Energisa anuncia compra de 70% da Clarke Energy
22 Março 2024 - 11:04AM
ADVFN News
A Energisa acaba de anunciar que está comprando a Clarke Energy,
uma startup que atua no mercado de gestão de energia intermediando
a compra e venda de megawatts para empresas que operam na média e
alta tensão.
O valor da aquisição não foi revelado, mas a Energisa
(BOV:ENGI11) disse que comprou 70% da Clarke, com os
fundadores ficando com os 30% restantes.
boopo pedro rioOs vendedores foram fundos de venture capital que
investiram na Clarke no início da operação, incluindo a Canary, a
NIO Ventures, a CSN Ventures e a EDP Ventures.
A transação foi estruturada com uma secundária – que limpou o
cap table – e uma primária que injetou recursos no caixa para
ajudar a empresa a crescer.
O modelo de gestão de energia já existe há décadas no Brasil,
mas a Clarke inovou ao levar este mercado do analógico para o
digital.
O co-fundador da Clarke, Pedro Rio, disse ao Brazil Journal que
a atuação de um gestor de energia é como se fosse “a mistura de um
corretor com um contador.”
“A primeira etapa é ajudar o consumidor a comprar a energia no
mercado livre, e para isso fazemos uma concorrência para ele.
Depois passamos a atuar como o gestor da energia dele, fazendo
relatórios, acompanhando os custos e vendo oportunidades de reduzir
esses custos,” disse ele.
A Clarke já tem 300 clientes ativos, incluindo empresas como a
Mobly, Le Cordon Bleu e o Clube de Regatas Flamengo, que consomem
juntos cerca de 200 GWh de energia por ano. Na outra ponta, ela
opera com 60 fornecedores de energia diferentes, incluindo a
própria Energisa.
Roberta Godoi, a vp de soluções energéticas da Energisa, disse
que a ideia com a aquisição é manter o modelo de marketplace, sem
que a Energisa tenha qualquer privilégio na plataforma.
“A Clarke precisa ter isonomia com seus fornecedores para
oferecer a melhor opção ao cliente. Não vamos mudar isso. Tanto que
as empresas vão se manter separadas, com autonomia nas tomadas de
decisão,” disse ela.
O investimento na Clarke é uma aposta da Energisa na abertura do
mercado livre de energia — que já começou a acontecer. Até pouco
tempo, só podiam comprar energia no mercado livre empresas de média
e alta tensão que consumiam mais de 500 KWh por ano. A partir de
janeiro, o mercado foi aberto para todas as empresas de média e
alta tensão, mesmo as que consomem menos do que isso.
A expectativa entre os players do setor é que o mercado seja
aberto também para o consumidor de baixa tensão (pequenos comércios
e residências) nos próximos anos, o que vai incluir 84 milhões de
novos potenciais clientes.
O PL 414 — em tramitação no Congresso — prevê que o mercado
livre seja liberado para empresas de baixa tensão em 2026 e para as
residências dois anos depois.
Para Pedro, o modelo de gestor de energia deve ser o
preponderante nessa abertura de mercado.
“Temos vários dados que mostram que comprar de um fornecedor X
sem a Clarke é mais caro do que comprar com a Clarke, mesmo
considerando a comissão que a gente cobra,” disse ele. “Isso
acontece porque automatizamos tanto o sistema que conseguimos
cobrar pouco e gerar competição, o que reduz os preços.”
Segundo ele, o gestor de energia tradicional, analógico, fazia
as cotações de preço de energia por email ou Whatsapp. “A gente tem
integrações via API com alguns fornecedores, e outros colocam os
dados digitalmente na nossa plataforma,” disse ele.
Com o investimento da Energisa, o plano da Clarke é chegar a 700
clientes no final do ano e a 2 mil no final de 2025.
Em quatro anos, a meta é chegar a 20 mil unidades consumidoras,
atingindo cerca de 10% do mercado total de empresas que hoje podem
comprar no mercado livre.
Informações BrazilJournal
ENERGISA (BOV:ENGI11)
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