O Santander Brasil obteve lucro líquido
gerencial de R$ 1,689 bilhão no quarto trimestre de 2022,
o que representa queda de 45,9% na comparação com o terceiro
trimestre e de 56,5% ante o mesmo período de 2021. O lucro
societário do Santander ficou em R$ 1,609 bilhão entre outubro e
dezembro, com queda de 47,1% no trimestre e 57,6% em 12 meses.
O lucro líquido foi de R$ 12,9 bilhões em 2022 com queda de
21,0% se comparado com o mesmo período do ano anterior. O ano foi
marcado pelo aumento das provisões em 72,7%, diante da maior
inadimplência de clientes pessoas físicas. Além disso, as margens
do Santander foram pressionadas por perdas da tesouraria, diante do
impacto negativo da alta dos juros sobre a carteira de títulos do
banco.
“Iniciamos um processo de ajuste operacional no quarto trimestre
de 2021. Buscamos nos posicionar adequadamente para enfrentar um
ambiente macroeconômico que se provava mais desafiador, com
potenciais repercussões nas dinâmicas de crédito”, afirma no
comunicado o CFO do Santander Brasil, Angel Santodomingo. Ele
aponta ainda que o banco começa 2023 com um balanço sólido e uma
carteira de crédito de maior qualidade. “Continuaremos a crescer de
forma sustentável”, diz.
A margem financeira bruta alcançou R$ 12, 517
bilhões no quarto trimestre de 2022, com queda de -0,6% em relação
ao 3T22 refletindo principalmente o menor resultado com clientes no
período que apresentou queda de -2,6%. Em doze meses
alcançou R$ 51.827 milhões em 2022, apresentando queda de
6,8%, refletindo menores resultados com margem de mercado, dada à
sensibilidade negativa ao aumento da taxa de juros.
As margens do Santander caíram 11,6%, enquanto a receita com
serviços subiu 1,9%, para R$ 5,075 bilhões. Nas margens, o banco
observou novo impacto da tesouraria, que acumula resultados
negativos diante da alta da Selic.
No trimestre, a margem com mercado, que contabiliza os
resultados com tesouraria, foi negativa em R$ 1,265 bilhão, contra
ganho de R$ 1,744 bilhão no mesmo período do ano anterior.
Na margem com clientes, que reflete o resultado com operações
para empresas ou pessoas físicas, o resultado foi de R$ 13,781
bilhões, alta de 11% no espaço de um ano. Segundo o Santander, o
crescimento se deu diante do maior volume de crédito e também do
maior spread (diferença entre custo de captação e juros cobrados
nos empréstimos).
A carteira de crédito totalizou R$ 489.687
milhões em dezembro de 2022, aumento anual de 5,8% (ou 6,5%
desconsiderando o efeito da variação cambial), com todos os
segmentos apresentando crescimento no período, sendo 8,4% em pessoa
física, 7,5% em pequenas e médias empresas, 2,9% em grandes
empresas e 1,8% em financiamento ao consumo. As originações a
partir de janeiro de 2022 vem apresentando um perfil mais adequado
e já representam 48% de participação da carteira total.
A carteira de crédito ampliada, que inclui
outras operações com risco de crédito e avais e fianças, encerrou o
ano em R$ 572.663 milhões, com aumento anual de 6,7% (7,3%
desconsiderando o efeito de variação cambial) e crescimento de 1,2%
no trimestre (ou 1,5% desconsiderando o efeito da variação
cambial).
A carteira de pessoas físicas, que é a mais relevante para o
Santander, cresceu 2,7% no trimestre e 8,4% em 12 meses, para R$
226,302 bilhões no fim de dezembro. O segmento foi impulsionado
pelas linhas de cartão de crédito (+5,4% na margem), agro (+4,6%) e
consignado (+3,7%).
A carteira de financiamento ao consumo totalizou R$ 67.970
milhões, aumento de 1,8% no ano, devido principalmente ao
crescimento da carteira de veículos para pessoa jurídica (37,0%).
No trimestre, a carteira apresentou estabilidade. Nosso LTV de
carteira alcançou 42,4%1.
