A Petrobras deve ser mais cautelosa em relação à distribuição de
dividendos bilionários à medida em que busca se tornar uma potência
em energia renovável, disse o presidente da estatal, Jean Paul
Prates.
“Precisamos ser cautelosos. Os acionistas vão entender”, disse
Prates, em entrevista à Bloomberg, quando perguntado sobre um
eventual pagamento extraordinário de dividendos. “Eu seria mais
conservador do que agressivo. Estamos no meio dessa grande decisão
de nos tornarmos uma empresa de petróleo em transição.”
O executivo disse que, em dez anos, cerca de metade da receita
da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) virá de fontes eólicas,
solares e de combustíveis renováveis e a empresa está se preparando
para fazer aquisições e impulsionar essa mudança. O mercado aguarda
o pagamento de dividendos extraordinários por parte da Petrobras
quando a empresa divulgar o seu balanço, em 7 de março.
A petroleira foi a segunda maior pagadora de dividendos no setor
de petróleo em 2022, atrás apenas da Saudi Aramco. A empresa
precisa estar preparada para oportunidades de aquisição em energias
renováveis e petróleo, bem como investimentos em petroquímica e
produção de fertilizantes, afirmou o executivo.
- Às 16h40 (horário de Brasília) desta quarta-feira (28) os
papéis PETR3 tinham baixa de 5,40%, a R$ 40,33, enquanto os ativos
PETR4 tinham desvalorização de 5,50%, a R$ 41,55, com a baixa se
intensificando por volta das 16h40. Com a baixa, o valor de mercado
da estatal chegou a perder R$ 35 bilhões de valor de mercado, de R$
566 bilhões para R$ 531 bilhões.
Os analistas veem espaço para que a Petrobras recompense os
investidores com bilhões de dólares em dividendos extraordinários,
a serem anunciados quando a empresa divulgar seus resultados, em 7
de março. O Citi vê espaço para até US$ 7 bilhões, enquanto o
Goldman Sachs (GS) prevê até US$ 8 bilhões. A Petrobras foi a
segunda maior pagadora de dividendos no setor de petróleo em 2022,
atrás apenas da Saudi Aramco.
A Bloomberg ressalta que a determinação da Petrobras em avançar
para a energia limpa contrasta com a de alguns de seus pares
internacionais. Os pesos pesados europeus Shell e BP se afastaram
das energias renováveis para se concentrarem mais nos combustíveis
fósseis.
O Goldman Sachs ressaltou que os comentários poderiam ser
recebidos negativamente pelos investidores já que a maioria dos
investidores estão focados no potencial anúncio de dividendos
extraordinários do 4T. O banco tem recomendação de compra em
Petrobras, pois vê a empresa oferecendo um rendimento de fluxo de
caixa livre de cerca de 14% nos próximos 4 anos (entre 2024 e
2027), que está acima da média das principais empresas globais, de
10%. Contudo, aponta que o desconto com os pares está menor,
limitando o espaço para uma alta adicional da ação.
De acordo com Tiago Cunha, gestor de renda variável da Ace
Capital, as expectativas do mercado quanto ao pagamento de
dividendos estavam mais próximas de um valor máximo ao potencial a
ser distribuído. “A fala do presidente, nesse sentido, coloca uma
dúvida sobre qual será o percentual pago. Dependendo do percentual,
a Petrobras terá um ‘dividend yield’ próximo das outras grandes
empresas de petróleo no mundo, o que não justificaria uma
preferência pela empresa brasileira”, acrescentou.
Para Bruce Barbosa, sócio-fundador e analista da Nord Research,
as falas de Prates não são exatamente uma surpresa, uma vez que já
se tem falado da intenção da Petrobras de pagar menos dividendo e
investir mais. “Mas é difícil para a Petrobras, com o tamanho dela
e com o tamanho de fluxo de caixa, com o preço do petróleo lá em
cima e com o dólar valorizado achar onde investir esse dinheiro”,
afirma. Assim, a fala reforçando a intenção de menor pagamento de
proventos abalou o papel na sessão.
No ano passado, cabe ressaltar, as ações PETR4 despontaram entre
as maiores altas do Ibovespa com ganhos de 94,44%, muito
impulsionada pela política de dividendos extraordinários.
“Sabendo da necessidade do Governo de receber esses dividendos,
havia uma segurança grande de que a política se manteria (…). Hoje,
há uma possível frustração quanto a essa questão. Se isso vier, o
mercado deve pesar a mão no preço da companhia”, ressalta Diego
Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
No entanto, pondera, ainda não está claro quão grande serão os
investimentos que a empresa terá de fazer para tirar a transição
energética do papel.
