O novo presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, buscará
acelerar a estratégia da companhia, tendo como alguns dos
principais focos recuperar capacidade de produção perdida de
minério de ferro e melhorar a comunicação da companhia com
autoridades e população brasileira em geral.
Tais mensagens foram passadas pelo executivo nesta quarta-feira,
em sua primeira reunião com analistas de mercado, após ter iniciado
seu mandato no início do mês, segundo relatórios de alguns bancos,
enviados a clientes.
“Não ouvimos nada que pudesse mudar a tese de investimento. As
mudanças mais notáveis parecem ser acelerar a estratégia
comercial em minério de ferro em direção a produtos de maior
qualidade… e um impulso mais forte na eficiência/produtividade; e
melhor comunicação sobre os benefícios da Vale para o Brasil, para
autoridades e população em geral”, afirmaram analistas do Citi, em
relatório.
O banco destacou que Pimenta deseja expandir a produção de
minério de ferro para 340 milhões a 360 milhões de toneladas por
ano — ante a previsão de entre 323 milhões e 330 milhões de
toneladas para 2024 — sem informar um prazo. A companhia, segundo o
Citi, reconhece uma desacaleração da demanda chinesa pelo minério
de ferro, mas que observa crescimento potencial da Índia e do
Sudeste Asiático.
Na véspera, a companhia anunciou a saída de Marcello Spinelli do
cargo de vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro,
a primeira grande mudança na diretoria sob o comando do novo
presidente-executivo.
No lugar de Spinelli, em caráter interino, ficará o atual
diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da companhia,
Rogério Nogueira, que assumiu a posição nesta quarta-feira e
permanece até 31 de dezembro.
A escolha de Nogueira, segundo o Citi, reconhece “seu profundo
conhecimento técnico e necessidade de estar cada vez mais próximo
dos clientes”. A Vale (BOV:VALE3) tem sentido uma demanda futura
cada vez mais forte por produtos aglomerados e trabalha para
atender expectativas do mercado relacionadas a mistura correta do
minério, segundo o banco.
Nesse cenário, a companhia ainda enfrenta desafios operacionais
após o rompimento de barragens em Minas Gerais, com exigências mais
elevadas relacionadas à segurança e também à necessidade de migrar
para outros processos que lidam com rejeitos do processamento de
minério de ferro como alternativa às barragens.
“Os projetos que a Vale está trazendo para atingir a capacidade
alvo de 350 milhões de toneladas vêm com uma intensidade de Capex
muito baixa… pois são projetos existentes sendo recuperados e que
já são atendidos por soluções de logística”, disseram analistas do
JP Morgan, em relatório.
“Os volumes adicionados também aumentarão a qualidade do
portfólio geral de produtos da Vale.”
Relatório do Santander também destacou que Pimenta quer reduzir
custos, com o custo de caixa C1 abaixo de 20 dólares por tonelada,
e aumentar a eficiência organizacional, investindo em novas
tecnologias para aumentar a produtividade sem comprometer a
segurança.
- COMUNICAÇÃO E METAIS BÁSICOS
Os analistas destacaram ainda que a Vale planeja melhorar sua
comunicação com autoridades e sociedade em geral.
“A agenda institucional é muito importante. A diretoria sente
que há uma oportunidade de melhorar as comunicações com as partes
interessadas, particularmente com o governo, para que todas as
partes saibam o que a Vale está fazendo”, afirmaram analistas do JP
Morgan.
“Não se trata de fazer algo diferente ou além do que está sendo
feito. Trata-se de comunicar melhor e conduzir uma agenda positiva
com as partes interessadas. Esta é uma fruta fácil de colher para a
diretoria com impacto potencial substancial para a Vale.”
Do lado de metais básicos, os analistas apontaram que Pimenta
buscará aumentar sua atuação em metais básicos, com maior destaque
para o cobre, cuja produção poderá atingir 500 mil toneladas até
2028.
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VISÃO DO MERCADO
XP Investimentos
A XP destaca: (i) a ênfase de Pimenta na importância da agenda
institucional, abordando aspectos políticos e ambientais, ao mesmo
tempo em que reforçou a estratégia de crescimento da empresa após a
resolução de questões pendentes (Mariana, ferrovias e decretos de
cavidade); (ii) sobre as operações de minério de ferro, a empresa
está focada em melhorar a eficiência de custos, adaptando-se ao
ambiente pós-Brumadinho (plantas de filtração, empilhamento a seco
e alternativas a barragens), além da ramp-up (início de produção)
de projetos-chave; e (iii) para metais básicos, o foco é no cobre,
com crescimento esperado principalmente por meio de formas
orgânicas. A XP tem recomendação de compra para a Vale.
