A temporada de resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) tem
início na quarta-feira (5) já com a divulgação de números de
gigantes da Bolsa brasileira, como é o caso do setor de bancos.
Nos primeiros dias, Santander Brasil (BOV:SANB11), Itaú
(BOV:ITUB4) e Bradesco (BOV:BBDC4) divulgam seus números, mas
algumas empresas de outros setores, como Multiplan (BOV:MULT3) e
CCR (BOV:CCRO3), revelam seus números do 4T.
Os últimos três meses do ano passado foram vistos como
turbulentos para o cenário macroeconômico. Ainda assim, aponta a
XP, as expectativas do mercado são positivas para os números das
empresas listadas na Bolsa.
A projeção é de um aumento de receita e Ebitda (lucro antes de
juros, impostos, depreciações e amortizações), na média, ano contra
ano, de 8% e 6%, respectivamente. “Quando se exclui commodity dessa
conta, esse número fica ainda maior, com crescimento de receita e
de Ebitda de ano contra ano de 14% e 32%, respectivamente”,
disse.
A equipe de estratégia da XP que assina o relatório, formada por
Fernando Ferreira, Felipe Veiga, Júlia Aquino e Lucas Rosa, aponta
que o mercado de opções está precificando uma reação moderada e uma
volatilidade moderada nessa temporada de resultados, o que indica
que o mercado não espera grandes surpresas.
Em fala durante o programa Morning Call, da XP, o estrategista
de ações Felipe Veiga explicou que quando se analisa a última
temporada de resultados – a do 3° trimestre de 2024 (3T24) – no
contexto das cinco últimas temporadas de balanço, vê-se que “foi
muito influenciado pelo contexto macro, o que acabou ofuscando o
desempenho micro”.
“Quando a gente olha a reação média do papéis (na Bolsa)
pós-resultado da última temporada (3T24), vê-se que o desempenho
foi uniformemente negativo pela primeira vez na comparação com as
cinco últimas temporadas de resultados”, disse.
Ele chamou a atenção para os guidances para esse ano a serem
anunciados pelas companhias nos balanços do 4T24. “Considerando que
o cenário macro deve continuar desafiador, os investidores devem
prestar bastante atenção nas projeções financeiras das empresas
para 2025”, destacou.
Calendário de Balanços B3: confira quando
as empresas divulgarão seus resultados do 4T24
Na visão do Bradesco BBI, a temporada de balanços deve
evidenciar uma diferença expressiva entre os setores doméstico e de
commodities no Ibovespa (IBOV). Segundo o Bradesco BBI, os lucros
das empresas voltadas ao mercado interno devem crescer 31% em
relação ao ano anterior, impulsionados por eventos que reduziram a
base comparativa de 2023 e pelo desempenho econômico ainda
positivo. Já o setor de commodities pode registrar queda de 30%,
impactado por fatores extraordinários e oscilações no mercado
global.
Na mesma linha, olhando para os lucros das empresas, o Inter
Research ressalta que o 4T24 traz em maioria bons resultados para a
maioria dos setores, muitos deles em recuperação de resultados.
Por outro lado, setores relevantes como Óleo e Gás,
Papel e Celulose e Siderurgia e Mineração ainda podem ter
desafios nos números, na visão da casa. Enquanto isso, o mercado
espera recuperação de resultados nos setores de varejo e educação,
apesar dos desafios pela frente com o juro elevado. Na ponta
positiva destaca uma melhora substancial dos resultados nos setores
de Tecnologia, Alimentos e Bebidas e Saúde.
Para a XP, o setor de proteínas deve ser um
destaque positivo à medida que os preços continuam atraentes,
refletindo um balanço de oferta e demanda para proteínas ainda
apertado ao redor do mundo.
Já Shoppings & Propriedades Comerciais
devem ter um trimestre sólido à medida que antecipamos baixos
custos de ocupação, o que deveria impulsionar uma forte demanda a
gradualmente aumentar as taxas de ocupação.
Para os estrategistas da casa, Papel &
Celulose é um setor a ter um trimestre encorajador com
previsões de volumes de venda de celulose fortes além da
depreciação do real ajudando a mitigar preços de celulose piores em
dólares.
Por outro lado, produtores de alimentos devem
ser um destaque negativo com a estrutura de capital alavancada dos
atacadistas em conjunto com um cenário macro mais negativo
agravando a situação. “Outro ponto negativo são os custos mais
elevados, que nós não esperamos que sejam repassados pelas
companhias, o que deve penalizar as margens”, avalia.
A XP também vê que o varejo alimentar será um
destaque negativo, pois espera continuar a ver tendências de
receita negativas, com as vendas de lojas existentes ainda ficando
atrás da inflação alimentar, provavelmente comprometidas pelo poder
de compra em deterioração e um cenário competitivo mais
difícil.
No geral, a equipe de estrategistas espera que os varejistas
reportem uma temporada de resultados mista, com desaceleração no
crescimento da receita em todos os segmentos, embora com contínua
melhoria na rentabilidade. Embora reconheça que as bases de
comparações e a antecipação da demanda durante a Black Friday
possam ter contribuído para o desempenho de vendas mais ameno,
acreditamos que a deterioração macroeconômica já começou a
prejudicar o consumo, reforçando nosso tom cauteloso para 2025.
