Via busca reduzir dívida bancária em até 50%
04 Setembro 2023 - 2:26PM
ADVFN News
A Via está buscando um alívio de até 50% de uma dívida
bilionária junto a bancos credores, em meio às necessidades de
reforçar o balanço que já levaram a empresa controladora das Casas
Bahia e do Ponto a anunciar um potencial aumento de capital no mês
passado, disseram à Mover duas fontes com conhecimento do
assunto.
Segundo as fontes, que pediram anonimato para falar sobre o
tema, além da redução da dívida bancária, a Via (BOV:VIIA3) busca o
alongamento de prazos de pagamento. As fontes também relataram que
a estratégia permitiria impedir uma recuperação judicial da
companhia, algo que os bancos também tentam evitar.
De acordo com o balanço da Via do segundo trimestre, o mais
recente divulgado, empréstimos e financiamentos somavam R$8,69
bilhões, enquanto a dívida relacionada a operações de crédito
direto ao consumidor, o famoso crediário, somava R$5,03 bilhões. Os
juros que a Via paga sobre este valor são de 17,56% ao ano.
Para se ter uma ideia de comparação, o Ebitda do segundo
trimestre foi de R$469 milhões, tão fraco que, se anualizado,
estoura os limites dos covenants da Via. A companhia não pode se
alavancar acima de 3,25 vezes o Ebitda Consolidado Ajustado. Ou
seja, se a geração de caixa operacional não crescer, o limite de
endividamento seria de cerca de R$6,10 bilhões, segundo cálculos
apurados pela Mover.
Caso a companhia feche mais três trimestres acima do limite de
covenants, os financiadores podem exigir a quitação da dívida, o
que, segundo uma das fontes, forçaria uma recuperação judicial.
Uma terceira fonte, ligada a um dos bancos credores, disse à
Mover que a Via vem tendo conversas ainda em estágio preliminar,
mas que dificilmente conseguirá o chamado “haircut” de 50% da
dívida total.
A fonte relata que ainda existem dúvidas sobre o real
endividamento da companhia e que seria necessário um profundo
trabalho de reconhecimento da situação da Via.
Um dos pontos elencados pela fonte deste banco é o volume de
gastos financeiros com dívidas, arrendamento mercantil e risco
sacado. Somente no segundo trimestre, a Via gastou R$1,87 bilhão
com o pagamento de juros – ou seja, um valor substancialmente alto
para uma dúvida total de R$8,69 bilhões. Isso representaria um juro
médio de 83% ao ano sobre a dívida informada no balanço.
“A dívida bancária é de cerca de R$5 bilhões. Mas, o que vai
significar 50% de haircut dessa dívida, quando, na verdade,
acreditamos que o tamanho da alavancagem da Via é de quase 10 vezes
isso?”, afirmou a fonte do banco credor. “Precisamos saber a real
saúde financeira da companhia para engajar em uma negociação como
essa.”
No final de agosto, a Via anunciou a contratação de bancos para
uma potencial oferta de ações primária no valor estimado de R$1
bilhão, em meio a um plano de reestruturação que também inclui
corte de custos, demissões, fechamento de lojas e um novo
direcionamento estratégico traçado pelo CEO, Renato Franklin.
Procurada, a Via ainda não respondeu aos pedidos de comentários
da Mover.
Informações TCMover
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