Itaú informa que comprou fatia de 11,36% da XP por R$ 8 bilhões
02 Maio 2022 - 1:36PM
ADVFN News
A compra de mais 11,36% da XP pelo Itaú Unibanco por R$ 8
bilhões pode soar estranha, dado que investidor e investida
protagonizaram um ruidoso divórcio em 2021. Entretanto, trata-se de
uma das condições do contrato original de investimento, assinado em
2017. E o Itaú vem sinalizando que não vai manter os papéis
consigo.
Em fato relevante divulgado nesta sexta-feira, o Itaú
(BOV:ITUB3) (BOV:ITUB4) informou que pagou os R$ 8 bilhões em
transação fechada hoje. O banco já havia adiantado o valor do
investimento ontem, ao publicar o formulário 20F na SEC, a Comissão
de Valores Mobiliários americana.
Pelo contrato de cinco anos atrás, o conglomerado pagaria 19
vezes o lucro da XP em 2021 pelas ações. Em fevereiro, o presidente
do banco, Milton Maluhy, disse que o preço estava sendo negociado,
e que o investimento não era estratégico – não mais.
A dúvida reside no quê o Itaú fará com esse novo bloco de ações.
Em março, o banco afirmou ao Broadcast que pretendia aliená-las,
sem dizer se isso ocorreria em uma venda ou em uma cisão. Procurado
nesta sexta-feira, disse que não daria novas informações além das
que publicou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O acordo original fora desenhado para que fundos que investiram
na XP, como o General Atlantic, saíssem da empresa, e para que, ao
longo do tempo, o Itaú ganhasse espaço e eventualmente assumisse o
controle. Era a receita perfeita: o maior banco da América Latina
ganhava um lugar de destaque à mesa de uma de suas maiores
desafiantes independentes.
Mas a receita desandou em 2018, quando o Banco Central vetou que
o Itaú assumisse o comando efetivo da XP. Desde então, a empresa
criada por Guilherme Benchimol abriu capital, posicionou-se como
uma rival cada vez maior dos bancões tradicionais – o Itaú como
símbolo destes – e a briga chegou a público quando, em 2020, o
banco lançou uma série de comerciais na televisão questionando o
modelo de remuneração dos agentes autônomos de investimento, um dos
pilares do crescimento da XP.
Naquele mesmo ano, o Itaú decidiu entregar a seus acionistas os
papéis que possuía da XP, através de uma cisão do ativo em uma nova
empresa. A operação foi concluída em 2021, e a XP fundiu-se à
XPart, criada a partir da cisão do Itaú. Com isso, a Itaúsa passou
a ser acionista direta da XP, mas tem ela própria vendido ações da
companhia, de tempos em tempos.
Fato é que a transação reata, ainda que de maneira transitória,
um casamento de rivais. No mesmo 20F em que tratou da compra de
ações, o Itaú ressaltou que a XP concorre com ele no mercado de
investimentos. Integram o mesmo grupo um amplo leque de empresas,
do Nubank à Stone.
Procurada, a XP não se pronunciou.
Informações Broadcast
ITAU UNIBANCO ON (BOV:ITUB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
ITAU UNIBANCO ON (BOV:ITUB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024