Itaú Unibanco está em discussões iniciais com o Banco Macro para vender sua operação na Argentina
09 Junho 2023 - 1:58PM
ADVFN News
O Itaú Unibanco, que é o maior banco da América Latina em termos
de ativos, está em discussões iniciais com o Banco Macro para
vender sua operação na Argentina, o que resultará em sua saída do
país. Essas negociações foram reveladas pela imprensa local e
confirmadas em um comunicado divulgado pelo próprio banco
brasileiro.
Embora o Itaú (BOV:ITUB3) (BOV:ITUB4) tenha uma história de
aquisições, ele priorizou suas operações no Chile e na Colômbia,
por meio da aquisição do Corpbanca, mas não obteve o mesmo
progresso na Argentina. Seu banco no país representa
aproximadamente 1% do lucro total do conglomerado, que foi de R$
8,4 bilhões no primeiro trimestre.
A confirmação das negociações pelo Itaú impulsionou as ações do
Banco Macro, listado na Argentina e nos Estados Unidos, com um
aumento de mais de 10% na terça-feira. O Banco Macro é um dos
principais bancos privados no país vizinho. O Itaú foi procurado
para comentar sobre as conversas, mas não se pronunciou.
O Itaú iniciou suas operações na Argentina em 1998, com a
aquisição do Banco Del Buen Ayre. Inicialmente, operou sob o nome
de Itaú Buen Ayre e, posteriormente, passou a ser chamado de Itaú
Argentina. Em março, a filial contava com cerca de 1.500
funcionários e 71 agências, uma estrutura menor em comparação com o
Chile, onde o conglomerado possui 5.200 funcionários, e a Colômbia,
onde possui 2.300 funcionários. A unidade argentina também possui a
menor carteira de crédito, com R$ 9,6 bilhões em operações e um
crescimento de 7,9% em um ano, abaixo da média do conglomerado.
Os bancos argentinos têm enfrentado desafios devido à constante
alta da inflação no país vizinho, o que afeta principalmente a
qualidade do crédito. Esse fator tem sido apontado por analistas
como um problema para o potencial comprador do Itaú Argentina. Em
maio, o BTG Pactual afirmou que os resultados do Banco Macro foram
sequencialmente mais fracos e continuaram sendo afetados pelos
altos níveis de inflação, uma condição que parece não ter uma
solução no curto prazo.
Essa situação levou a uma queda de 20% no lucro do Banco Macro
no primeiro trimestre, totalizando 9,7 bilhões de pesos
(equivalente a R$ 195 milhões). No entanto, o banco continua bem
capitalizado e com liquidez excedente. Em uma economia
inflacionária, a instituição prefere manter seus recursos em
títulos do governo argentino, que são considerados mais seguros do
que os empréstimos a pessoas físicas e empresas.
Devido às crises recorrentes na Argentina, o interesse dos
brasileiros pelo setor bancário local diminuiu nos últimos anos.
Antes do Itaú, o Banco do Brasil também tentou se desfazer de sua
participação no Banco Patagônia argentino. No entanto, devido ao
cenário macroeconômico local, o valor oferecido pelo ativo não foi
satisfatório, inviabilizando a venda.
No entanto, a situação do Itaú na Argentina difere do que ocorre
no Chile, onde o conglomerado pretende adquirir todas as ações em
circulação do Corpbanca para se tornar o único proprietário. Essa
operação chilena é a maior do Itaú fora do Brasil e tem sido o foco
do banco na América Latina, impulsionada em grande parte pelo atual
presidente do conglomerado, Milton Maluhy.
De acordo com fontes próximas ao assunto, não há relação direta
entre essas duas operações. No Chile, o Itaú enfrenta um dilema de
curto prazo em relação à tesouraria: devido à alta inflação, o
banco sofreu perdas nos títulos vinculados ao aumento de preços nos
últimos trimestres. O Itaú protege sua posição de capital nos
bancos estrangeiros que controla por meio de hedge cambial, e essa
abordagem conservadora afetou seus números no último ano. O banco
estima perdas de R$ 500 milhões por trimestre na tesouraria devido
à atual política de hedge.
No mercado argentino, a presença do Itaú é muito mais discreta
em comparação com o Brasil. De acordo com dados do Banco Central da
Argentina de janeiro, o Itaú é apenas o 18º maior banco em termos
de volume de ativos. Enquanto isso, o Banco Macro ocupa a quinta
posição e, caso adquira os ativos do banco brasileiro, se
distanciaria do BBVA espanhol (sexta posição) e se aproximaria do
Santander Rio (quarto maior). O líder do mercado é o estatal Banco
de la Nación Argentina.
ITAU UNIBANCO ON (BOV:ITUB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
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