A carteira de grandes empresas era de R$ 129,336 bilhões no fim
de dezembro de 2022, apontando queda de 1,6% em relação a setembro
e alta de 2,9% frente a dezembro do calendário anterior. A linha de
crédito rural caiu 6% no trimestre, enquanto capital de giro/outros
recuou 2,5%.
O saldo do crédito prorrogado alcançou R$ 18,7 bilhões em
dezembro de 2022, resultante da amortização de R$ 31,2 bilhões ou
62,6% ocorrida desde o 2T20.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na
sigla em inglês) foi de 8,35% no 4T22, uma queda de 7,3 pontos
percentuais no trimestre. Em 2022, o índice ficou em 16,3%, 4,9
pontos percentuais abaixo em relação a 2021.
O Santander Brasil chegou a dezembro com R$ 1,047 trilhão em
ativos, alta de 8,9% em um ano. O banco comenta que o resultado
veio com a alta nos investimentos líquidos interbancários, da
carteira de crédito e também de câmbio.
No mesmo período, o patrimônio líquido da instituição chegava a
R$ 80,806 bilhões, alta de 4,5% em um ano.
As despesas líquidas com provisões para devedores
duvidosos (PDD) ficaram em R$ 7,364 bilhões, 18,6% acima
ante o trimestre anterior e 99,4% em relação ao quarto trimestre de
2021. Ao mencionar provisões, o banco não citou diretamente o caso
Americanas, mas destacou um “evento subsequente” no crédito de
atacado que afetou essa linha do resultado, sem mencionar o valor
provisionado. Segundo lista de credores, o Santander Brasil tem R$
3,65 bilhões a receber da varejista.
“A PDD, os indicadores de inadimplência e o custo de crédito se
mostram compatíveis ao momento e em linha com o esperado, com
safras novas concentradas em melhores ratings, destacando aqui as
medidas tomadas em função de maior seletividade”, afirma o
vice-presidente financeiro, Angel Santodomingo.
As receitas totais de prestação de serviços tiveram queda de
0,2% em 2022, no entanto, apresenta crescimento de 2,2% se
normalizarmos a saída da GetNet no ano passado.
No quarto trimestre de 2022, a receita atingiu R$ 5,075 bilhões,
representando aumento de 7,2%.
Segundo o banco, o resultado foi influenciado por Seguros
(efeitos sazonais de renovação apólice de seguro de vida e mudança
de registro de competência de corretagem de Seguros), Cartões e
Receita de Administração de Fundos, Consórcios e Bens.
As despesas gerais totalizaram R$ 6,049 bilhões, com expansão de
6,3% no trimestre e 7,7% em um ano.
As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias
totalizaram R$ 19.308 milhões em 2022, com destaque para o 4T22,
acima de R$ 5,0 bilhões, sendo que a maior transacionalidade
minimizou o impacto do menor volume de crédito. O incremento anual
de 2,3% foi influenciado por maiores receitas de cartões e
corretagem e colocação de títulos.
O índice de inadimplência passou de 3% no terceiro para 3,1% no
quarto trimestre, com aumento de 1,3% para 1,4% no segmento de
pequenas e médias empresas. A inadimplência das pessoas físicas
ficou estável a 4,3%.
A inadimplência total registrada em 2022 subiu 0,4 ponto
percentual frente o fechamento de 2021, com alta de 0,7 ponto para
a pessoa física. As dívidas vencidas por mais de 90 dias das
empresas subiram 0,1 ponto percentual frente o final do ano
anterior.
O índice de Basileia atingiu 13,9%, o que representa uma redução
de 1,0 p.p. em comparação com o mesmo período do ano anterior,
principalmente devido ao aumento de 6,3% nos ativos ponderados pelo
risco, com destaque para o risco de crédito.
No trimestre, o índice de Basileia apresentou redução de 0,5
p.p., impulsionado tanto pela queda de 3,5% do Patrimônio de
referência (PR), principalmente em função do aumento nas deduções,
quanto pelo aumento nos ativos ponderados pelo risco (RWA) no
período.
O índice de Basileia supera em 2,4 p.p. a soma dos requerimentos
mínimos do Patrimônio de Referência e Adicionais de Capital
Principal.
Os resultados do Santander (BOV:SANB3) (BOV:SANB4) (BOV:SANB11)
referente a suas operações do quarto trimestre de 2022, foram
divulgados no dia 02/02/202. Confira a apresentação oficial dos
resultados!
