A Cyrela Brazil Realty apresentou lucro líquido de R$ 412 milhões no segundo trimestre de 2024, aumento de 47% em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com balanço publicado há pouco.

O aumento do lucro está relacionado à expansão dos lançamentos e das vendas no acumulado dos últimos trimestres, com incremento da receita, diluição de custos e aumento da margem operacional. Além disso, os novos projetos também estão mais rentáveis, com margens mais folgadas.

A companhia também ampliou das receitas oriundas de financiamentos, por meio da fintech CashMe. Além disso, a Cyrela reportou um efeito não recorrente de R$ 56 milhões com vendas de ações da Cury, na qual detém participação.

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A receita líquida totalizou R$ 1,857 bilhão, crescimento de 14% na mesma base de comparação anual.

A margem bruta subiu 0,6 ponto porcentual, para 32,9%. A margem bruta ajustada (excluindo juros apropriados no custo) também teve alta de 0,6 p.p, indo a 34,7%. Segundo a companhia, o aumento na margem bruta pode ser explicado, principalmente, pela recuperação nas margens dos novos lançamentos.

A margem líquida teve um incremento de 5,1 p.p., para 22,2%.

As despesas comerciais atingiram R$ 148 milhões, recuo de 5%, enquanto as despesas gerais e administrativas foram de R$ 110 milhões, alta de 7%.

A Cyrela informou que as despesas com provisões e indenizações aumentou 11%, indo a R$ 44 milhões.

O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma receita de R$ 45 milhões, que foi 53% maior.

A Cyrela reportou consumo de caixa de R$ 61 milhões.

A dívida líquida ajustada no fim do trimestre era de R$ 799 milhões, um aumento de 72% em um ano. A incorporadora tem R$ 4,8 bilhões em caixa e outras disponibilidades. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) é de 9,1%.

Os lançamentos caíram 59% no segundo trimestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, para R$ 1,036 bilhão. As vendas líquidas recuaram 6%, ficando em R$ 1,713 bilhão. Por sua vez, no acumulado do primeiro semestre, os lançamentos encolheram 35% na comparação anual, para R$ 2,231 bilhões, enquanto as vendas cresceram 12%, para R$ 3,290 bilhões, conforme relatório operacional já divulgado.

Em sua apresentação de resultados, a Cyrela destacou que a piora do cenário macroeconômico global frustrou as expectativas de Selic a um dígito no Brasil. Apesar disso, a companhia apontou que houve muita resiliência na atividade imobiliária, com vendas robustas apesar de lançamentos mais fracos.

“Nossos resultados financeiros refletiram a solidez operacional de nossa atuação nos últimos trimestres”, descreveu a administração.

“Seguimos confiantes com a estratégia adotada nos últimos anos, focados na diferenciação de nossos produtos e esperamos trazer bons resultados”, emendou.

Os resultados da Cyrela (BOV:CYRE3) referentes às suas operações do segundo trimestre de 2024 foram divulgados no dia 08/08/2024.

Teleconferência

A Cyrela tem observado uma alta nos custos de construção, tema que é visto com preocupação pela liderança da companhia, mas isso não deve impactar as margens futuras da construtora, afirmou o diretor financeiro da empresa, Miguel Mickelberg, nesta sexta-feira.

“Os nossos custos têm ainda subido, em geral, um pouco acima do INCC”, afirmou o executivo, referindo-se ao Índice Nacional de Custo da Construção.

“Não acho que vai gerar impacto nas nossas margens brutas para frente, mas com certeza é um dos temas com os quais a gente mais tem que prestar atenção e gerenciar aqui dentro”, acrescentou.

“Custos estão entre nossas maiores preocupações, a gente já vem falando há vários ‘calls’ sobre a escassez de mão de obra que a gente tem em São Paulo”, afirmou Mickelberg junto ao presidente da Cyrela, Raphael Horn. “Tem sido difícil navegar nesse ambiente.”

Mesmo assim, os executivos disseram que ainda veem a margem bruta da companhia rondando um patamar próximo de 33% a 34%.

Com relação a fluxo de caixa, o CFO afirmou que se mantém a expectativa sinalizada no início do ano de caixa neutro ou geração de até 200 milhões de reais em 2024.

Entre abril a junho deste ano, o consumo de caixa somou 61 milhões de reais, versus geração de 22 milhões de reais no mesmo período do ano passado e contra fluxo positivo de 130 milhões no trimestre imediatamente anterior.

Segundo Mickelberg, a geração de caixa no primeiro trimestre veio um pouco acima da expectativa, enquanto os números do segundo trimestre foram levemente inferiores ao esperado.

“Para o ano que vem a dinâmica deve ser mais favorável, mas é claro que ainda é muito cedo para falar”, afirmou o executivo.

“Nossos modelos são muito sensíveis, principalmente à compra de terrenos e vendas… mas a gente imagina que no ano que vem a gente tenha uma dinâmica mais positiva.”

VISÃO DO MERCADO

A Cyrela registrou um aumento de 47% no lucro líquido do segundo trimestre em relação ao reportado no mesmo período do ano passado, para R$ 412 milhões. A expectativa média de analistas apontava para um lucro líquido menor, de 332 milhões de reais, segundo dados da Lseg.

O Bradesco BBI disse que a construtora apresentou resultados impressionantes, superando suas projeções e do consenso em 7% e 25%, respectivamente, impulsionados não apenas pela venda de ações Cury, mas também pelo forte momento operacional da empresa (VSO de 53% no 2T24, +4,5 p.p em base anual).

A Cyrela parece estar encerrando o ciclo 2020-21 em 2024 e se preparando para se tornar uma empresa de R$ 8 bilhões em VGV/ano, ao mesmo tempo que consegue manter métricas financeiras sólidas, o que deve traduzir em geração de caixa e forte impulso de lucros no futuro. O BBI reforça Cyrela como sua escolha preferida entre nomes de renda média-alta, negociando a um preço descontado de 5,3 vezes o múltiplo Preço/Lucro para 2025.

Na avaliação da XP, a companhia registrou resultados mais fortes do que o esperado no 2T24, com sólida expansão da receita, margem bruta se recuperando para 32,9%. A XP mantém recomendação de compra e preço alvo de R$ 30.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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