Petróleo recua com expectativa de corte de juros e novas incertezas sobre oferta mundial

Os preços do petróleo bruto recuavam na manhã de segunda-feira, revertendo para queda após atingir o nível mais alto em duas semanas, com as expectativas de um corte na taxa de juros pelo Fed reforçando as esperanças de uma atividade econômica mais forte e maior demanda por energia. Ao mesmo tempo, os mercados continuaram acompanhando os desdobramentos geopolíticos que poderiam interromper o fornecimento da Rússia e da Venezuela.

Às 07h24 (horário de Brasília), os contratos futuros do Brent para fevereiro caíram 0,74%, ou -US$ 0,47, para US$ 63,28 por barril, enquanto os contratos futuros do West Texas Intermediate (WTI) para janeiro perderam 0,80%, ou -US$ 0,48, para US$ 59,60 por barril.

Os dados da LSEG mostram que os mercados estão atualmente precificando uma probabilidade de 84% de um corte de 0,25 ponto percentual quando o Fed concluir sua reunião na terça e quarta-feira. Ainda assim, comentários de membros do Federal Reserve sugerem que o encontro poderá ser um dos mais controversos dos últimos anos, aumentando a atenção sobre o grau de união — ou divisão — entre os formuladores de políticas em relação às perspectivas para a inflação e o crescimento.

Na Europa, os esforços diplomáticos para garantir um acordo de paz na Ucrânia têm obtido poucos resultados. Persistem divergências cruciais sobre as garantias de segurança de Kiev e o estatuto dos territórios ocupados pela Rússia. Entretanto, Washington e Moscou permanecem, segundo relatos, muito distantes em relação à estrutura de paz proposta pelo governo do presidente americano Donald Trump.

Os analistas do ANZ observaram a ampla gama de resultados possíveis, escrevendo: “Os vários resultados potenciais da mais recente tentativa de Trump de encerrar a guerra podem desencadear uma oscilação na oferta de petróleo de mais de 2 milhões de barris por dia.”

Vivek Dhar, analista do Commonwealth Bank of Australia, destacou os riscos contrastantes que influenciam os preços do petróleo bruto. Ele afirmou que um cessar-fogo representa o risco de queda mais significativo, enquanto danos adicionais à rede elétrica da Rússia levariam os preços na direção oposta.

Dhar acrescentou: “Acreditamos que as preocupações com o excesso de oferta acabarão por se concretizar, especialmente à medida que o fluxo de petróleo russo e de produtos refinados contornar as sanções existentes, levando os contratos futuros a caminharem gradualmente para US$ 60/barril até 2026.”

Ao mesmo tempo, a Reuters informou que o G7 e a União Europeia estão discutindo a substituição do atual teto de preço do petróleo russo por uma proibição total dos serviços marítimos — uma medida que provavelmente imporia pressão adicional sobre o fornecimento de um dos maiores produtores mundiais.

Os Estados Unidos também intensificaram a vigilância sobre a Venezuela, incluindo a realização de ataques a embarcações acusadas de contrabando de drogas ilícitas do país membro da OPEP e levantando a possibilidade de uma intervenção militar com o objetivo de depor o presidente Nicolás Maduro.

Entretanto, refinarias independentes chinesas aceleraram suas compras de petróleo bruto iraniano, alvo de sanções, retirando barris de estoques em terra com a ajuda de cotas de importação recentemente concedidas, segundo analistas e fontes do setor. Essa atividade ajudou a aliviar o excesso de oferta no mercado.

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