O IRB (Re) registrou lucro líquido de R$ 47,7 milhões no terceiro trimestre de 2023, ante prejuízo de R$ 298,7 milhões no 3T22.

Considerando o acumulado dos nove meses de 2023, o IRB(Re) registra lucro líquido de R$ 76,4 milhões, ante prejuízo de R$ 591,6 milhões no mesmo período de 2022, apontou o ressegurador.

A companhia ainda destacou que, em linha com a estratégia de revisão da carteira, pulverização de riscos e concentração de negócios no Brasil e na América Latina, pelo terceiro trimestre consecutivo, o IRB(Re) apresentou resultado de underwriting (subscrição) positivo em R$ 10,8 milhões, comparado a um resultado negativo de R$ 539,3 milhões no 3T22. Segundo a companhia, isso evidencia “uma carteira mais qualificada e com melhor rentabilidade”.

Já o índice de sinistralidade no 3T23 ficou em 74%, registrando queda de 42,8 pontos percentuais (p.p.) na comparação com o 3T22, de 116,8%. No acumulado dos nove meses de 2023 (9M23), o índice foi de 75,2%, comparado a 108,3% nos primeiros nove meses do ano passado.

No 3T23, o sinistro retido total diminuiu 54,5% para R$ 630,8 milhões.

A companhia mantém a meta de que negócios feitos no Brasil respondam por 80% do portfólio – com reforço dos diferenciais competitivos –, completando a carteira com 15% de prêmios emitidos na América Latina e 5% em outros mercados.

O prêmio emitido no Brasil totalizou R$ 1,674 bilhão no 3T23, um decréscimo de 3,7% em relação ao mesmo período de 2022, em linha com a estratégia de limpeza da carteira, com descontinuidade de alguns contratos. Rural e Aviation foram os segmentos que apresentaram quedas mais significativas.

Já o prêmio emitido no exterior totalizou R$ 293 milhões no 3T23, o que representou uma queda de 56,4% em relação ao 3T22. “Esta redução está em linha com a estratégia de limpeza de carteira amplamente divulgada pela companhia e redução da exposição internacional”, destacou a empresa.

A despesa total com retrocessão no 3T23 apresentou uma redução de 1,3% na comparação com o 3T22, passando de R$ 1,1586 bilhão para R$ 1,1436 bilhão. O índice de retrocessão saiu de 48% para 58,1%.

“Neste trimestre, assim como no 3T22, ocorreu uma operação denominada Loss Portfolio Transfer (LPT), na linha de Property doméstico, que, apesar de ter um efeito positivo nos índices regulatórios e na sinistralidade, agravou a linha de prêmio retrocedido em R$ 189,2 milhões. Expurgando-se o efeito do LPT, o custo de retrocessão subiria 5,9% e o índice de retrocessão no 3T23 seria de 48,5%, comparado com 37,4% no 3T22”, aponta. Retrocessão é o resseguro do resseguro, sendo a operação feita pelo ressegurador, que consiste na cessão de parte das responsabilidades por ele aceitas a outro ou outros resseguradores.

Suficiência do patrimônio e índice de cobertura

A companhia apresentou suficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 589 milhões. Assim, o patrimônio líquido ajustado correspondia a 150% do capital mínimo requerido na data.

Em 30 de setembro de 2023, o indicador de cobertura de provisões técnicas apresentou suficiência de R$ 608 milhões, em comparação ao saldo de R$ 326 milhões em 30 de setembro de 2022. “O indicador apresentou um volume mais que suficiente para fazer frente ao pagamento da parcela da Debêntures que foi paga no dia 15 de outubro no valor de R$ 487 milhões. Com o pagamento da debênture, naturalmente a margem se reduziu, mas o indicador ainda apresenta suficiência. A companhia já vem implementando medidas para a sua recomposição”, afirmou.

Os resultados da IRB (BOV:IRBR3) referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2023 foram divulgados no dia 09/11/2023.

Teleconferência

Em teleconferência de resultados na manhã desta sexta-feira (10), o CEO do IRB (Re), Marcos Falcão, afirmou que a companhia está entregando os resultados prometidos no início do ano e comemorou o balanço do terceiro trimestre de 2023. Às 13h50 (horário de Brasília) desta sexta-feira (10), as ações de IRB subiam 1,71%, a R$ 43,92.

Segundo o CEO, a empresa está trabalhando para que este patamar de resultados continue assim em 2024 e nos próximos anos. “Estamos confiantes. Sabemos que temos volatilidade no curto prazo, mas temos que olhar os dados com foco em médio e longo prazo”, afirma. O IRB (Re) registrou lucro líquido de R$ 47,7 milhões no 3T23 ante prejuízo de R$ 298,7 milhões no 3T22.

O foco da empresa continua em nacionalizar cada vez mais os seguros. Assim, permanece com expectativa de manter 80% da carteira no Brasil, 15% na América Latina e 5% em outros mercados. Ao fim do 3T23, os negócios no Brasil respondiam a 85%.

Para ter condições de voltar ao crescimento em 2024, a diretoria do IRB segue focada em limpar a carteira até o fim deste ano. De acordo com Daniel Castillo, Vice-Presidente de Resseguros do IRB, a empresa tem hoje uma carteira menor, mas mais rentável, com objetivo de ter mais equilíbrio, com melhor qualidade e rentabilidade.

