lucro líquido da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no quarto trimestre de 2021 chegou a R$ 1,06 bilhão, 72,7% abaixo do registrado no mesmo período de 2020, diante da piora do resultado na linha financeira.

O lucro no ano passado, somou R$ 13,595 bilhões, alta de 3,16% ante os R$ 4,292 bilhões de um ano antes. No terceiro trimestre de 2021, o lucro foi de R$ 1,324 bilhões. O desempenho da CSN veio abaixo do projetado pelo consenso da Revinit, que era de um lucro líquido de R$ 1,853 bilhão.

A queda em relação ao trimestre anterior é explica no relatório de resultados em razão do menor resultado operacional que acabou por compensar as menores despesas financeiras e impostos registrados no período.

Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado atingiu R$ 34,727 bilhões entre outubro e dezembro de 2021, queda de 21% na comparação com o quarto trimestre de 2020. Em relação ao terceiro trimestre de 2021, houve queda de 13%. No ano, o Ebitda chegou a R$ 22,002 bilhões, au,mento de 91% na comparação com o mesmo período de 2020.

A receita líquida totalizou R$ 10.361 milhões no quarto trimestre, o que representa um aumento de 5,8% quando comparado com o 4T20 e um aumento de 1,1% na comparação com o 3T21.

Esse resultado é consequência da melhora do segmento siderúrgico que apresentou recuperação de volume no período, além da incorporação da Elizabeth Cimentos. A combinação desses fatores acabou por compensar a menor receita verificada no segmento de mineração que foi impactado neste trimestre por um maior volume de chuvas em outubro e paradas programadas tanto na mina quanto no porto no mês de novembro.

Em 2021, a receita líquida totalizou R$ 48 bilhões, o que representa um expressivo aumento de 59,4% na comparação com 2020. Esse foi o maior faturamento já registrado na história da Companhia e reforça o excelente momento e o ambiente favorável nos principais segmentos operados pela CSN.

As vendas de aço, em volume, recuaram 17%, com queda de 22% no mercado interno e retração de 2% no externo.

As vendas de minério caíram 11%, em volume, com queda de 15% para o mercado externo, mas aumento de 19% no mercado interno.

O custo dos produtos vendidos da mineração totalizou R$ 1.669 milhões no 4T21, o que representa queda de
11% frente ao trimestre anterior, resultado do menor volume de compra de terceiros e do menor montante de produtos
vendidos.

Conforme a CSN, esse aumento de custos foi consequência da alta de preços de algumas matérias primas como o carvão e o coque, além da menor diluição de custos fixos na mineração com a queda no volume produzido.

A margem bruta somou 36,2% no 4T21 e foi 5,8 pontos porcentuais inferior à registrada no 3T21, como resultado da combinação de menor eficiência operacional com pressão de custos verificada no período.

Por outro lado, o lucro bruto do ano atingiu R$ 22,1 bilhões, com uma margem bruta de 46,1%, o que representa um aumento de 9,7 p.p. em relação a 2020.

“Este resultado reflete o ambiente favorável de preços observado nos principais segmentos de atuação, além do aumento no volume de mercadoria vendida, resultando em maior diluição de custos fixos.”

A dívida líquida consolidada atingiu R$ 16,772 bilhões, um aumento de R$ 2,1 bilhões em relação ao exercício anterior, como consequência principalmente dos programas de recompras de ações realizado no período, além da variação cambial.

Com isso, o endividamento ficou acima do guidance esperado para o final do ano, mas com um indicador de alavancagem (medido pela relação dívida líquida/EBITDA ajustada) de apenas 0,76x, ou seja, abaixo da meta de 1x.

A exposição cambial líquida do balanço consolidado de 31/12/2021 foi negativa em US$ 149 milhões, o que representa uma retração significativa em relação ao 3T21, como consequência da redução do caixa e do menor volume das operações de hedge accounting de fluxo de caixa.

⇒ Investimentos

Foram investidos um total de R$ 965 milhões no 4T21, um patamar 21% superior aos R$ 800 milhões investidos no trimestre passado, como resultado do avanço nos projetos de aprimoramento de produtividade e modernização para melhorar o desempenho da planta UPV, com destaque para o projeto de bateria de coque, e de projetos de expansão e aquisição de frota para a mineração.

No ano de 2021, a CSN investiu um total de R$ 2.934 milhões, um patamar 73% superior ao de 2020, o que demostra os esforços e avanços nos projetos de beneficiamento e aumento de capacidade na mineração.

Os resultados da CSN (BOV:CSNA3) referente suas operações do quarto trimestre de 2021 foram divulgados no dia 09/03/2022. Confira o Press Release completo!

Teleconferência

A CSN disse que quer dobrar o tamanho da companhia nos próximos três anos, mantendo a alavancagem baixa e com crescimento de margens. “Queremos ter de 20% a 30% dos ativos fora do Brasil para ter verticalização e horizontalização da distribuição e da produção”, disse Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, na teleconferência de resultados que está sendo realizada nesta manhã.