Teleconferência
A teleconferência sobre os últimos resultados do Santander
Brasil (SANB11) mostrou o quanto os analistas estão ansiosos em
saber sobre o impacto do caso Americanas nos números do banco. Mas
trouxe pouco ou quase nenhum esclarecimento sobre o caso. O
Santander sequer confirmou a exposição do banco ao endividamento da
varejista, estimado em R$ 3,7 bilhões, de acordo com a lista de
credores que a Americanas entregou à Justiça.
Questionamentos sobre o caso foram trazidos assim que a sessão
de perguntas e respostas começou. Um analista fez um resumo do que
o mercado está ávido por saber: perguntou sobre o percentual que já
foi provisionado no quarto trimestre e como as próximas provisões
vão ocorrer. Mas as dúvidas não foram sanadas.
“Não vamos comentar nenhum caso particular desse evento”,
afirmou Mario Leão, CEO do banco. Ele justificou a resposta dizendo
que o grupo Santander, como um todo, não comenta nomes específicos,
mesmo reconhecendo a relevância do assunto. Tanto é que durante
toda a teleconferência o caso foi tratado como “um evento
subsequente”.
“Já tomamos providências sobre esse provisionamento. Assim como
qualquer outra provisão que fazemos em atacado e varejo, sempre
olhamos a carteira como filme e não um quadro estático”, afirmou
Leão. O CEO disse ainda que o banco vai fazer novas provisões
relacionadas ao caso de acordo com o seu desenrolar. “Não há ainda
uma decisão de como vamos prosseguir”.
Ainda que não tenha detalhado o impacto do caso Americanas no
balanço do Santander, Leão falou sobre como o banco deve lidar
daqui para frente com as operações de risco sacado, na qual a
instituição financeira antecipa os pagamentos a fornecedores de uma
empresa. Esse tipo de operação é apontado como principal vetor do
problema contábil das Americanas e alguns analistas chegaram a
questionar o futuro dessa modalidade.
Porém, o CEO do Santander afirmou que os empréstimos via risco
sacado não só vão continuar, como serão ampliados. “Risco sacado é
nosso principal negócio em clientes de atacado”, explicou Mario
Leão. Segundo o CEO, esse é um produto que vem evoluindo nos
últimos anos e o banco continua mantendo uma relação saudável com
vários fornecedores empresas âncoras.
Ele destacou o lançamento da plataforma SX, de antecipação de
recebíveis. “Acreditamos no negócio e o estamos ampliando”,
afirmou.
Por outro lado, os executivos do Santander disseram que o banco
vai continuar sendo conservador na concessão de crédito. Essa
postura, iniciada em 2021, tem afetado o avanço das margens
financeiras do banco. Ainda assim, não tem impedido que provisões e
a inadimplência continuem crescimento.
Angel Santodomingo, CFO do Santander Brasil, admite que a
originação e mix de crédito foram afetados por medidas mais
seletivas. Mas que o banco conseguiu ampliar a carteira de crédito
mantendo riscos sob controle. 65% da carteira de crédito para
pessoa física do banco, atualmente, é colateralizada.
Mario Leão afirma que a visão e o apetite do banco ainda não
mudaram e que a parte mais dura do ciclo de crédito começa este
ano. “Cresceremos nossa base de clientes este ano, mas ainda mais
importante que isso é fazer esses clientes serem mais ativos”,
afirmou. Leão reafirmou a obsessão do Santander Brasil em reduzir
custos de serviços, única estratégia possível, segundo ele, para
manter abrangência de mercado de forma rentável.
VISÃO DO MERCADO
O Citi também fez suas estimativas para o “impacto Americanas”
na instituição financeira e aponta que, mesmo sem ele, o ROE do
Santander seria ainda um fraco 11%. Apesar dos números a princípio
controlados de inadimplência, os analistas da casa destacam ser
preciso ter atenção quanto ao “NPL formation” (a variação do saldo
de créditos em atraso), que foi de 4,3% no terceiro trimestre para
5,6% no quarto trimestre, incluindo um portfólio vendido de R$ 600
milhões. Isso indica deterioração na qualidade dos resultados, em
um ritmo mais rápido.
