A Via está buscando um alívio de até 50% de uma dívida bilionária junto a bancos credores, em meio às necessidades de reforçar o balanço que já levaram a empresa controladora das Casas Bahia e do Ponto a anunciar um potencial aumento de capital no mês passado, disseram à Mover duas fontes com conhecimento do assunto.

Segundo as fontes, que pediram anonimato para falar sobre o tema, além da redução da dívida bancária, a Via (BOV:VIIA3) busca o alongamento de prazos de pagamento. As fontes também relataram que a estratégia permitiria impedir uma recuperação judicial da companhia, algo que os bancos também tentam evitar.

De acordo com o balanço da Via do segundo trimestre, o mais recente divulgado, empréstimos e financiamentos somavam R$8,69 bilhões, enquanto a dívida relacionada a operações de crédito direto ao consumidor, o famoso crediário, somava R$5,03 bilhões. Os juros que a Via paga sobre este valor são de 17,56% ao ano.

Para se ter uma ideia de comparação, o Ebitda do segundo trimestre foi de R$469 milhões, tão fraco que, se anualizado, estoura os limites dos covenants da Via. A companhia não pode se alavancar acima de 3,25 vezes o Ebitda Consolidado Ajustado. Ou seja, se a geração de caixa operacional não crescer, o limite de endividamento seria de cerca de R$6,10 bilhões, segundo cálculos apurados pela Mover.

Caso a companhia feche mais três trimestres acima do limite de covenants, os financiadores podem exigir a quitação da dívida, o que, segundo uma das fontes, forçaria uma recuperação judicial.

Uma terceira fonte, ligada a um dos bancos credores, disse à Mover que a Via vem tendo conversas ainda em estágio preliminar, mas que dificilmente conseguirá o chamado “haircut” de 50% da dívida total.

A fonte relata que ainda existem dúvidas sobre o real endividamento da companhia e que seria necessário um profundo trabalho de reconhecimento da situação da Via.

Um dos pontos elencados pela fonte deste banco é o volume de gastos financeiros com dívidas, arrendamento mercantil e risco sacado. Somente no segundo trimestre, a Via gastou R$1,87 bilhão com o pagamento de juros – ou seja, um valor substancialmente alto para uma dúvida total de R$8,69 bilhões. Isso representaria um juro médio de 83% ao ano sobre a dívida informada no balanço.

“A dívida bancária é de cerca de R$5 bilhões. Mas, o que vai significar 50% de haircut dessa dívida, quando, na verdade, acreditamos que o tamanho da alavancagem da Via é de quase 10 vezes isso?”, afirmou a fonte do banco credor. “Precisamos saber a real saúde financeira da companhia para engajar em uma negociação como essa.”

No final de agosto, a Via anunciou a contratação de bancos para uma potencial oferta de ações primária no valor estimado de R$1 bilhão, em meio a um plano de reestruturação que também inclui corte de custos, demissões, fechamento de lojas e um novo direcionamento estratégico traçado pelo CEO, Renato Franklin.

Procurada, a Via ainda não respondeu aos pedidos de comentários da Mover.

Informações TCMover
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