A companhia disse que o guidance em investimentos para 2022 é de quase R$ 4 bilhões.

Segundo o executivo, os impactos negativos do quarto trimestre beneficiarão o primeiro trimestre de 2022 em termos de vendas, preços, produção, em todos os segmentos. “Vamos procurar agregar valor, qualidade, horizontalizar a produção e verticalizar o mercado com a compra de fornecedores. Vamos trabalhar de forma muito mais agressiva no mercado interno, de estar mais próxima do consumidor e trabalhar de forma organizada para crescer. E no externo, vamos buscar melhorar a nossa distribuição”, afirmou o presidente da companhia.

Segundo Steinbruch, o quarto trimestre teve impacto de queda de preço em Platts, chuvas e a companhia tomou a decisão estratégica de preservar margens, estocar produtos e ter melhores resultados em 2022.

“A companhia cresceu em faturamento e ebitda em 2021, com redução da alavancagem, atendendo ao compromisso com o mercado de atingir um nível abaixo de 1 vez dívida/ebitda, o que nos dá motivação”, disse o presidente da CSN.

A companhia destacou a redução de sua alavancagem para 0,76 vez em 2021 e que conseguiu fazer importantes movimentos operacionais, como o IPO da CSN Mineração e a expansão no segmento de cimentos.

A dívida líquida em base trimestral teve crescimento de 1,99% por questões como recomposição de ações da CSN e CSN Mineração e dívida líquida MRS, mas a meta é manter em níveis baixos. A companhia emitiu CRI da CSN Cimentos, debêntures e pretende amortizar dívidas.

No quarto trimeste, a CSN Mineração teve uma revisão de provisão que impactou o resultado do 4T21. O impacto foi de R$ 495 milhões, para um ebitda de R$ 878 milhões.

“A aquisição da Metalgráfica ajudará a empresa a aumentar sua participação em embalagens metálicas”, disse o diretor executivo Luiz Martinez. O processo está em análise no Cade.

VISÃO DO MERCADO

Ágora 

O EBITDA/tonelada da divisão siderúrgica de US$ 440/tonelada ficou 5% acima do estimado pelo BBI, mas ainda -21% no trimestre. As vendas domésticas de aço de cerca de 0,7 milhão de toneladas ficaram +5% vs BBie e +2% vs o 3T21, bem acima da queda de 18% em relação ao trimestre anterior do mercado, sugerindo que a CSN recuperou a participação de mercado perdida no terceiro trimestre. Os preços de venda no mercado interno ficaram aquém da nossa estimativa (-3% vs BBie, -11% no trimestre), enquanto os preços de exportação surpreenderam positivamente (+19% vs BBie e +15% no trimestre), possivelmente porque a CSN direcionou volumes para regiões com preços mais altos (como a América do Norte). O CPV/tonelada de aço foi 3% superior ao estimado pelo BBI.

Os resultados do minério de ferro foram mais fracos do que o esperado, devido aos preços de venda (mais uma vez devido a impactos negativos acima do esperado de mecanismos de preços provisórios e descontos), enquanto o desempenho do volume ficou em linha e os custos foram menores em relação ao projetado.

Os resultados de cimento permaneceram saudáveis (Ebitda 10% acima do previsto pelo BBI), com volume de vendas +9% no trimestre (reforçados pela aquisição da Elizabeth) e custos abaixo do esperado. Por outro lado, os preços FOB caíram 4% no trimestre (esperávamos uma queda de -2% no trimestre).

Embora provavelmente tenhamos ultrapassado os picos de lucro, continuamos esperando que a CSN gere resultados sólidos nas divisões de aço e minério de ferro, apoiados por preços saudáveis de commodities (parcialmente compensados por pressões de custo), enquanto o preço das ações da CSN já incorpora uma deterioração significativa nos fundamentos. De acordo com nossas estimativas atuais, a CSN negocia a 3,6x EV/Ebitda 22e, abaixo dos 5,0x que consideramos justo. Neste ponto, preferimos CSNA3 vs CMIN3, dado o gap de avaliação e resultados mais robustos no nível da controladora.

Ágora mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 43,00…

Ativa Investimentos

Acreditamos que os resultados mornos não irão empolgar, porém já estavam na conta do mercado, que se debruça sobre as perspectivas da companhia em 2022. Observamos, no momento, um mercado siderúrgico mais ajustado e com preços crescentes em função do crescimento do preço de insumos, como o coque, o carvão e o próprio minério de ferro, cujos preços se encontram em patamares superiores aos que projetávamos para o 1S22.

Desta forma, a companhia poderá também capitalizar o atual momento em mineração. Já em cimentos, mesmo enfrentando as dificuldades trazidas pelo aumento dos juros e da inflação, o fato de estarmos em ano de eleições poderá desencadear uma melhor performance setorial e CSN, após a absorção da Elizabeth Cimentos e conseguindo absorver a Lafarge Holcim, pode seguir ganhando market share, tal como fez no 4T21.

