Equatorial coloca ativos de transmissão à venda para investir em saneamento com a Sabesp
02 Julho 2024 - 10:37PM
ADVFN News
A Equatorial Energia colocou ativos de transmissão à venda, como
estratégia para fortalecer sua estrutura de capital para
diversificar suas operações em saneamento, a partir de uma fatia de
15% da Sabesp, pela qual pagará pelo menos R$ 6,9 bilhões. Algumas
linhas de transmissão do grupo já foram oferecidas a potenciais
investidores, apurou o Estadão/Broadcast. Os termos da privatização
da Sabesp preveem investimentos de R$ 70 bilhões até 2029 para
universalização de serviços de água e esgoto.
A Equatorial (BOV:EQTL3) tem atualmente nove
concessionárias de transmissão, operando 3,2 mil quilômetros de
linhas, em seis Estados. A Receita Anual Permitida (RAP) desses
ativos soma R$ 1,3 bilhão. Uma pessoa com conhecimento do assunto
disse que a ideia da empresa não é deixar o segmento de
transmissão, mas apenas fazer uma “reciclagem de capital”.
O movimento não é inédito para a Equatorial. No ano passado, a
companhia fechou a venda de 100% da Integração Transmissora de
Energia S.A. (Intesa), para a Infraestrutura e Energia Brasil SA,
numa operação envolvendo R$ 714 milhões, incluindo dívida.
Analistas não descartam que a empresa teste o mercado para
outros ativos, em especial no segmento de geração, no qual a
Equatorial tem 12 parques eólicos em operação, com 1,2 gigawatt
(GW) de capacidade, além de uma usina solar de 283 MWp também
operacional e um parque em fase adiantada de construção.
Oficialmente, a empresa afirma, em documento de non deal
roadshow divulgado nesta terça-feira, 2, que possui um
financiamento-ponte garantido com prazo de 18 meses e que tem
“diversas alternativas a serem exploradas para a contratação do
financiamento de longo prazo para a aquisição” da Sabesp.
Empréstimo
O Estadão/Broadcast apurou que a empresa já contratou bancos
para levantar mais de R$ 5 bilhões. As instituições financeiras
farão um empréstimo-ponte de 18 meses, garantido por debêntures,
para posteriormente viabilizarem uma saída com venda ao mercado. A
estrutura é semelhante à utilizada pela Iguá e pela Aegea para
financiar a concessão dos serviços da Companhia Estadual de Águas e
Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae), que passou em 2021 para a
iniciativa privada, disseram fontes.
Estimativas iniciais feitas pela equipe de análise do Safra
indicam que a operação da Sabesp resultará em um aumento da
alavancagem (multiplicação da rentabilidade por meio de
endividamento) para 4 vezes a dívida líquida/Ebitda, acima das 3,3
vezes reportadas no primeiro trimestre deste ano. A empresa possui
compromissos financeiros (covenants) que limitam o indicador a 4,5
vezes.
Para os analistas Daniel Travitzky, Carolina Carneiro e Mario
Wobeto, embora a Equantorial tenha espaço em balanço para financiar
a aquisição com dívida, tendo em vista a atual taxa Selic e o fato
de um nível de alavancagem de 4 vezes parecer alto em comparação
com outras empresas do setor de utitilies, a empresa poderia
“escolher soluções alternativas para financiar esta transação”.
Essa avaliação também leva em consideração que os analistas
vislumbram oportunidades adicionais de crescimento para Equatorial,
em especial com outros leilões de saneamento esperados para
2024.
Ao apresentar sua visão sobre a operação na Sabesp, a Equatorial
diz ter como objetivo transformar a empresa paulista em seu
“veículo exclusivo” para investimentos em saneamento. A companhia
destaca que o setor vai precisar de R$ 900 bilhões em investimentos
no Brasil para levar água e esgoto a 100% da população nos próximos
anos.
“Sabesp é a plataforma melhor posicionada para buscar
oportunidades de crescimento inorgânico”, afirma a Equatorial,
destacando que nos últimos cinco anos tem “consistentemente
analisado” oportunidades no setor de saneamento. A empresa de
energia promete utilizar sua “extensiva experiência na realização”
de investimentos (capex) para otimizar a performance financeira da
Sabesp.
A empresa de Saneamento de São Paulo é descrita como tendo
“perspectiva robusta de crescimento” pela frente, além de possuir
todas as receitas reguladas, o que garante “alta previsibilidade e
estabilidade” do fluxo de caixa da companhia.
“A plataforma será operada por uma das principais companhias de
utilities no Brasil, reconhecida por retornos excepcionais no longo
prazo”, afirma a Equatorial. A empresa de energia promete utilizar
sua “extensiva experiência na realização” de investimentos (capex)
para otimizar a performance financeira da Sabesp.
A companhia ressalta ainda que o modelo de governança proposto
pelo governo paulista na privatização “facilita uma colaboração
efetiva” entre as partes, “garantindo a realização dessas alavancas
de valor”.
Em parceria com o governo paulista, a Equatorial poderá eleger o
presidente do conselho de administração da Sabesp e da companhia,
além de participar das principais decisões da companhia, ressalta o
documento.
A Equatorial, que teve receita líquida de R$ 40,7 bilhões no
primeiro trimestre de 2024, tem uma concessão de saneamento, que
atende 800 mil pessoas. Já em energia, tem 14 ativos de geração, 7
linhas de transmissão e 7 distribuidoras.
A Equatorial foi a única companhia a fazer uma oferta para se
tornar investidor de referência da Sabesp privatizada. A companhia
se qualificou com uma ordem de R$ 67,00 por ação, acima do mínimo
de referência estabelecido pelo governo e cujo valor não foi
revelado. O processo de venda da fatia de 17% ao mercado ocorre no
dia 18 próximo.
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