A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou a aprovação, sem restrições, nesta terça-feira (26) da união entre o Grupo Soma (BOV:SOMA3) e a Arezzo&Co (BOV:ARZZ3), conforme despacho publicado no site do órgão regulador.

A combinação forma uma empresa com faturamento de R$ 12 bilhões. Juntas, elas terão 34 marcas sob gestão, entre elas Schutz, AR&CO, Anacapri, Farm, Hering, Animale e NV, e mais de 2 mil lojas próprias e franquias.

A recomendação da superintendência vira uma aprovação efetiva pelo órgão regulador caso não haja manifestação pelo Tribunal do Cade ou recursos por terceiros interessados no prazo de 15 dias.

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

Para o Bradesco BBI, a liberação antes que o esperado é positiva, podendo acelerar a finalização da operação. Os analistas liderados por Pedro Pinto escrevem, em relatório, que isso pode agilizar o início dos trabalhos formais para a união operacional e estratégica das duas companhias e reduzir riscos de sinergias.

O banco reitera sua expectativa que a operação deve ser finalizada até o fim do segundo trimestre, dado que as assembleias das duas empresas ainda precisam aprovar a operação, vendo sinergias significativas a serem destravadas a partir de então.

O Bradesco BBI tem recomendações de compra para Arezzo &Co e Grupo Soma, com preços-alvos em R$ 75 e R$ 9, respectivamente, potenciais de alta de 20,6% e 21,8% sobre os fechamentos de ontem.

Goldman Sachs

Para o Goldman Sachs, a aprovação antes do esperado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) permite que Arezzo &Co e Grupo Soma comecem os trabalhos conjuntos para implementação da fusão, diz o banco.

Os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini afirmam que a expectativa das companhias é que os seus acionistas aprovem a operação em maio, o que vai permitir a finalização da operação.

O banco destaca que a decisão do Cade ainda não é final, podendo ser contestada pelo tribunal da autarquia, cenário improvável, mas que pode atrasar a conclusão da fusão.

O Goldman Sachs tem recomendação de compra para Arezzo &Co, com preço-alvo em R$ 91. Há pouco, as ações subiam 1,71%, cotadas em R$ 63,22. Já Grupo Soma, sem cobertura, avança 0,68%, a R$ 7,44.

Órama

Phil Soares, analista da Órama, não está tão otimista sobre a fusão que se aproxima. Para ele, um ponto de preocupação é o fato de a Hering ainda estar em um processo de recuperação que ainda não foi totalmente concluído. Logo, a compra de uma companhia que tem em seu guarda-chuva uma outra empresa que não está em seu melhor momento, pode trazer riscos.

“A Hering estava em processo de volta por cima há muito tempo e ela é 40% da Soma em termos de receita, então é uma companhia que vem com um desafio junto”, diz.

O analista também comentou o ponto das sinergias que podem ser trazidas com a fusão. Por um lado, Soares entende que há sinergias entre Arezzo e Hering, uma vez que ambas trabalham com modelo de franquia forte. Por outro lado, isso é diferente do que acontece com a Soma, o que pode dificultar um pouco esse processo.

“A Arezzo queria ter comprado a Hering, e faz mais sentido, porque Arezzo trabalha com base de franquia muito grande, então tem muito espaço para sinergia. A Soma, não. Então o espaço para Sinergia é menor. E o desempenho da unidade de negócio da Hering ainda está aquém do esperado. Então, a gente vê como um deasfio maior pela frente. A Arezzo estava com um negócio ‘bem redondo’ e agora pode ter desafios”, diz.

E os papéis, como ficam?

Na prática, todas as ações da Soma serão convertidas em papéis da Arezzo. A proporção será a seguinte: cada ação da Soma se transformará em 0,12 ação da Arezzo. Assim, um investidor que possui 100 ações da Soma passará a ter 12 ações da Arezzo. Se ele possuir 80 ações da Soma, receberá nove ações da Arezzo e o restante será pago em dinheiro.

Entretanto, esse processo poderia ocorrer de outra maneira. “Há casos em que a aquisição é realizada com parte do pagamento em dinheiro, por exemplo. Na aquisição da Sinqia pela Evertec, 90% do valor da transação foi pago em dinheiro. Os acionistas da Sinqia receberam um valor por ação da Sinqia, além de BDRs da Evertec”, explica o analista da Órama. Para quem não está familiarizado, os BDRs são títulos que refletem ações de empresas estrangeiras (como a Evertec) no mercado brasileiro.

“Outro exemplo é quando uma empresa adquire o controle de outra. A CPFL, por exemplo, foi adquirida pela State Grid. Nesse caso, as ações da CPFL permaneceram as mesmas, enquanto o controlador da empresa mudou”, acrescenta.

Do ponto de vista legal, Soares explica que se 95% das ações de uma empresa forem adquiridas por outra, o capital da empresa pode ser fechado e as ações deixarão de ser negociadas.

Flávio Conde, analista da Levante, esclarece que as decisões geralmente são submetidas a análises da área tributária das empresas. No caso da Soma e da Arezzo, há outro ponto relevante: o “ágio” pago pela Soma na aquisição da Hering. O ágio representa a diferença entre o custo da aquisição e o patrimônio líquido da empresa. Segundo o especialista, o Fisco considera que esse ágio pode ser utilizado para abater pagamentos de imposto de renda sobre lucros futuros.

“As equipes financeiras das empresas perceberam que uma maneira de aproveitar o ágio era justamente incorporar a Soma à Arezzo”, afirma.

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