A Gol registrou lucro líquido de R$ 619,5
milhões no primeiro trimestre de 2023, queda de 76,2% ante os R$
2,607 bilhões de um ano antes, informou a companhia em balanço
enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No critério recorrente, a companhia aérea reverteu prejuízo de
R$ 690 milhões no primeiro trimestre de 2022 e passou a reportar
lucro líquido de R$ 136,4 milhões nos três primeiros meses de
2023.
A receita operacional líquida foi recorde
em R$ 4,9 bilhões, 52,8% superior a receita do 1T22 e 53,2%
superior a receita operacional do 1T19. As receitas auxiliares
somaram R$ 384 milhões, 83,8% superior ao registrado no 1T22 e
cerca de 7,8% da receita líquida total no primeiro trimestre de
2023, um aumento de 1,3 p.p. versus 1T22.
O diretor-presidente da Gol, Celso Ferrer, definiu o início de
ano da empresa como “forte”. “Durante o trimestre nós entregamos
mais um aumento sequencial do nosso desempenho operacional.
Continuamos a aumentar nossa oferta e, com nossa atuação
disciplinada, reduzir ainda mais nossos custos e aumentar os
patamares de produtividade”, disse ele, no release de
resultados.
O Ebitda – juros, impostos, depreciação e
amortização – recorrente do trimestre alcançou R$ 1,238
bilhão, ante os R$ 542,2 milhões no mesmo período de 2022,
representando uma alta de 113,9%. Com isso, a margem Ebitda
recorrente foi de 25,2% de janeiro a março, ante margem de 18% na
mesma base de comparação.
As despesas operacionais (CASK)
recorrente no 1T23 foi de 36,35 centavos (R$), representando um
aumento de 20,9% quando comparado ao 1T22, principalmente
influenciado pela alta no custo do combustível. O custo unitário
excluindo combustível e as operações das aeronaves cargueiras
apresentou crescimento de 12%. O custo unitário combustível
apresentou crescimento de 32,0% principalmente devido ao aumento do
preço de querosene de aviação de aproximadamente 25% e um número
maior de decolagens por ASK.
A receita líquida por assento-quilômetro Ofertado
(RASK) evoluiu 37,7% para 43,8 centavos (R$). O yield
médio por passageiro cresceu 32,0% para 48,5 centavos (R$), maior
patamar da história da GOL.
A demanda por transporte (RPK) aumentou
14,1%, enquanto o total de Assento-Quilômetro Ofertado (ASK)
cresceu 11,0%
A demanda no mercado doméstico atingiu 8.424 milhões de RPK, um
aumento de 6,2% comparado ao 1T22. A oferta no mercado doméstico
por sua vez atingiu 10.031 milhões de ASK, representando um aumento
de 2,7% comparado ao 1T22.
A taxa de ocupação foi de 84,0% e a Companhia transportou cerca
de 7,6 milhões de Clientes no 1T23, um incremento de 15,8%
comparativamente ao mesmo trimestre do ano anterior.
A oferta no mercado internacional, medida em ASK, foi de 1.190
milhões, e a demanda (em RPK) foi de 926 milhões. Neste período a
GOL transportou cerca de 353 mil de passageiros nesse mercado.
O PRASK líquido no 1T23 foi 35,7% maior
comparado ao 1T22, atingindo 40,43 centavos (R$). O RASK líquido da
Companhia foi de 43,85 centavos (R$), representando um incremento
de 37,7% também comparado ao mesmo período do ano anterior.
As despesas com combustível de aviação por ASK
foram maior em 32% decorrente do aumento de 25% no preço do
querosene de aviação (QAV), maior quantidade de decolagens por ASK
e voos alternados em função dos impactos meteorológicos,
parcialmente compensada por uma maior geração de ASKs sendo
produzida por aeronaves Boeing 737-MAX e consequente redução de 2%
no consumo de combustível por hora operada.
O volume total de decolagens da Companhia foi de 57.015,
representando um acréscimo de 17% comparativamente ao 1T22. O total
de assentos disponibilizados no mercado foi de 9,8 milhões,
representando um acréscimo de 13,3% comparativamente ao mesmo
período de 2022.
A perspectiva de lucro por ação (LPA) para 2023 foi reiterada em
R$ 0,30, assim como a relação entre dívida líquida e Ebitda em 6
vezes.
A companhia gerou aproximadamente R$ 200 milhões de fluxo de
caixa livre no 1T23, “decorrente do maior volume de faturamento e
de iniciativas de capital de giro, parcialmente compensado pela
alta no preço do querosene da aviação”.
“As iniciativas que começaram ano passado para reduzir custos,
assim como aumentar a eficiência e a produtividade, continuam a
entregar resultados. Isso está diretamente refletido em margens
Ebitda consistentes em torno de 25%. Crescemos nossa oferta em 11%
comparativamente ao 1T22, resultado da nossa eficiente gestão de
capacidade e das iniciativas correntes de diversificação das fontes
de receita”, afirmou a Gol em seu release de resultados.
