Marisa Lojas vai conversar com bancos credores para tentar reescalonar dívidas que somam cerca de R$ 600 milhões
09 Fevereiro 2023 - 09:19AM
ADVFN News
O anúncio da renegociação do passivo pela Marisa Lojas, ontem,
expôs a escassez nas linhas de crédito, especialmente para o
varejo, causado pela suspeita de fraude e um rombo de mais de R$ 20
bilhões na Americanas.
Com o caixa apertado e vencimentos próximos, a loja de roupas se
antecipou e vai conversar com os bancos credores para tentar
reescalonar dívidas que somam cerca de R$ 600 milhões, segundo
apurou o Estadão/Broadcast. Diferentemente da Americanas, a
companhia não entrou com pedido de recuperação judicial.
Especialistas em reestruturação de dívidas e advogados afirmam
que o caso Americanas (BOV:AMER3) afetou a confiança e a capacidade
de crédito das varejistas, com impacto na cadeia de fornecedores.
Pesaram o escândalo e a imprevisibilidade da insolvência da
varejista agora em recuperação judicial.
FILA GRANDE
Segundo um especialista em reestruturação de empresas que pediu
para não ser identificado, outras varejistas recorrerão às
renegociações. Ele diz que “a fila vai ser grande”.
Outras varejistas tiveram medo da contaminação do ambiente de
crédito em razão da Americanas e correram desde o início da crise
para dizer aos bancos que suas estruturas financeiras eram
diferentes. Para aquelas que conseguiram mostrar capacidade de
pagamento e balanços mais transparentes, o crédito está disponível.
No caso da Marisa (BOV:AMAR3), porém, os problemas já eram mais
antigos.
HISTÓRICO
A empresa começou uma reestruturação em 2017. Dificuldades da
pandemia, vendas fracas e inadimplência alta nos serviços de
crédito deterioraram a operação. Marcelo Pimentel, que comandou a
empresa de 2019 a 2022, não conseguiu mostrar resultados mais
claros no processo de reestruturação e saiu da companhia para
assumir o comando do GPA.
A companhia estava à venda, mas não encontrou compradores. O
interesse da família fundadora da Marisa no negócio era baixo. Além
disso, a alta das taxas de juros no País limitou o impulso para
operações de fusões e aquisições no segmento.
No caso da recuperação judicial da Americanas, todo o sistema
bancário foi pego de surpresa. A dívida da companhia com os maiores
bancos do País soma por volta de R$ 20 bilhões, conforme lista de
credores levada pela empresa à Justiça – o documento ainda pode ser
revisto. O valor está descoberto de garantias, dada a
característica desses créditos, que são “relativamente” seguros, já
que são lastreados por recebíveis e de prazo curto. Essa é a
característica da maior parte das dívidas de varejistas.
CREDORES RECEPTIVOS
Pessoas envolvidas com as negociações disseram que a ideia da
Marisa, por outro lado, não é viabilizar um corte do valor devido,
mas alongar prazo de pagamento. A Marisa está fazendo uma
renegociação direta com seus credores, os quais, de acordo com
interlocutores da empresa e de bancos, estão receptivos. Bradesco,
Safra, Daycoval, Alfa, ABC, Itaú e Caixa estariam na lista dos
bancos de credores da Marisa.
Segundo o diretor de um banco credor da Marisa, o caso da rede
de vestuário é muito menor que o da Americanas, mas ilustra um
problema “gritante” no setor, que tem sentido os efeitos da
desaceleração da economia e juros altos – e que devem se manter em
dois dígitos. Este executivo argumenta que as varejistas vão
enfrentar um ambiente mais desafiador para o crédito em 2023.
BANCOS
O reforço bilionário que as instituições financeiras fizeram em
provisões no quarto trimestre de 2022 em razão dos problemas da
Americanas já sinaliza a abordagem muito mais cautelosa no crédito,
diz um executivo de um banco. O Santander fez provisões de R$ 1,1
bilhão, enquanto o Itaú reservou R$ 1,3 bilhão.
Informações Broadcast
LOJAS MARISA ON (BOV:AMAR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Nov 2023 até Dez 2023
LOJAS MARISA ON (BOV:AMAR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Dez 2022 até Dez 2023