Com uma posição de caixa confortável, vemos uma CSN mais equilibrada para lidar com os desafios atuais e correta ao distribuir apenas o percentual mínimo de dividendos no ano além de adiar projetos não urgentes, como o IPO da divisão de cimentos.

Ativa tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 40,00…

BB Investimentos

Os resultados do 4T21 da CSN foram positivos, em nossa opinião, com desempenho misto entre os segmentos. Na siderurgia, os números surpreenderam positivamente, com elevação de volumes, receitas estáveis e margem elevada, apesar da desaceleração em relação aos trimestres anteriores.

O segmento de mineração teve um desempenho mais fraco, em parte pela baixa sazonalidade, mas também considerando o impacto negativo de fatores internos e externos à companhia, com destaque para os preços médios realizados mais baixos do que o esperado.

O segmento de cimento refletiu a contribuição da integração total da Elizabeth Cimentos, com crescimento de volume mesmo diante da diminuição do ritmo de atividade do mercado brasileiro em um período que é sazonalmente mais fraco e afetado pelas chuvas.

A empresa registrou um menor fluxo de caixa livre no período, o que contribuiu para a elevação da dívida líquida para além da meta estabelecida. A alavancagem relativa, no entanto, continuou abaixo da meta de 1,0x dívida líquida/EBITDA (em 0,76x).

Foi anunciada a proposta de dividendos de R$ 904 milhões (R$ 0,67/ação, yield de 2%1 ), a ser deliberada em AGOE. Apesar da elevada volatilidade, as ações vêm apresentando forte recuperação nas últimas semanas, principalmente após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, favorecido pelo movimento de busca de investidores por ativos de commodities no Brasil.

Continuamos com uma visão positiva do papel, pois entendemos que os fundamentos de longo prazo seguem atrativos, e o grupo se mostra preparado para capturar as oportunidades em um cenário de mercado com perspectivas mais favoráveis.

BB BI mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 46,00…

Bradesco BBI

“Embora provavelmente tenhamos ultrapassado os picos de lucro, continuamos esperando que a CSN gere resultados sólidos nas divisões de aço e minério de ferro, apoiados por preços saudáveis de commodities (parcialmente compensados por pressões de custo), enquanto o preço das ações já incorpora uma deterioração significativa nos fundamentos”, avaliam os analistas.

Bradesco BBI mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 43,00…

BTG Pactual

A CSN & CMIN reportou um conjunto de resultados decepcionante quando comparado às expectativas do mercado. No entanto, a composição dos resultados foi um pouco mista, com sua unidade de aço continuando com bom desempenho e minério de ferro abaixo das expectativas. O EBITDA da CSN foi de R$ 3,7 bilhões, 13% menor t/t e 8% abaixo dos nosso número.

O principal fator veio de resultados muito mais fracos em sua divisão de minério de ferro (CMIN 30% abaixo do nosso número), mais uma vez devido a menores realizações de preços de minério de ferro como resultado de contínuos ajustes de preços provisórios negativos (precisamos de mais clareza aqui).

Em outras frentes, a unidade siderúrgica da CSN continua apresentando uma lucratividade saudável (margens EBITDA de 33%) e conseguiu gerar algum fluxo de caixa no trimestre (em contraste, a CMIN gerou fluxo de caixa negativo). Ambas as empresas continuam com balanços sólidos (holding abaixo de 1x) e devem ser ajudadas pela melhoria dos fundamentos nos principais mercados em 2022, o que é tranquilizador.

A CMIN anunciou um dividendo de R$ 2,5 bilhões (em linha conosco; yield de ~6-7%), que coloca o índice de payout em 80% (conforme orientado), dissipando algumas das preocupações recentes dos investidores sobre a alocação de capital. Também observamos o foco contínuo da administração na execução da recompra, com a CMIN recomprando quase 100 milhões de ações em 2021, por um total de R$ 650 milhões. Portanto, no geral, esperamos uma reação negativa e acreditamos que o momento é melhor para o CSN do que para o CMIN.

Itaú BBA

Para o Itaú BBA, os resultados de mineração foram sequencialmente mais fracos por menores preços realizados e volumes de vendas menores. Já a divisão de aço apresentou um Ebitda ligeiramente mais fraco, uma vez que o aumento de 2% no trimestre em relação ao trimestre anterior foi compensado pela queda de 10% nos preços domésticos.

Itaú BBA mantém recomendaçao marketperform com preço-alvo de R$ 25,00…

Levante

A Levante também ressalta que, deixando um pouco de lado a ciclicidade do setor no curto prazo e olhando para um prazo mais longo, vê importantes iniciativas por parte da companhia em todos os seus segmentos, além de apresentar atualmente baixa alavancagem, beneficiada pelo IPO do segmento de mineração, o que dá mais tranquilidade para a realização de maiores investimentos ou distribuição de proventos.

No segmento de siderurgia, a CSN pretende diversificar geograficamente sua atuação. No planejamento da empresa, está uma mini usina de aços longos e um novo projeto de planos nos Estados Unidos, a duplicação da fábrica de Portugal e a produção de aço para construção na Alemanha.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters

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