A Eletrobras registrou no consolidado do exercício de 2020 um
lucro líquido de R$ 6,387 bilhões, 43% inferior aos R$ 11,133
bilhões obtidos no ano anterior. A companhia salienta que o lucro
de 2019, é composto do resultado das operações continuadas de R$
7,848 bilhões e de R$ 3,285 bilhões referente às operações
descontinuadas (distribuição), com destaque para privatização da
distribuidora Amazonas Energia. Com isso, pelo critério de
operações continuadas, o lucro recuou 19%.
Os resultados da
Eletrobras (BOV:ELET3) (BOV:ELET5) (BOV:ELET6)
referentes suas operações do quarto trimestre de 2020 foram
divulgados no dia 19/03/2021. Confira o Press Release completo!
⇒ Confira a agenda completa da divulgação dos
resultados do 4T20 e referente ao ano de 2020. Confira a
cobertura completa de
todos os balanços referente ao ano de 2020 das empresas
negociadas na B3.
“Se considerarmos o resultados das operações continuadas, temos
uma queda menor de R$ 1,461 bilhão, explicada principalmente por
provisões e paradas de usinas não programadas, demonstrando a
robustez da companhia, em termos de geração de caixa, mesmo em um
ano marcado pela pandemia do covid-19”, escreveram os
administradores, no relatório de resultados.
A estatal também destacou que o lucro do exercício de 2020 foi
influenciado pela variação cambial decorrente da pandemia, que
gerou, no ano, uma despesa financeira de R$ 544 milhões em 2020 em
comparação à variação positiva de R$35 milhões em 2019.
A Receita Operacional Líquida caiu 2% ano contra ano, passando
de R$ 29,714 bilhões para R$ 29,081 bilhões, refletindo, de um
lado, os resultados positivos em transmissão em decorrência da
Revisão Tarifária Periódica, de outro, o resultado negativo em
geração, que foi afetado pela redução de receita na usina Candiota
III e pela extensão das paradas das usinas de Angra 1 e 2, além do
término de contratos de venda de energia no mercado regulado. Além
disso, houve o impacto, já citado das provisões para contingências,
que somaram R$ 4,188 bilhões no ano.
O Ebtida IFRS chegou a R$ 10,487 bilhões em 2020, queda de 9%,
com margem de 36%, baixa de 3 p.p.. Pelo critério recorrente, o
indicador apresentou queda de 2%, para R$ 13,978 milhões, com
margem de 47% (-1 p.p.).
Em nota á imprensa, a presidente interina e diretora Financeira
e de Relações com Investidores, Elvira Cavalcanti Presta, destacou
a “disciplina financeira” da empresa, que vem sendo alvo do
trabalho de reestruturação desenvolvido nos últimos anos, que levou
a companhia a registrar um indicador Dívida líquida/Ebitda ajustado
em 1,5 vez no encerramento do ano. “O menor desde 2016”, disse.
A Eletrobras fechou o ano de 2020 com uma dívida líquida
recorrente de R$ 20,335 bilhões, 3% menor que os R$ 21,041 bilhões
de 2019. O caixa consolidado somou R$ 14.3 bilhões.
4T20
A Eletrobras registrou um lucro líquido de R$ 1,269 bilhão no
quarto trimestre de 2020, queda de 44% na comparação com os R$
2,273 bilhões apurados no mesmo intervalo de 2019, conforme valores
reapresentados pela companhia seguindo orientação dos órgãos
reguladores.
De acordo com a estatal de energia, os resultados do trimestre
foram impactados, principalmente, pelo crescimento das receitas de
transmissão, no valor de R$ 1,427 bilhão, refletindo a aprovação da
revisão tarifaria das concessões de transmissão prorrogadas nos
termos da Lei 12.783/2013, concluída em junho do ano passado, e por
provisões para contingências no valor de R$ 3,128 bilhões, com
destaque para R$ 2,251 bilhões relativos às contingências judiciais
que discutem a correção monetária de empréstimo compulsório. A
Eletrobras também destacou o impacto do impairment realizado na
usina de Candiota 3, no valor de R$ 611 milhões, dado o prazo
previsto para encerramento do contrato por disponibilidade.
