Vale iniciará testes com caminhões autônomos na mina de Carajás
24 Outubro 2019 - 3:26PM
ADVFN News
A Vale (BOV:VALE3) iniciará em novembro a
fase de testes para a implantação de grandes caminhões que irão
funcionar sem a presença de operadores nas cabines, na importante
mina de Carajás, no Pará, disseram à Reuters dois executivos da
mineradora.
A companhia colocará em funcionamento dois caminhões autônomos
em uma área isolada da mina, no próximo mês. Os veículos, com 16,2
metros cumprimento, 7,4 metros de altura e 8,7 metros de largura,
são capazes de transportar 320 toneladas de carga.
Ao final do primeiro semestre de 2020, a expectativa é iniciar a
operação definitiva, elevando gradualmente o número de veículos até
chegar a 37 unidades em 2024.
Em entrevista por telefone, o líder do programa de mina autônoma
da Vale, Eugênio Lysei, explicou que o objetivo do projeto é
aumentar a segurança das operações, além de gerar benefícios
ambientais e ganhos de competitividade, com redução de custos com
equipamentos, manutenção e combustíveis.
Os caminhões autônomos irão conviver ao lado de caminhões
convencionais na região de Carajás, onde está o maior complexo de
minério de ferro da Vale, que conta atualmente com uma frota de
cerca de 120 unidades que trabalham diariamente.
“Nós teremos uma frota mista”, disse Lysei.
“O caminhão autônomo só faz sentido em determinada geometria da
mina. Então pode ser que… em algumas cavas, tenha uma geometria que
permita só a operação convencional.”
Na operação autônoma, os caminhões são controlados por sistemas
de computador, GPS, radares e inteligência artificial e monitorados
por operadores em salas de comando a quilômetros de distância das
operações, o que segundo o executivo traz mais segurança para a
atividade.
Com a tecnologia, a operação do caminhão torna-se mais precisa,
com economia de combustível e menor volume de emissões de CO2 e
particulados. Há redução ainda da geração de resíduos como pneus e
lubrificantes.
Na linha de buscar uma produção mais sustentável e mais
eficiente, na mina S11D –a mais recente a entrar em operação no
Complexo de Carajás– a Vale não utiliza caminhões, devido à adoção
de um sistema chamado “truckless”, um conjunto de estruturas
composto por escavadeiras e britadores móveis interligados por
correias transportadoras.
INVESTIMENTOS E CAPACITAÇÃO
Lysei pontuou que o projeto dos caminhões autônomos, que
envolveu cinco anos de pesquisas até agora, contará com
investimentos de 69 milhões de dólares até 2024. Além disso, virá
aliado a um plano de desenvolvimento e capacitação dos
profissionais.
“O programa prevê zero de desligamento de pessoas, ao contrário,
prevê 100% do aproveitamento de pessoas em funções novas,
compatíveis com essas novas tecnologias”, disse Lysei.
Como resultado, a Vale prevê conseguir um aumento da vida útil
de equipamentos de cerca de 15%. Estima ainda que o consumo de
combustível e os custos de manutenção sejam reduzidos em 10% e que
haja aumento da velocidade média dos caminhões.
Apesar de estimar um ganho de produtividade por tonelada
transportada com os caminhões autônomos, não estão previstas
mudanças na capacidade de produção da mina em função do uso do novo
equipamento, disse o líder de Transformação Digital no Corredor
Norte da Vale, Luciano Cajado.
Ele explicou que há diversos fatores que devem ser levados em
consideração no contexto de produção da mina, como geologia e ciclo
de vida da mina, além de decisões comerciais.
A iniciativa em Carajás vem após a companhia ter obtido sucesso
ao operar apenas com caminhões autônomos na mina de Brucutu,
principal produtora de minério de ferro da mineradora em Minas
Gerais, com um total de 13 unidades.
A implantação da operação autônoma em Carajás, segundo a Vale,
vem aliada a um plano de desenvolvimento de pessoas, que inclui a
criação de um centro de treinamento na cidade de Parauapebas pela
empresa fornecedora, a japonesa Komatsu.
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