A agenda institucional é prioridade, com a gestão comprometida
em melhorar o relacionamento com os stakeholders (governo,
comunidade e agências ambientais) para resolver as principais
discussões envolvendo a empresa e desbloquear oportunidades de
crescimento (como cavidades em Serra Norte).
O foco também é na resolução de acordos-chave, incluindo: (i) o
acordo de reparação da Samarco, que parece estar em suas etapas
finais, com fechamento previsto para o final de outubro a novembro
de 2024 (as discussões com os stakeholders estão na fase final);
(ii) renovação das concessões ferroviárias, com fechamento esperado
para o final de 2024 a início de 2025; e (iii) ajustes nos decretos
de cavidade previstos para os próximos 6 a 12 meses.
Para as operações de minério de ferro, o destaque é: (i) foco em
melhorar a eficiência de custos, visando uma redução de C1 (custo
de produção e frete do minério de ferro desde a mina até o porto)
abaixo de US$ 20 a tonelada, enquanto se adapta ao ambiente
pós-Brumadinho (plantas de filtração, empilhamento a seco e
alternativas a barragens); (ii) ramp-up (início de produção) de
projetos-chave (Vargem Grande, Capanema e S11D +20); (iii)
aprimoramento no fornecimento de certos produtos e eficiência de
processos; (iv) parcerias em projetos menores não estão
descartadas; e (v) ênfase em pelotas e na descarbonização da
siderurgia.
Sobre a alocação de capital, a política de dividendos permanece
intacta, com a empresa reiterando que não deve exceder seu nível
máximo de dívida líquida expandida de US$ 20 bilhões.
Goldman Sachs
O Goldman Sachs, aponta que, embora o novo CEO não espere
mudanças significativas em termos de estratégia da empresa, os
analistas do banco estão otimistas quanto ao avanço da empresa em
frentes importantes e acredita que a história micro provavelmente
terá um forte impulso no futuro, o que seria uma mudança em relação
aos últimos 5 anos.
“Mais especificamente, a nova administração tem o potencial de
trazer um novo começo ao relacionamento governo-empresa, o que pode
ajudar a aliviar as preocupações recentes dos investidores, alinhar
melhor os interesses das partes interessadas e reduzir pendências
importantes (incluindo em torno do acordo final da Samarco,
renovação da concessão ferroviária e possíveis ajustes
regulatórios)”, apontam os analistas do Goldman.
Na frente operacional, o banco vê três impulsionadores de valor,
incluindo 1) o desenvolvimento contínuo de projetos-chave (Vargem
Grande no 4T24, Capanema no 2S25 e S11D no 2S26 -> todos
alavancando a infraestrutura existente); 2) melhoria da eficiência
operacional (como resultado de decisões tomadas desde 2019) e 3)
potenciais mudanças regulatórias em torno da regulamentação da
caverna. “O momento parece bom nessas frentes principais e a
gerência espera que seja o principal impulsionador da produção de
minério de ferro aumentando para 350 mtpa [milhões de toneladas por
ano] e redução de custos (para potencialmente abaixo de US$ 50/t
versus cerca de US$ 60/t agora).
“Destacamos que uma das principais mensagens da gerência para a
organização está relacionada à eficiência de custos”, avalia o
banco.
Grandes fusões e aquisições não estão no radar, mas sem ver
potencial para negócios estratégicos (por exemplo, acordo recente
com o ativo da Anglo Minas Rio).
Ainda em destaque, a gerência também destacou que o
relacionamento com as partes interessadas públicas é fundamental e
a nova administração da empresa traz uma oportunidade para um novo
começo.
“Temos uma recomendação de compra para a Vale e esperamos que os
fatores micro reavaliem as ações, com a empresa sendo negociada com
um desconto médio de 30% em relação às principais australianas. Com
base em nossas conversas recentes, muitos investidores
internacionais permaneceram à margem devido a inúmeras incertezas
micro, assim esperamos que o interesse dos investidores aumente à
medida que os fatores de risco específicos da empresa sejam
reduzidos”, apontam os analistas.
JPMorgan
Para o JPMorgan, a agenda faz muito sentido e deve ser uma
alavanca fundamental para impulsionar o desempenho do preço das
ações da Vale; o banco reitera a recomendação overweight (exposição
acima da média do mercado, equivalente à compra).
Informações Reuters
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Nov 2024 até Dez 2024
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
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