As ações da Petz acumularam ganhos de 35,36% em apenas duas sessões (entre sexta e segunda-feira) após o anúncio de acordo fechado para fusão com a Cobasi. Isso fez com que os ativos acumulassem alta de 18,22% no ano, mas ainda uma queda de 12,05% nos últimos doze meses.

Em relatórios recentes, analistas destacam os principais pontos do acordo e os próximos passos – e seus impactos para as ações.

O Bradesco BBI ressalta que, com o contrato de fusão assinado, o rendimento total é de 25% do dividendo extraordinário se os termos forem concluídos.

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Os termos do acordo de fusão incluem:

• Uma fusão entre a Petz (BOV:PETZ3) e uma subsidiária integral da Cobasi (NewCo), seguida por uma fusão subsequente desta subsidiária com sua controladora Cobasi (Empresa combinada). • Os acionistas da Petz receberão ações representando 52,6% das ações da “Empresa combinada”.

• R$ 400 milhões em contrapartida a serem pagos aos acionistas da Petz – R$ 130 milhões em dividendos antes do fechamento da fusão e R$ 270 milhões em uma base pro-rata de acordo com as participações dos acionistas da Petz na data de fechamento, a serem pagos 15 dias após a data de fechamento.

• Um empréstimo será oferecido aos acionistas da Petz no caso de serem cobrados impostos sobre ganhos de capital (a suposição do acordo é imposto zero sobre ganhos de capital) – o valor do empréstimo será igual ao imposto de renda potencial devido.

No caso de uma decisão judicial desfavorável contra o contribuinte em uma contestação legal do imposto sobre ganhos de capital, a Companhia Combinada indenizará o acionista da Petz que entrou com a ação legal.

O banco ressalta a visão da administração da Petz, que organizou uma teleconferência para comentar sobre o acordo, além dos resultados do 2T24. Os principais destaques foram: (i) R$ 220-330 milhões em sinergias de Ebitda anualizadas em potencial máximo (ou seja, 50-70% do Ebitda proforma de 2023 da Companhia Combinada), (ii) 85% das sinergias potenciais totais a serem capturadas em um prazo de 3 anos e (iii) expectativa de um prazo potencial de 6-9 meses para aprovação antitruste ordinária.

O BBI aponta notícias positivas sobre a materialização de um gatilho-chave aguardado para a Petz. À primeira vista, houve pequenas mudanças em relação aos termos anunciados anteriormente, em 19 de abril.

A participação potencial dos acionistas da Petz na “Empresa Combinada” aumentou de 50% para 52,6%, enquanto o dividendo extraordinário diminuiu de R$ 450 milhões para R$ 400 milhões. Por outro lado, sente algum nível de incerteza de alguns investidores, pois o prêmio em dinheiro percebido pago aos acionistas da Petz pode ser, até certo ponto, menor do que os R$ 400 milhões anunciados (e R$ 450 milhões no MoU – memorando de entendimento – de abril), em um cenário em que considera que uma parte do dividendo é, em última análise, paga pela própria Petz e não necessariamente um valor incremental/prêmio.

Embora ainda existam os riscos percebidos acima para o progresso da fusão, o BBI mantém a recomendação neutra por enquanto para PETZ3.

A Genial também ressalta que este é um evento bastante positivo para a companhia e que vem em um bom momento − uma vez que “burburinhos” de que a transação poderia não acontecer começavam a ecoar no buy-side.

“Após finalizado e aprovado pelo Cade, o qual deve trazer alguns remédios antitrustes, principalmente na região metropolitana de São Paulo, o M&A (operação de fusão e aquisição) cria um novo gigante brasileiro no mercado pet e traz uma reprecificação de lucro esperado para NewCo já em 2025”, avalia a casa. A Genial tem recomendação neutra para os ativos da Petz, com preço-alvo de R$ 4,20.

Já na sexta, a Nord Research avaliou que a concretização de um evento transformacional, que acelera e eleva o potencial de crescimento, impacta positivamente na rentabilidade, vendo as ações da Petz como uma oportunidade de investimentos.

Desafios e oportunidades

A Levante, por sua vez, ressalta que, juntas, Petz e Cobasi somam mais de 500 lojas em operação, além de uma presença online robusta que busca desafiar o domínio dos marketplaces, como Mercado Livre e Amazon, no comércio digital de produtos para pets.

“Com a conclusão da operação, a Petz assume uma posição de destaque no mercado, consolidando-se como líder absoluta no setor. A nova empresa resultante da fusão passa a deter uma participação de mercado significativa, reforçando sua competitividade em um segmento que tem mostrado crescimento acelerado nos últimos anos”, avalia a casa de research.

Para a Levante, uma das principais oportunidades que a Petz deverá capturar com a fusão é a ampliação de sua base de clientes. Ambas as marcas possuem um público fiel e leal, e a junção de suas operações permite uma expansão geográfica mais rápida e eficiente. Com a Cobasi presente em regiões onde a Petz ainda não tinha grande penetração, a nova companhia terá mais capilaridade para explorar novos mercados e atender uma base de consumidores ainda maior. Além disso, o aumento da variedade de produtos e serviços oferecidos será um atrativo para consumidores que buscam uma experiência completa no cuidado com seus pets. Outra vantagem evidente para a Petz será o fortalecimento da sua plataforma omnichannel (multicanais).

Petz e Cobasi já possuíam operações digitais consolidadas, mas a fusão permitirá uma integração mais eficaz dos canais online e offline, potencializando o alcance das vendas e melhorando a experiência do cliente. A sinergia entre as operações digitais das duas empresas promete reforçar a estratégia de e-commerce da companhia, que já vinha crescendo de forma acelerada, especialmente após a pandemia.

Para a Levante, apesar dos pontos positivos, a fusão também traz consigo desafios consideráveis. A integração de duas operações tão grandes e complexas exigirá um esforço significativo em termos de harmonização de processos e culturas organizacionais, avalia a equipe de análise.

A Petz, que será a controladora da nova empresa, terá que lidar com a tarefa de unificar equipes, padronizar sistemas e alinhar estratégias, garantindo que os objetivos corporativos sejam atingidos de maneira eficiente e sem gerar rupturas nos serviços oferecidos aos consumidores. “Além disso, a pressão competitiva dos marketplaces é uma questão que não pode ser ignorada”, aponta a Levante.

Os analistas avaliam que a nova empresa terá que desenvolver estratégias robustas para enfrentar essa concorrência, investindo em inovação, melhoria logística e experiência do cliente para se diferenciar das plataformas digitais de comércio geral.

“Ainda assim, embora os próximos trimestres ainda devam ser desafiadores em termos de rentabilidade e crescimento sustentável para a Petz, se bem executada, o sucesso da fusão com a Cobasi pode ser um divisor de águas para o futuro da varejista”, conclui.

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