IRB Brasil negocia adquirir carteiras de concorrentes no Brasil e no exterior
21 Maio 2020 - 4:52PM
ADVFN News
O IRB Brasil (BOV:IRBR3) está em negociações
avançadas para comprar carteiras de resseguros no Brasil e na
América Latina, à medida que rivais estrangeiras reduzem operações
na região, disseram à Reuters duas fontes próximas à empresa.
Com a crise econômica deflagrada pela Covid-19, algumas
resseguradoras globais têm mostrado interesse em sair total ou
parcialmente da América Latina para se concentrar nas regiões de
suas matrizes, Estados Unidos e Europa, abrindo espaço para
consolidação, disseram as fontes, sem revelar nomes das
empresas.
“A crise está acelerando movimentos no setor”, disse uma das
fontes. “E o IRB está negociando a compra de carteiras e fazendo
alianças com mais seguradoras”, acrescentou a outra fonte, ambas
pedindo anonimato, porque o assunto não é público.
Embora haja cerca de uma centena de resseguradoras autorizadas a
operarem no Brasil, esse mercado é bastante concentrado no país,
com o IRB detendo cerca de 40%. Junto com Munich, Swiss Re e Chubb,
o grupo tem mais da metade do mercado. O restante é distribuído
entre marcas domésticas e internacionais, incluindo grupos de
renome, como AIG e Allianz.
Desde o ano passado, operações entre seguradoras têm sido
intensa no país, incluindo a venda das carteiras de automóveis e
ramos elementares da SulAmérica para a Allianz e a renovação
parcial da parceria da francesa CNP Assurances com a Caixa
Seguros.
O movimento ocorre enquanto a maior resseguradora do país tenta
se recuperar de uma sucessão de problemas que estilhaçaram sua
reputação e, junto com a crise, fizeram as ações desabarem cerca de
80% no acumulado do ano até agora.
Questionamentos da gestora de recursos Squadra sobre práticas
contábeis do IRB e alegações de que a administração induziu
investidores erroneamente a acreditarem que a Berkshire Hathaway
tinha comprado ações da empresa precipitaram a saída dos principais
executivos e uma ampla reformulação no conselho de administração da
companhia neste ano.
A despeito desse quadro, o IRB preservou a posição de caixa de
cerca de 4 bilhões de reais que tinha no final de 2019, incluindo
ativos líquidos, o que segundo as fontes pode ser uma oportunidade
para a empresa dar uma mostra de força.
Na semana passada, o próprio IBR informou que era alvo de
fiscalização da reguladora Susep por apresentar insuficiência na
composição dos ativos garantidores de provisões técnicas e,
consequentemente, de liquidez regulatória.
Se o IRB não conseguir convencer a Susep de que suas provisões
estão adequadas, pode ser obrigado a vender ativos, como imóveis,
para recompor suas reservas.
Segundo uma segunda fonte, a decisão de tomar a dianteira e
revelar que é alvo de investigação da Susep é parte da estratégia
de se antecipar para mostrar aumento da transparência e recuperar a
confiança do mercado.
Esse movimento deve ter novos capítulos nas próximas semanas,
antes da divulgação do resultado do primeiro trimestre, previsto
para 18 de junho, com a empresa dando um detalhamento maior sobre
aspectos que possam sensibilizar a percepção dos investidores, como
a das provisões técnicas, disseram as fontes.
Consultado pela Reuters, o IRB afirmou em nota que “avalia
permanentemente oportunidades de possíveis operações, no Brasil e
no exterior, que estejam alinhadas à sua estratégia de
negócios”.
Sobre os planos de revelar detalhes sobre questões relativas a
reservas técnicas e outras questões do balanço, a resseguradora
afirmou que “comunicará oportunamente quaisquer fatos ou decisões
relativas à companhia que sejam de interesse dos seus acionistas,
clientes e do mercado”.
IRB BRASIL ON (BOV:IRBR3)
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