O Broadcast Energia já havia antecipado que um
grande número de anotações não recorrentes, incluindo essas
relacionadas a ajustes na transmissão e as provisões para
contingencias e impairment influenciariam significativamente o
balanço da Eletrobras, o que tornou difícil para analistas de
mercado antecipar o desempenho da estatal no período.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização) ficou negativo em R$ 299 milhões no quarto trimestre,
ante os R$ 3,239 bilhões reportados mesmo período de 2019. A margem
Ebitda caiu de 42% para -3% em um ano.
Já o Ebitda recorrente da estatal – que exclui os ajustes feitos
na receita de Candiota, bem como custos extraordinários com planos
de aposentadoria extraordinária (PAE) e demissão consensual (PDC),
despesas com investigação independente, provisões e despesas ou
receitas relacionadas a acordos judiciais, entre outros itens –
somou R$ 4,575 bilhões, alta de 46% frente o quarto trimestre do
ano anterior, com margem de 50%, 10 pontos porcentuais mais
elevada.
A receita operacional líquida somou R$ 9,013 bilhões entre os
meses de outubro e dezembro, acima dos R$ 7,706 bilhões nos mesmos
meses do ano anterior, alta de 17%, influenciada principalmente
pela receita de transmissão impulsionada pela revisão
tarifária.
O resultado financeiro ficou positivo em R$ 425 milhões, ante R$
30 milhões negativos um ano antes, influenciado principalmente pela
exposição da companhia à variação cambial.
Dividendos
O conselho de administração da Eletrobras ainda vai
submeter à Assembleia Geral Ordinária de acionistas a proposta de pagamento de dividendos no valor de
R$ 1,507 bilhão, relativos ao exercício de 2020. O valor inclui
os dividendos obrigatórios de 25% e considerarão a data base de 31
de dezembro de 2020.
Teleconferência
A estatal Eletrobras projeta um orçamento de investimentos de
cerca de R$ 8,2 bilhões para 2021, com boa parte dos recursos
voltados à retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, disse a
jornalistas nesta segunda-feira a presidente interina da companhia,
Elvira Presta.
“Um terço é para a obra de Angra 3”, disse ela, durante coletiva
com jornalistas após teleconferência de resultados.
Em 2020, a Eletrobras realizou investimentos totais de R$ 3,1
bilhões de reais, abaixo de uma previsão inicial de quase R$ 5,3
bilhões para o ano, em parte devido à postergação de aportes
associada a impactos da pandemia de coronavírus.
O ex-presidente e conselheiro da Eletrobras Wilson Ferreira
Júnior defendeu nesta segunda-feira, em conferência com
analistas, que a capitalização da companhia seja feito por meio
da Medida Provisória (MP) 1.031/2021.
“A melhor alternativa de privatização é a da MP 1.031, não é a
que o relator defende. Acredito que vamos caminhar no sentido da
proposta que foi apresentada para a criação de uma corporação,
evidentemente com as contribuições do Congresso Nacional”, comentou
o executivo, em referência a comentários feitos por Elmar
Nascimento (DEM-BA) ao texto.
O texto da MP 1.031/2021 foi entregue pelo presidente Jair
Bolsonaro aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
(PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em fevereiro.
A migração da Eletrobras para o Novo Mercado da B3 vai ser
facilitada após a capitalização da companhia, afirmou Ferreira
Júnior. “Isso é algo desejado, mas ainda não podemos fazer pois o
governo federal ficaria diluído”.
Benefício econômico
Segundo Ferreira Júnior, o benefício econômico da União com a
privatização da Eletrobras pode mudar: “O cálculo de benefício
econômico da privatização feito pelo governo não incluiu alguns
itens”, destacou.
Ele defendeu que o governo use a garantia física exata das
hidrelétricas para o cálculo do benefício econômico da privatização
da Eletrobras.
A capitalização da estatal prevê descotização das usinas, o que
levará a renovação de algumas concessões. De acordo com Ferreira
Júnior, o processo deve incluir revisões na garantia física das
plantas, que corresponde à quantidade de energia que cada usina
consegue comercializar.
Para o executivo, um dos principais itens que ainda precisam ser
levados em consideração é a indenização de valores não amortizados
da hidrelétrica de Tucuruí (PA) e preços futuros de energia.
A MP 1.031/2021 prevê a renovação antecipada da concessão da
usina de Tucuruí por 30 anos. No momento, a Eletrobras prevê um
benefício de R$ 62,25 bilhões com a sua privatização.
