
Responsável por aproximadamente 10% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, o setor de transporte ocupa posição estratégica no cumprimento das metas climáticas do país e no avanço rumo à neutralidade de carbono até 2050. O elevado consumo de energia do segmento torna a eletrificação uma alternativa central, especialmente em um contexto de matriz energética brasileira majoritariamente renovável e limpa.
Além do impacto ambiental, a transformação da frota traz efeitos econômicos relevantes. A transição completa pode adicionar cerca de 300 bilhões de reais à economia e gerar mais de 500 mil empregos até 2050, segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Dentro desse cenário, o Banco Mundial aprovou na segunda-feira (22/12) a primeira fase de um programa que prevê investimento de US$ 500 milhões para acelerar a eletrificação do transporte público brasileiro.
Na etapa inicial, o programa concentrará esforços no financiamento da substituição de ônibus a diesel por aproximadamente 540 ônibus elétricos, além da implantação da infraestrutura necessária. O pacote inclui estações de recarga, modernização de garagens e melhorias na rede de distribuição de energia.
A execução ficará a cargo da Caixa Econômica Federal, que atuará como intermediária financeira ao oferecer linhas de crédito específicas para municípios e operadores de transporte público. A expectativa é beneficiar diretamente cerca de 1,3 milhão de moradores que vivem próximos a corredores de transporte público, além de aproximadamente 280 mil usuários e motoristas regulares.
Os ganhos vão além da redução de emissões. A adoção de ônibus elétricos contribui para a diminuição do ruído urbano e da poluição do ar, com reflexos diretos na saúde pública e na qualidade de vida nos centros urbanos. Para Jean Rodrigues Benevides, vice-presidente em exercício da Caixa, é um passo relevante no processo de modernização do setor.
“A iniciativa assegura investimentos, assistência técnica e inovação para acelerar a transição energética e alinhar o país às metas climáticas nacionais”, destacou em nota.
Um setor em plena expansão
O avanço ocorre em um momento de crescimento acelerado da eletrificação no Brasil. O país superou recentemente a marca de mil ônibus elétricos em circulação. Embora ainda abaixo de países como Chile, com 2,6 mil unidades, e Colômbia, com 1,7 mil, o ritmo de expansão tem sido expressivo.
Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que foram emplacadas 306 unidades no primeiro semestre de 2025, um aumento de 141% em relação ao mesmo período de 2024. São Paulo lidera esse movimento, com 841 ônibus elétricos em operação, o equivalente a 6,3% da frota municipal. A meta da capital paulista é alcançar 20% dos 13,3 mil ônibus até o fim de 2028.
A indústria acompanha essa demanda crescente. A BYD anunciou recentemente a construção de uma nova fábrica de grande porte no Brasil para produção de chassis de ônibus elétricos, com expectativa de elevar a produção de cerca de 600 unidades acumuladas na última década para até 7 mil chassis por ano nos próximos três anos.
O programa também contempla a geração de empregos ao longo de toda a cadeia produtiva, incluindo fabricação, operação, manutenção e serviços especializados. A Caixa disponibilizará linhas de crédito dedicadas para aquisição de frotas elétricas e da infraestrutura associada, além de estudar o desenvolvimento de um mercado de créditos de carbono vinculado aos projetos, o que pode ampliar a sustentabilidade financeira das operações.
Plano Clima prevê aumento das emissões do transporte
Apesar dos avanços, o transporte segue como um dos maiores desafios climáticos do Brasil. O Plano Clima, recentemente aprovado, estabelece a meta de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050 e reduzir entre 59% e 67% das emissões até 2035, em comparação com 2005, conforme a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).
Embora mais de 70% das emissões nacionais estejam concentradas no uso da terra e na agropecuária, o setor de transportes enfrenta entraves estruturais, principalmente a elevada dependência do modal rodoviário. Essa característica limita ganhos de eficiência energética e torna o transporte um dos poucos segmentos com projeção de aumento das emissões até 2030.
Do ponto de vista do mercado financeiro, a iniciativa sinaliza oportunidades de médio e longo prazo para empresas ligadas à mobilidade elétrica, infraestrutura urbana e financiamento sustentável. Mesmo sem uma cotação específica anexada, o programa reforça a relevância do tema ESG no ambiente de investimentos e tende a influenciar decisões estratégicas de investidores atentos à transição energética no Brasil.
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