O banco Santander manteve sua recomendação neutra para o IRB, porém aumentou o preço-alvo das ações de R$ 24,00 para R$ 43,00, o que representa um aumento de 79%. Isso corresponde a um potencial de valorização de 12% em relação ao fechamento dos papéis na última terça-feira (20). No momento desta quarta-feira (21) às 11h20 (horário de Brasília), as ações estavam subindo 1,59%, chegando a R$ 39,00. No acumulado do ano até ontem, os ativos já tinham subido 49%.

Os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, responsáveis pelo relatório, afirmaram que estão revisando suas estimativas para o IRB devido aos lucros obtidos no primeiro trimestre de 2023, além de incorporar uma sinistralidade melhor e premissas de crescimento de prêmios mais conservadoras em seu modelo.

A nova projeção dos analistas indica um lucro líquido de R$ 142 milhões em 2023, com um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 3,5%. Esse valor ainda está abaixo da projeção sustentável de 13% para o ROE da empresa. No entanto, a elevação do preço-alvo se deve principalmente ao aumento da estimativa do ROE, que passou de 9% para 13% como o “novo normal” para a resseguradora.

Os analistas ressaltam que seus números estão em linha com o consenso do mercado, mas estão abaixo do resultado obtido ao calcular a estimativa de lucro líquido da empresa a partir do consumo de créditos tributários.

Apesar da visão otimista para a empresa, o Santander faz um alerta. Eles destacam que a possibilidade de um novo evento El Niño é uma ameaça potencial à recuperação da empresa, já que pode resultar em um aumento na sinistralidade. Segundo a análise de probabilidade da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), há 93% de chance de um evento El Niño ocorrer em 2023/2024, o que afetaria as safras agrícolas.

O IRB já enfrentou perdas significativas durante eventos climáticos anteriores, como ocorreu em 2021/2022, mesmo aumentando sua taxa de retrocessão para transferir parte das responsabilidades para outro ressegurador, com o objetivo de proteger seu patrimônio durante esses períodos.

Os analistas apontam que, embora o IRB (BOV:IRBR3) tenha reavaliado a maioria de seus prêmios recentemente, incorporando possíveis riscos de novos eventos climáticos e sua exposição, ainda existem riscos para os resultados da empresa.

O banco observa que o IRB registrou uma sólida melhora de 16 pontos percentuais na sinistralidade no primeiro trimestre de 2023 em comparação ao ano anterior, levantando a questão se a sinistralidade finalmente atingiu um ponto de inflexão. Os analistas acreditam, por enquanto, que sim, apesar dos riscos potenciais de um El Niño. Eles estimam que a sinistralidade atingirá 77% em 2023 e 76% em 2024.

Quanto a um novo aumento de capital, os analistas não esperam que isso ocorra no momento. Embora o IRB tenha levantado R$ 1,2 bilhão em seu último aumento de capital em agosto de 2022, seu índice atual de suficiência de capital está em 105%, com um excesso de R$ 72 milhões, resultado dos fracos lucros recentes.

Embora o retorno da sinistralidade aos níveis normais deva impulsionar o lucro líquido e, consequentemente, fortalecer os índices de capital, os analistas alertam que, caso o IRB não cumpra os requisitos de capital estabelecidos pela reguladora Susep, um novo aumento de capital poderá ser necessário, o que diluiria ainda mais a participação do acionista.

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