⇒ Frota
No final do 1T23, a frota total da GOL era de 144 aeronaves
Boeing 737, sendo 103 NGs, 38 MAXs e 3 NGs Cargueiros. A frota da
Companhia é 100% composta por aeronaves de médio porte
(narrowbody), sendo 97% financiada via arrendamento mercantil
operacional e 3% financiada via arrendamento financeiro.
Em 31/03/23, a GOL possuía 103 pedidos firmes para aquisição de
aeronaves Boeing 737-MAX, sendo 66 do modelo 737-MAX 8 e 37 do
modelo 737-MAX 10. O plano de frota da Companhia prevê a devolução
de 4 aeronaves NG até o final de 2023, com a flexibilidade de
acelerar ou reduzir o volume de devoluções caso necessário.
Durante o 1T23, a Companhia não recebeu novas aeronaves Boeing
737-MAX 8. A GOL devolveu três aeronaves Boeing 737-NG, como parte
do seu plano de transformação da frota que promove os seus
objetivos de descarbonização.
A liquidez total da Companhia (caixa e equivalentes de caixa,
aplicações financeiras, depósitos e contas a receber) foi de R$ 4,4
bilhões, um aumento de aproximadamente 36% comparativamente ao
mesmo período do ano anterior.
Em 31/03/2023, a GOL registrou um total de R$ 12,4 bilhões em
Empréstimos e Financiamentos, dos quais R$ 1,3 bilhão está
registrado no passivo circulante. O passivo de arrendamento total
registrado é de R$ 10,5 bilhões (R$ 17,3 bilhões assumindo a
metodologia de arrendamentos vezes 7).
A dívida bruta total registrada no 1T23 foi de R$ 22,9 bilhões
(R$ 29,6 bilhões assumindo a metodologia de pagamento UDM x7),
representando um aumento de 10,5% e um decréscimo de 1,3% em
relação ao 1T22 e 4T22, respectivamente.
A relação dívida líquida ajustada sobre EBITDA recorrente UDM
recorrente foi de 7,9x em 31/03/23 (incluindo 7x
arrendamentos).
O prazo médio de vencimento da dívida da Companhia, excluindo os
arrendamentos de aeronaves e os bônus perpétuos foi de 4,4 anos. A
taxa média da dívida em Reais foi 18,8% e nas obrigações em Dólares
Americanos, excluindo arrendamento de aeronaves e bônus perpétuos,
foi de 12,6%.
Os resultados da Gol (BOV:GOLL4)
referentes suas operações do primeiro trimestre de 2022 foram
divulgados no dia 26/04/2023.
Teleconferência
A injeção de capital acordada com a holding Abra, atual
acionista controlador da Gol ([ativo=GOL]), colocou aproximadamente
US$ 140 milhões no caixa da companhia durante o primeiro trimestre.
A reestruturação da dívida da aérea foi um dos temas da
teleconferência de resultados do primeiro trimestre (1T23) da
companhia, divulgados hoje pela manhã.
O CEO Celso Ferrer explicou que, do total, US$ 40 milhões foram
usados para cobrir os custos de emissão e US$ 100 milhões
destinados a investimentos essenciais na frota da Gol.
“Peças de aeronaves, motores e tudo o que a gente precisa
investir para garantir a nossa capacidade de operação para o ano e
crescer no segundo semestre”, disse o CEO. “Com tudo o que o setor
passou, precisamos religar todas as cadeias de crédito com os
nossos fornecedores – tanto para trazer mais aviões para a
operação, como para mantê-la mais fluida”.
Segundo Mario Liao, diretor financeiro da Gol, os investimentos
essenciais mantém o planejamento da frota dentro do guidance da
companhia e os recursos também financiam parte do capex da
companhia.
“Se a Gol entregar o Ebitda [lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações] esperado, sobre mais recursos de
geração de caixa livre”, explica Liao. “Foram recursos aplicados em
investimentos que vão gerar retorno maior do que se tivesse
aplicado em uma conta de investimento”.
No acordo com a Abra, anunciado em fevereiro, a Gol reestruturou
sua dívida cancelando uma parte dos títulos da companhia que
venceriam entre 2024 e 2026 e emitindo US$ 1,4 bilhão de senior
notes com vencimento em 2028.
⇒ Desoneração de combustível adicionou R$ 130
milhões às receitas do trimestre
A isenção de tributos federais sobre os combustíveis gerou um
impacto positivo de receita da ordem de R$ 130 milhões para a Gol
no primeiro trimestre de 2023. Ferrer explica que, por enquanto, o
guidance não contempla a Medida Provisória aprovada ontem na Câmara
dos Deputados, que pode prorrogar a desoneração até o final do
ano.
No entanto, caso receba o aval do Senado, a Gol acredita que as
projeções devem ser revistas para cima, levando em conta um
adicional de R$ 500 milhões nas receitas da companhia só como
efeito da isenção dos tributos.