“De uma forma geral, o resultado reforça nossa visão de que o
período de ROE de 20% do Santander ficou para trás e a principal
questão é qual é o novo ROE sustentável para o banco”, avalia o
Citi. Esse cenário deve pressionar os papéis por um bom tempo,
apontam os analistas.
Citi mantêm recomendação neutra com preço-alvo de R$ 29,00…
O Credit Suisse, por sua vez, destaca que o lucro ficou 27%
abaixo do esperado pela casa, estimando uma provisão de R$ 1,1
bilhão por Americana, mas com destaque negativo principalmente para
o NIM (Net Interest Margin, ou margem líquida de juros) abaixo do
esperado.
O Itaú BBA apontou que os resultados foram fracos no 4T22, mas
destacou que o lucro ficou em linha com suas estimativas.
Além do impacto da Americanas nas provisões, o Santander
destacou as fracas tendências operacionais sequentes.
A margem bruta total caiu 1% no trimestre devido aos spreads
mais baixos e resultados de tesouraria ainda negativos (R$ 1,3
bilhão negativos). As receitas de serviços recuperaram, avançando
7% no trimestre, com melhores tendências em seguros e cartões;
contudo, ainda assim ficaram aquém dos números esperados pela
casa.
A inadimplência esperada de 90 dias aumentou 10 pontos-base no
trimestre, para 3,1%; que os analistas estimam que teria sido de 40
pontos-base sem atribuições relevantes de carteira.
“Esperamos uma reação negativa das ações, apesar do já fraco
desempenho das ações dos bancos durante a semana”, avaliou o BBA em
relatório antes da abertura do mercado.
Os analistas destacaram que uma leitura para outros bancos
conecta principalmente o Bradesco com rating underperform
(desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), que
deve apresentar desafios semelhantes, enquanto espera-se que o
Banco do Brasil apresente um conjunto de resultados totalmente
diferente devido à diferente qualidade de crédito e dinâmica da
margem de lucro.
O Morgan Stanley também destaca o NIM decepcionante, com queda
trimestral de 1%; “a gestão da companhia apontou que a mudança de
mix para empréstimos de menor risco é parcialmente culpada”,
apontou o banco.
O banco americano também avalia que a empresa adicionou R$ 1
bilhão em provisões para perdas com empréstimos neste trimestre
citando um “evento subsequente” e relaciona à Americanas, mas
aponta ser difícil entender qual é a exposição real, quanto está
provisionado e até que ponto esse aumento das provisões ajuda a
cobrir a exposição total.
Mas reforça: “o salto nas provisões de fato parece ser
impulsionado pela Americanas, já que o restante dos números de
inadimplência parece bom: o índice de inadimplência foi de 3,1%,
contra 3,0% no 3T22 e o índice de inadimplência do consumidor ficou
estável em 4,3%. Os empréstimos renegociados tiveram o menor
aumento trimestral dos últimos 12 meses”, avalia.
De qualquer forma, também apontou que as ações provavelmente
ficariam sob pressão hoje devido ao número abaixo do esperado e à
falta de visibilidade de quanto ainda falta para cobrir o “risco
Americanas”.
“Na nossa visão, o Santander apresentou resultados fracos no
4T22, sendo fortemente impactado pelo provisionamento da dívida da
Americanas, que prejudicou os resultados do banco”, apontam em
relatório Renan Manda e Matheus Guimarães, analistas da XP.
Os analistas apontam que, por um lado, a abordagem mais seletiva
do banco na concessão de crédito ao longo de 2022 resultou em um
crescimento mais lento de sua carteira de crédito (alta de 5,8% na
base anual), pressionando sua margem financeira bruta (NII) no 4T22
para R$ 12,5 bilhões (queda trimestral de 0,6%). Por outro lado,
essa abordagem cautelosa permitiu ao banco manter sob controle suas
taxas de inadimplência, com a inadimplência aumentando ligeiramente
para níveis ainda saudáveis em 3,1%.
A XP destacou, de forma geral, esperar uma reação negativa das
ações aos fracos resultados e reiterou visão conservadora sobre a
ação.
XP tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 34,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters, Suno
SANTANDER BR PN (BOV:SANB4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Fev 2025 até Mar 2025
SANTANDER BR PN (BOV:SANB4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Mar 2025