Em 30 de setembro, o indicador de cobertura de provisões técnicas apresentou suficiência de R$ 608 milhões, em comparação ao saldo de R$ 326 milhões em 30 de setembro de 2022. “Mantemos provisões técnicas robustas e em linha com evolução do negócio”, afirmou Castillo.

O índice de sinistralidade de IRB no 3T23 ficou em 74%, registrando queda de 42,8 pontos percentuais (p.p.) na comparação com o 3T22, de 116,8%. “A sinistralidade é o fator de maior relevância para atingir os resultados esperados”, destacou Castillo.

  • Sem impactos do El Niño

Questionado sobre os efeitos do El Niño nos seguros do IRB, Castillo destacou que a empresa não prevê grandes impactos do fenômeno nos negócios até o final do primeiro semestre de 2024.

Segundo ele, o agro é um negócio que tem dispersão geográfica e permite equilíbrio das exposições. Mas, até o momento, a sinistralidade do segmento é bem melhor do que a esperada.

  • Índices regulatórios

Desde que a IRB sofreu desenquadramento regulatório em 2022, todos os trimestres os investidores acompanham de pertos os indicadores analisados pelos reguladores. No 3T23, o índice de suficiência regulatória do PLA chegou a 150% no 3T23, maior que os 122% do 2T23 e bem acima do comparativo anual. No 3T22, o índice estava em 109%.

Segundo Thaís Ricarte Peters, Diretora de Controles Internos, Riscos e Conformidade, o índice reflete o conjunto de melhorias que a companhia vem implementando ao longo dos últimos trimestres.

Já o índice combinado (ex-LPT) de IRB alcançou 108% no 3T23, o que “não é ideal, mas demonstra grande avanço”, segundo Rodrigo Botti, Vice-Presidente de IRB. Ele destacou que o percentual é bem melhor do que os 143% referente ao 3T22, mas ainda aquém do que a companhia almeja.

Ao comentar sua visão para 2024, Marcos Falcão destacou que espera preços favoráveis para subscrição e ambiente alto de juros, assim como um mercado volátil, e demanda por capacidade maior que a oferta. Com as renegociações de contratos, o CEO espera entrar o ano com uma carteira “mais limpa”, afastando o IRB das subscrições antigas.

VISÃO DO MERCADO

Apesar de abaixo do esperado pelo consenso de mercado, o lucro de R$ 47,7 milhões do IRB foi visto como um bom progresso pelos analistas que, contudo, ainda preferem ficar “à margem” dos papéis.

Genial Investimentos

A Genial destaca que o resultado ficou 8% abaixo das suas expectativas e 12% abaixo das estimativas do consenso de mercado. “Apesar do lucro ter ficado abaixo das projeções, a companhia mostra uma sequência de crescimento e melhora de rentabilidade, sinalizando que o processo de reestruturação pode estar sendo eficaz e que talvez possamos ver melhores resultados nos próximos trimestres”, aponta.

O trimestre apresentou um resultado de subscrição positivo em R$ 11 milhões, uma melhora significativa em relação ao 3T22 que apresentou um valor negativo de R$ 539 milhões. Os analistas ressaltam que o resultado operacional continua fraco com saldo negativo, porém apresenta uma melhora significativa na comparação anual, marcado por um índice combinado de 111% no 3T23 versus 156% no 3T22. “No entanto, essas melhoras não são suficientes para gerar lucro, que acaba sendo desenvolvido pelo resultado financeiro”, aponta.

No 3T23, a companhia divulgou suas estimativas de uso dos créditos tributários para os próximos anos. Na análise da Genial, a empresa estaria estimando um lucro de R$ 140,6 milhões para 2023, R$ 450 milhões para 2024 e chegando a R$ 1,1 bilhão em 2028.

“Acreditamos que o lucro para 2024 deve ficar um pouco mais fraco, mas esperamos que os anos seguintes fiquem próximos dos valores estimados com base no crédito tributário. Assim, vemos que a empresa deve começar a melhorar gradualmente seus resultados e voltar a entregar uma rentabilidade em patamares mais atrativos no longo prazo”, aponta.

A Genial reitera recomendação de manutenção, com preço-alvo para o final de 2024 em R$ 45,40, upside de 11%. “No momento, vemos os múltiplos da companhia em patamares justos”, avalia.

Santander

Já o Santander tem recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 29, ou queda de 33% frente o fechamento da véspera.

“O índice de sinistralidade, de 74% (estável no trimestre), decepcionou, em nossa opinião, pois esperávamos mais melhorias. Numa nota positiva, o crescimento dos prêmios superou o nosso número, aumentando localmente, ao mesmo tempo que reduziu a exposição internacional. As receitas financeiras também nos surpreenderam positivamente, impulsionadas pela valorização do dólar no período”, afirma o banco.

“Embora reconheçamos que o IRB está a passar por uma recuperação e saudemos a estratégia da empresa de reduzir os sinistros e a sua exposição a prêmios internacionais, preferimos ficar à margem enquanto a empresa percorre este caminho de recuperação. No entanto, reconhecemos as conquistas da empresa e a melhoria gradual dos resultados”, aponta.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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