Vale sofre com novo risco de rompimento de barragem; corretoras analisam impactos na empresa
17 Maio 2019 - 10:10AM
ADVFN News
O Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) fez uma
recomendação à mineradora Vale (BOV:VALE3) para
que a empresa adote “imediatamente” uma série de medidas para
deixar claro à população de Barão de Cocais (MG) sobre os riscos de
rompimento da barragem de mineração Sul Superior, da Mina de Gongo
Soco. De acordo com a Vale, o rompimento poderá ocorrer entre 19 e
25 de maio.
A Vale informou que fará simulado de evacuação com os moradores
de Barão de Cocais no próximo sábado, 18 de maio, às 15 horas. A
mina está inativa e esgotada desde 2016.
Mina inativa e menor risco de mortes
Para a Bradesco Corretora, o risco maior é de danos materiais e
ambientais, já que a empresa já tomou as providências para evitar
novas mortes como em Brumadinho. E, como a mina está inativa, o
anúncio não deve afetar a produção da empresa, lembram os analistas
do Bradesco. Para eles, os efeitos de Brumadinho ainda pesam sobre
as ações da Vale.
O reconhecimento de R$ 4,3 bilhões de perdas no balanço do
primeiro trimestre foi um passo positivo e pode melhorar a
confiança dos investidores. A ação da Vale é a principal indicação
da corretora na área para a América Latina, com preço justo de R$
66,00. Ontem, o papel sofreu com a notícia e com o mercado em geral
e caiu 3,32%, para R$ 46,40.
Também para o BB Investimentos, é difícil antecipar quais os
efeitos desse evento. No caso de um colapso, a lama cairia em uma
cava de 1,5 quilômetro. Entretanto, dependendo de seu estado de
liquefação, esta lama poderia avançar em maior ou menor velocidade
a um raio maior ou menor de distância. O banco destaca que a área
chamada de Zona de AutoSalvamento (ZAS) compreende um raio de 10
quilômetros, o que daria um tempo de 30 minutos para a saída das
pessoas. E como as pessoas já foram removidas da área, o risco
humano poderia ser minimizado. O BB Investimentos tem recomendação
de compra para o papel e preço-alvo de R$ 62,00.
A informação sobre o risco de rompimento foi obtida pelo MPMG
junto à própria minerador que descreveu em documento “uma
deformação no talude norte da Cava de Gongo Soco, na Mina de Gongo
Soco, em Barão de Cocais, passível de provocar a sua ruptura,
gerando vibração capaz de ocasionar a liquefação da Barragem Sul
Superior, levando ao rompimento da estrutura e, por conseguinte,
danos sociais e humanos imensuráveis para a região”.
Segundo nota do MPMG, divulgada nesta quinta-feira (16), a Vale
deve comunicar “por meio de carros de som, jornais e rádios,
informações claras, completas e verídicas” sobre a condição
estrutural da barragem. O Ministério Público quer que moradores e
pessoas que estejam transitoriamente na cidade, no sudeste de Minas
Gerais, saibam dos “potenciais danos e impactos de eventual
rompimento”.
A recomendação assinala que a empresa deve fornecer “total apoio
logístico, psicológico, médico, bem como insumos, alimentação,
medicação, transporte e tudo que for necessário” às pessoas
eventualmente atingidas.
A Vale também deverá manter posto de atendimento 24 horas nas
proximidades dos centros das cidades de Barão de Cocais, Santa
Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. Os postos deverão “contar com
equipe multidisciplinar preparada para acolhimento, atendimento e
atuação rápida e pronta a serviço dos cidadãos”.
Em comunicado, a Vale ressalta que “não há elementos técnicos
até o momento para se afirmar que o eventual escorregamento do
talude Norte da Cava da Mina Gongo Soco desencadeará gatilho para a
ruptura da Barragem Sul Superior”.
Em 8 de fevereiro, a Vale acionou nível de alerta 2 para a
Barragem Sul Superior e “desde então […] vem mantendo interlocução
com as comunidades, prefeituras, defesas civis, empresas e demais
órgãos competentes da região”.
Naquela data, diz a Vale, cerca de 400 pessoas da Zona de
Autossalvamento (ZAS) da barragem – comunidades de Piteiras,
Socorro, Tabuleiro e Vila do Gongo “haviam sido removidas
preventivamente e foram acolhidas em moradias provisórias”,
alugadas pela empresas, hotéis, pousadas da região e casa de
familiares.
Em 23 de maio, o nível de alerta passou de 2 para 3, com o
acionamento das sirenes no município. Dois dias depois, moradores
do município chegaram a simular fuga da área que pode ser
atingida.
Com informações da Agência Brasil.
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