“Após uma forte temporada do 3T, esperamos que as
varejistas de vestuário de baixa/média renda
relatem desaceleração no crescimento da receita, principalmente
apoiados pelo crescimento em volume, mas com melhoria nas margens
brutas e controle dos NPLs, com C&A (BOV:CEAB3) mais uma vez
como destaque”, avalia. Quanto aos players de alta renda, a casa
deve ver resultados mistos, com Azzas 2154 apresentando aceleração
na receita e margens esperadas estáveis, enquanto a receita da
Vivara (BOV:VIVA3) deve desacelerar com pressão na margem bruta
compensada por um controle rigoroso de despesas.
Entre outros grandes setores da Bolsa, a XP ressalta que, para
os bancos, a temporada deve continuar as
tendências observadas no 3º trimestre de 2024. Espera-se que os
bancos incumbentes reportem crescimento nas carteiras de crédito
dentro do guidance, contribuindo para uma melhoria na receita
líquida de juros (NII) dos clientes, embora o apetite por risco
tenha diminuído ligeiramente devido a desafios macroeconômicos.
O NII do mercado provavelmente enfrentará volatilidade à medida
que as curvas de juros se acentuarem novamente. Em termos de
qualidade de crédito, espera-se que a maioria dos bancos mantenha
níveis estáveis de inadimplência (NPL), enquanto o Custo do Risco
pode apresentar algumas flutuações, particularmente para o Banco do
Brasil (BBAS3), que enfrenta desafios no setor do Agronegócio.
Já na visão do Bradesco BBI, o setor de
utilities (serviços públicos, como energia e saneamento)
pode ter crescimento expressivo, com estimativa de alta de 70% nos
lucros, impulsionado por Eletrobras (BOV:ELET3) e CPFL Energia
(BOV:CPFE3). No lado oposto, empresas de matérias-primas podem
registrar forte queda.
O Bradesco BBI prevê que os lucros da Vale (BOV:VALE3) caiam R$
0,40 por ação devido ao acordo de renovação das concessões
ferroviárias de Carajás e Vitória-Minas. Já a Suzano (BOV:SUZB3)
pode ser afetada por perdas cambiais que podem chegar a R$ 11 por
ação.
A XP avalia que, para as mineradoras, embora os preços do
minério de ferro tenham mostrado um leve aumento (cerca de 4%
trimestre a trimestre), espera que embarques estáveis para a Vale
(contra a sazonalidade natural mais forte para volumes no 4T)
inibam melhorias adicionais no Ebitda, principalmente devido às
piores condições climáticas em Dez’24 nas operações do Norte.
Para as siderúrgicas, em relação à Gerdau
(BOV:GGBR4), a rentabilidade deve ser o ponto negativo no 4T24, com
a maioria dos obstáculos vindo da América do Norte, com a margem
Ebitda da América do Norte prevista para cair de 17,4% no 3T24 para
cerca de 12-13% no 4T24 (dito isso, acredita que o pessimismo em
relação ao nome se tornou excessivo).
Sobre as petroleiras, a equipe de análise da XP
vê que os preços do Brent continuaram a apresentar uma tendência de
queda durante o trimestre, o que deve impactar negativamente os
resultados em termos de dólares. No entanto, esse efeito deve ser
amplamente atenuado em termos de reais devido à desvalorização da
moeda brasileira. De qualquer forma, é provável que o principal
impulsionador do desempenho sejam fatores específicos das
empresas.
A produção da PRIO (BOV:PRIO3) permaneceu abaixo de seu
potencial, com vários poços ainda fechados, enquanto a
PetroRecôncavo (BOV:RECV3) teve um trimestre praticamente estável.
A Brava (BOV:BRAV3) enfrentou desafios operacionais decorrentes da
interrupção da produção em Papa-Terra e da redução da produção em
Atlanta – ambos os campos voltaram a produzir no final de dezembro.
Para as distribuidores de combustível, a XP prevê que as melhorias
no ambiente competitivo observadas no terceiro trimestre
continuarão no quarto trimestre, sugerindo que a lucratividade
permanecerá em níveis saudáveis.
Olhando para as empresas da Bolsa de sua cobertura, o Inter
Research ressalta que 15 empresas podem surpreender positivamente.
São elas: Bradesco, IRB (BOV:IRBR3), Yduqs (BOV:YDUQ3), BRF
(BOV:BRFS3), Embraer (BOV:EMBR3), GPA (BOV:PCAR3), Azzas
(BOV:AZZA3), Santander Brasil, Eletrobras, Cyrela (BOV:CYRE3),
Hapvida (BOV:HAPV3), Totvs (BOV:TOTS3), Vivara, B3 (BOV:B3SA3) e
Sabesp (BOV:SBSP3).
Por outro lado, o Inter ressalta 15 empresas que podem
decepcionar. São elas: SLC Agrícola (BOV:SLCE3), Eneva (BOV:ENEV3),
Azul (BOV:AZUL4), Suzano (BOV:SUZB3), Brava Energia (BOV:BRVA3),
Carrefour Brasil (BOV:CRFB3), Cogna (BOV:COGN3), LWSA (BOV:LWSA3),
Natura&Co (BOV:NTCO3), Hypera (BOV:HYPE3), Usiminas
(BOV:USIM5), Vibra Energia (BOV:VBBR3), CSN (BOV:CSNA3), Raízen
(BOV:RAIZ4) e Copel (BOV:CPLE6).
Informações Infomoney
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