos balanços corporativos positivos e pelo apetite externo por risco. A Vale (BOV:VALE3) registrou lucro líquido de US$ 2,68 bilhões no 3º trimestre, superando projeções, enquanto a Ambev (BOV:ABEV3) também apresentou resultados acima do esperado. Por outro lado, a Marcopolo (BOV:POMO4) decepcionou o mercado, e a Petrobras (BOV:PETR4) caiu acompanhando o recuo do petróleo. No campo macroeconômico, o IGP-M de outubro recuou 0,36%, refletindo alívio inflacionário, e a taxa de desemprego manteve-se em 5,6%, dentro das expectativas. O Boletim Focus indicou leve ajuste para baixo nas projeções de inflação e PIB, enquanto o mercado de juros futuros ajustou as apostas para uma política monetária mais suave nos EUA, o que tende a favorecer ativos de risco brasileiros.
Os títulos públicos no Brasil refletiram esse ambiente. As taxas das NTN-F e NTN-B caíram levemente, acompanhando a melhora do humor externo e a expectativa de que o Banco Central possa acelerar o ritmo de cortes da Selic nas próximas reuniões. O câmbio também reagiu positivamente: o dólar encerrou a semana abaixo de R$ 5,50, influenciado pelo ingresso de capital estrangeiro e pela percepção de estabilidade fiscal, mesmo após o aumento da dívida bruta para 78,1% do PIB.
Na Europa, o foco foi a decisão do Banco Central Europeu (BCE), que manteve a taxa básica em 2,15%, como esperado. Em coletiva, Christine Lagarde reafirmou o compromisso em manter a política restritiva até que a inflação mostre sinais mais consistentes de convergência à meta. O IPC da Zona do Euro subiu 0,2% em outubro, e o núcleo da inflação atingiu 2,4%, ligeiramente acima das previsões. Entre os dados nacionais, o PIB da Alemanha ficou estável no trimestre, com alta anual de 0,3%, e o da França surpreendeu positivamente, avançando 0,5% no trimestre, impulsionado pelo consumo doméstico. Esses resultados sustentaram os índices acionários europeus, mas mantiveram os títulos soberanos sob pressão, com rendimentos de 10 anos na Alemanha em torno de 2,62%, refletindo a postura prudente do BCE.
O mercado britânico mostrou melhora no consumo: o Índice BRC de Preços no Varejo desacelerou para 1,0%, enquanto o licenciamento de veículos saltou 277% no mês, após forte queda anterior — sinais de retomada da demanda. A libra esterlina registrou leve valorização, e os gilts (títulos do Reino Unido) subiram, acompanhando o movimento global de recomposição de curvas.
Na Ásia, o destaque ficou por conta da manutenção da taxa de juros pelo Banco do Japão (BoJ) em 0,50%, apesar da inflação de Tóquio ter acelerado para 2,8% em outubro, acima da meta de 2%. O banco central japonês reforçou que o controle da curva de juros continuará ativo, o que manteve o iene pressionado e os rendimentos dos JGBs de 2 anos próximos de 0,93%. A produção industrial japonesa avançou 2,2% em setembro, revertendo a queda de 1,5% em agosto, enquanto o consumo interno apresentou leve recuperação.
Na China, os números de lucros industriais cresceram 3,2% no acumulado do ano, acima dos 0,9% anteriores, e o PMI industrial voltou a cair para 49,0 pontos, sinalizando contração da atividade. Apesar disso, os investimentos estrangeiros diretos caíram 10,4%, evidenciando cautela dos investidores internacionais. Esses dados aumentaram as expectativas de novos estímulos fiscais e monetários por parte do governo chinês, o que sustentou as bolsas de Xangai e Hong Kong.
Na Austrália, a inflação do terceiro trimestre surpreendeu ao subir 1,3% no trimestre e 3,2% no ano, acima do esperado. O resultado reforçou a percepção de que o RBA (Banco Central da Austrália) poderá adiar cortes de juros. O dólar australiano reagiu em alta e o mercado de renda fixa local precificou maior prêmio nos títulos de longo prazo.
Globalmente, o mercado de petróleo encerrou a semana em baixa, devolvendo parte dos ganhos anteriores, pressionado pela produção recorde dos EUA e por dados mistos sobre a demanda. O Bitcoin (BTC) teve seu primeiro “Outubro Vermelho” desde 2018, encerrando o mês com queda, em meio à aversão a risco e à alta dos rendimentos dos títulos americanos.
No geral, a semana foi marcada por um ambiente de reprecificação das expectativas monetárias. O corte do Fed trouxe alívio momentâneo, mas a retórica cautelosa das autoridades monetárias nos EUA, Europa e Japão reforçou o cenário de transição econômica global, com mercados ajustando-se a um novo equilíbrio entre crescimento e inflação.
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🇺🇸 Estados Unidos
Dados mistos indicam desaceleração gradual da economia dos EUA com consumo ainda firme. Fed deve pausar cortes até novo sinal de enfraquecimento inflacionário.