Novo presidente
Wilson Ferreira Júnior também disse que é possível que a
Eletrobras escolha seu novo presidente ainda nesta semana.
“O processo de sucessão está avançado, já fizemos várias
entrevistas. O presidente do conselho, Ruy [Schneider], tem
colocado pressão para avançarmos o mais rápido possível. Talvez
possamos concluir ainda esta semana”, comentou.
O processo de substituição do presidente da estatal está em
curso desde janeiro, quando Ferreira Júnior anunciou que estava
deixando a empresa. A Eletrobras contratou uma empresa independente
especializada em seleção para ajudar no processo.
VISÃO DO MERCADO
BTG Pactual
O BTG Pactual afirmou que a Eletrobras reportou resultados
positivos no quarto trimestre, mas impactados por provisões. O
lucro líquido totalizou R$ 1,269 bilhão, contra projeção de R$
2,135 bilhões do banco.
O Ebitda ficou negativo em R$ 1 bilhão, mas quando ajustado,
retirando os itens não recorrentes, teria somado R$ 3,867 bilhões,
ante a estimativa do banco de R$ 3,522 bilhões, e 45% mais alto na
comparação anual.
Os maiores responsáveis pelas perdas foram R$ 3,128 bilhões em
provisões para contingências, sendo R$ 2,251 bilhões relativos à
variação monetária de empréstimos compulsórios, mais R$ 568 milhões
de provisão para perdas com investimentos, principalmente
relacionada à perda na venda dos ativos eólicos para a Omega.
Outros R$ 505 milhões referem-se à baixa contábil da planta de
Candiota III, em função do encerramento do PPA em 2024 (ou seja,
exposição a preços spot) e R$ 515 milhões em outros custos não
recorrentes e ajustes negativos.
Segundo os analistas do BTG, o Ebitda (lucro antes de juros,
impostos, depreciações e amortizações) acima da expectativa veio,
principalmente, do segmento de transmissão, devido à revisão
tarifária periódica para o ciclo 2018-23 – que deveria ter ocorrido
em 2018, com a nova tarifa aplicável a partir de julho de 2020.
“Com isso, as receitas de transmissão aumentaram 75% ano a ano.
Por sua vez, as receitas de geração ficaram praticamente estáveis
na mesma base de comparação”, diz o relatório.
O destaque do lado negativo ficou com a Eletronorte, que viu uma
redução de R$ 320 milhões ano a ano na linha de receita devido ao
fim dos contratos ACR. A Eletronuclear foi impactada pela
paralisação e redução da garantia física de suas usinas
termelétricas, e Candiota III foi penalizada por não atender à
inflexibilidade da usina.
BTG Pactual mantém a recomendação de compra para as ações
PN do grupo, com preço-alvo de R$ 63,00.
Credit Suisse
O Credit Suisse afirmou que a Eletrobras entregou um conjunto
ajustado de números melhor do que o esperado, referente ao quarto
trimestre de 2020. Os resultados, no entanto, foram severamente
afetados por grandes contingências, como baixa contábil e
empréstimo compulsório.
A empresa anunciou pagamento de R$ 1,5 bilhão em dividendos, com
rendimento de 3,1% para ações PN e 2,9% de rendimento para os
detentores de ações ON.
A receita líquida da Eletrobras aumentou 17,6% no ano,
refletindo os ajustes anuais da receita anual permitida (RAP) e a
revisão tarifária, com maior impacto das receitas contratuais.
Também impactaram as maiores vendas de trading de energia
importada do Uruguai, a incorporação de novos ativos (Coari,
Pindaí), maiores receitas no mercado à vista, que foi parcialmente
anulado por menores receitas no mercado regulado devido ao
encerramento de contratos na Eletronorte e Furnas, e a paralisação
operacional das térmicas Candiota, Angra I e II.
O Credit Suisse manteve a recomendação neutra para as ações ON e
PN, e o preço-alvo de R$ 32,00.
Itaú BBA
O Itaú BBA apontou que o Ebitda recorrente superou suas
estimativas. Mas o banco avalia que a escolha de um novo CEO
e o processo de privatização da empresa são o foco principal dos
investidores.
Itaú BBA recomenda compra, com preço-alvo de R$ 56,00.
ELETROBRAS ON (BOV:ELET3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
ELETROBRAS ON (BOV:ELET3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024