⇒ Programa Voa Brasil não pode canibalizar demanda,
afirma CEO
Os executivos da Gol foram questionados por analistas e
jornalistas a respeito do programa Voa Brasil, em desenvolvimento
pelo governo federal, que prevê comercialização de passagens aéreas
por até R$ 200. O CEO da Gol explicou que a empresa faz parte de um
grupo de trabalho multidisciplinar para tratar do assunto e disse
que a companhia é a favor da iniciativa, contanto que não haja
“canibalização” da demanda atual.
“O importante do programa é que ele utilize momentos de baixa
sazonalidade e dê acesso a clientes que não estão voando”, disse
Ferrer, destacando que a Gol atualmente já oferece passagens por
menos de R$ 200.
Segundo o executivo, é importante que o conceito de liberdade
tarifária seja mantido e que haja alinhamento sobre os voos que
serão alocados nessa tarifa especial, além de garantir que a oferta
seja para CPFs que ainda não estão no sistema da companhia.
“Vamos fazer checagem de CPF para ter certeza que não é um
cliente que já está no nosso sistema, tentar ver se eles usam os
programas do governo federal para fazer a triagem desses
passageiros. O objetivo tanto nosso quanto do governo federal é
incrementar, não canibalizar”, conclui Ferrer.
A ideia é ter o formato do programa definido até o final deste
semestre e lançá-lo durante a baixa temporada, na segunda metade do
ano.
VISÃO DO MERCADO
BB Investimentos
Já para o BB Investimentos, os resultados mostram eficiência
operacional e redução de alavancagem, dando sinais que entrou em um
ponto de inflexão após a maior crise na história da aviação
comercial.
O analista Renato Hallgren escreve que a recomposição da malha
aérea brasileira pós-pandemia e a renovação da frota da Gol deverá
entregar ganhos de margens operacionais consistentes nos próximos
trimestres.
Nos primeiros três meses do ano, a Gol conseguiu apresentar
recuperação relevante nas margens operacionais, aponta o banco, com
crescimento de 9,5 pontos percentuais na margem Ebitda, com maior
receita por passageiro.
“Dado a continuidade na demanda por voos domésticos e
internacionais e, principalmente após a reestruturação de passivos
e injeção de capital da controladora Abra, acreditamos que a Gol
deverá atrair maior atenção dos investidores ao longo de 2023”,
afirma.
BB Investimentos tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
19,00…
Bradesco BBI
Na avaliação do Bradesco BBI, a gestão disciplinada de
capacidades e uma competição racional do setor sustentaram as
tarifas da Gol em níveis recordes.
“Na nossa visão, a companhia vai aproveitar a racionalidade do
mercado para recuperar sua rentabilidade em um ambiente de
combustíveis com preço ainda elevados e reforçar seu balanço”,
dizem os analistas do BBI.
Eles também observam que a companhia teve um alívio de caixa
significativo no período, com liquidez total de R$ 4,4 bilhões. A
dívida de curto prazo da companhia caiu de R$ 4,2 bilhões, no
quarto trimestre, para R$ 1,3 bilhão.
Ainda assim, o BBI manteve classificação neutra para GOLL4, com
preço-alvo de R$ 11, por acreditar que as margens da companhia
permanecem pressionadas pelos preços dos combustíveis, volatilidade
do câmbio e a inflação no Brasil.
Citi
“”Depois de três anos difíceis de perdas relacionadas à
pandemia, o acordo sobre a dívida da Gol com a Abra e seu forte
resultado operacional parece ter colocado a companhia em caminho
mais estável”, escreveram os analistas do Citi.
Goldman Sachs
Na visão do Goldman Sachs, a empresa apresentou resultados de
primeiro trimestre acima do consenso do mercado, mas em linha com
as metas divulgadas no início do mês, apoiadas em receitas por
passageiro maiores que o esperado.
Segundo o balanço, a empresa transportou 7,9 milhões de
passageiros no trimestre, queda de 11,69% na comparação com igual
período de 2019, antes dos impactos da pandemia, o que mostra que o
mercado ainda tem um caminho pela frente até sua retomada total
para a empresa em número de passageiros transportados. Na
comparação anual, o volume transportado saltou 17,7%.
Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins
escrevem que as receitas por passageiro subiram 38% na comparação
anual, compensado parcialmente por um crescimento de 21% nos
custos.
O banco destaca que a companhia aérea melhorou sua liquidez no
primeiro trimestre para R$ 806 milhões e ainda não foram
contabilizados parte dos títulos emitidos durante o primeiro
trimestre.
Goldman Sachs tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
12,80.
Santander
Para o Santander, os resultados foram robustos no primeiro
trimestre, com bom desempenho de margens, acompanhando crescimento
na receita por passageiro durante o período.
Os analistas Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem
escrevem as receitas cresceram em patamar superior aos custos,
indicando a boa disciplina de capacidade da companhia.
O banco calcula que a Gol gerou R$ 54 milhões em caixa no
primeiro trimestre, impulsionada pela alavancagem operacional no
primeiro trimestre, ajudando a reduzir sua dívida líquida.
Santander tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 9,30…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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