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O Federal Reserve cortou a taxa básica em 0,25 p.p., levando o intervalo dos Fed Funds para 3,75%–4,00%, em linha com as expectativas do mercado.
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O PIB do 3º trimestre avançou 3,9%, igual à projeção e repetindo a estimativa anterior, sinalizando desaceleração moderada da economia.
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O Índice de Confiança do Consumidor (CB) subiu para 94,6 pontos, superando a expectativa de 93,4 e o dado anterior de 93,2 — mostrando resiliência do consumo.
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O Índice S&P/CS de preços de imóveis cresceu 0,2% em agosto, acima da projeção de +0,1%, revertendo queda anterior de -0,3%.
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Os pedidos iniciais de seguro-desemprego ficaram em 212 mil, levemente abaixo da projeção (214 mil) e próximos do dado anterior (210 mil), reforçando a força do mercado de trabalho.
🇧🇷 Brasil
No Brasil, inflação controlada e estabilidade no emprego reforçam cenário de continuidade nos cortes da Selic até o fim do ano.
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O IGP-M de outubro recuou 0,36%, uma deflação acima da esperada (-0,32%) e bem inferior ao dado anterior (+0,20%), refletindo queda em commodities e energia.
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A taxa de desemprego manteve-se em 5,6%, dentro da projeção (5,7%) e igual ao número anterior, sinalizando estabilidade no mercado de trabalho.
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A dívida bruta do governo geral subiu para 78,1% do PIB, levemente acima da projeção (77,8%) e do dado anterior (77,7%).
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O Boletim Focus mostrou revisão para baixo na Selic esperada para o fim de 2025, de 9,25% para 9,00%, refletindo melhora nas projeções fiscais e inflacionárias.
🇪🇺 Zona do Euro
Na Europa, a inflação persiste e BCE deve manter juros altos por período prolongado, mesmo com crescimento fraco.
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O BCE manteve a taxa básica em 2,15%, conforme esperado, mantendo o discurso restritivo diante da inflação ainda alta.
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O IPC preliminar de outubro avançou 0,2% no mês e 2,9% no ano, em linha com as previsões (+0,2% / +2,8%), mas com núcleo em 2,4%, ligeiramente acima do consenso.
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O PIB do 3º trimestre cresceu 0,3% na comparação anual, superando a projeção de 0,2%, sustentado pelo desempenho da França e da Itália, enquanto a Alemanha ficou estável.
🇬🇧 Reino Unido
A economia britânica dá sinais de recuperação no consumo, mas inflação de serviços ainda limita cortes de juros pelo Banco da Inglaterra.
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O Índice BRC de Preços no Varejo avançou 1,0% em base anual, ligeiramente abaixo da projeção (1,1%) e desacelerando frente ao dado anterior (1,5%).
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O licenciamento de veículos novos disparou 277% em setembro, acima da estimativa (+250%) e revertendo forte queda anterior de -15,8%.
🇯🇵 Japão
A indústria japonesa mostra recuperação, mas inflação persistente pressiona o BoJ a discutir ajustes graduais.
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O Banco do Japão (BoJ) manteve a taxa de juros em 0,50%, conforme esperado, reiterando política monetária ultrafrouxa.
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A inflação de Tóquio (outubro) subiu 2,8%, superando a projeção (2,6%) e o dado anterior (2,6%), ficando acima da meta de 2%.
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A produção industrial de setembro cresceu 2,2%, superando a projeção (+1,5%) e revertendo a queda anterior de -1,5%.
🇨🇳 China
A recuperação nos lucros industriais chineses contrasta com enfraquecimento do PMI do país. O mercado espera novos pacotes de estímulo em novembro.
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Os lucros industriais acumulados no ano subiram 3,2%, bem acima da projeção (+2,0%) e do dado anterior (+0,9%), impulsionados por estímulos e melhora nas exportações.
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O PMI industrial oficial caiu para 49,0 pontos, abaixo das expectativas (49,5) e do resultado anterior (50,1), indicando leve contração na atividade.
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O Investimento Estrangeiro Direto (YTD) recuou 10,4%, pior que a projeção (-8,0%) e o número anterior (-9,8%).
🇦🇺 Austrália
O resultado acima do esperado da inflação australiana adia perspectivas de corte de juros pelo Banco Central da Austrália (RBA).
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A inflação do 3º trimestre subiu 1,3% no trimestre e 3,2% no acumulado anual, superando as projeções (+1,1% / +3,0%) e os dados anteriores (+0,8% / +3,1%).
🌍 Panorama global
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O corte do Fed trouxe alívio momentâneo para o mercado financeiro globoal, mas discursos cautelosos de autoridades monetárias mantêm os mercados em compasso de espera.
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O Ibovespa atingiu novo recorde, impulsionado pelos balanços corporativos.
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O euro e o iene se mantêm pressionados, enquanto o dólar ganha força frente às moedas emergentes.
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O petróleo encerrou a semana em baixa e o Bitcoin registrou seu primeiro “Outubro Vermelho” desde 2018.
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