“Mas a expectativa de que em 10 anos metade da receita será
fruto de renováveis dá uma ideia do tamanho dos aportes que deverão
ser feitos”, conclui.
- “Precisamos ser cautelosos. Os acionistas vão
entender”, disse Prates
“Precisamos ser cautelosos. Os acionistas vão entender”, disse
Prates no escritório da Bloomberg News em São Paulo, quando
perguntado sobre um eventual pagamento extraordinário de
dividendos. “Eu seria mais conservador do que agressivo. Estamos no
meio dessa grande decisão de nos tornarmos uma empresa de petróleo
em transição.”
Os analistas veem espaço para que a Petrobras recompense os
investidores com bilhões de dólares em dividendos extraordinários,
a serem anunciados quando a empresa divulgar seus lucros em 7 de
março. O Citi vê espaço para até US$ 7 bilhões, enquanto o Goldman
Sachs prevê até US$ 8 bilhões. A Petrobras foi a segunda maior
pagadora de dividendos no setor de petróleo em 2022, atrás apenas
da Saudi Aramco. A determinação da Petrobras em avançar para a
energia limpa contrasta com a de alguns de seus pares
internacionais. Os pesos pesados europeus Shell e BP se afastaram
das energias renováveis para se concentrarem mais nos combustíveis
fósseis.
As grandes petrolíferas norte-americanas Chevron e Exxon Mobil
nunca fizeram da energia eólica e solar uma prioridade e
concentraram seus planos de negócios em petróleo e gás. Foco em
energia renovável O executivo de 55 anos, que assumiu o comando da
Petrobras em janeiro de 2023, descartou a possibilidade de fazer
“mudanças drásticas” na estratégia.
No entanto, disse, a empresa precisa estar preparada para
oportunidades de aquisição em energias renováveis e petróleo, bem
como investimentos em petroquímica e produção de fertilizantes. A
Petrobras está pensando em investir em projetos eólicos e solares
em terra firme no Brasil antes de passar para a energia eólica
offshore, e está ampliando o combustível à base vegetal para a
aviação e o transporte marítimo, dois dos setores mais difíceis de
descarbonizar.
Prates disse que o Brasil tem melhores condições para projetos
eólicos offshore do que os EUA ou os países do Mar do Norte, e que
o desenvolvimento do setor no Brasil proporcionará uma nova linha
de negócios para os mesmos tipos de prestadores de serviços que o
país utiliza para projetos de petróleo.
Uma de suas principais preocupações é que o Brasil não terá
fornecedores suficientes para seus projetos de petróleo à medida
que o mundo começar a se afastar dos hidrocarbonetos. “A coisa mais
assustadora que vejo em 10 anos é uma crise com fornecedores”, Jean
Paul Prates.
Como resultado, a Petrobras está conversando com o governo sobre
uma política industrial para apoiar fornecedores de equipamentos e
estaleiros no Brasil. Ela também está identificando maneiras de
obter bens e serviços importantes de países vizinhos e aliados
geopolíticos. Um dos principais pilares da política econômica do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um amplo plano de
reindustrialização que fornecerá crédito e financiamento a setores
como saúde, defesa e agronegócio, além de iniciativas para promover
uma transição verde no Brasil.
Prates disse que a Petrobras, como uma empresa de controle
estatal, precisa participar das decisões de política energética com
o governo. Mas essa coordenação não significa que o governo esteja
interferindo na estratégia de negócios da empresa, disse ele.
“Considero isso mais como um prêmio do que como um fardo”, disse
Prates. “Quem é o outro CEO no Brasil que pode estar com o
presidente da República a cada 15 dias? Isso resolve uma série de
problemas.”
A Petrobras também está em negociações com a Mubadala Capital, o
braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, para se
tornar sócia de uma refinaria que a estatal vendeu na gestão
anterior. Os dois lados podem chegar a um acordo até o final do
ano, disse Prates. Ele acrescentou que as refinarias da Petrobras
não foram projetadas para competir umas com as outras e que a
unidade vem enfrentando dificuldades desde que foi vendida.
A Mubadala Capital está expandindo a refinaria de Mataripe, no
estado da Bahia, no nordeste do país, para produzir combustíveis
renováveis, um projeto que interessa à Petrobras. Prates disse que
a empresa não necessariamente operaria a refinaria, e que ela
poderia ser dividida em algumas empresas separadas. “Gostaríamos de
participar disso. Eles nos convidaram”, disse Prates. “Seremos
capazes de reincorporar a refinaria ao sistema.”
Informações BDM, Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2024 até Jul 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jul 2023 até Jul 2024