Neoenergia vende 50% de seus ativos de transmissão por R$ 1,2 bilhão
27 Abril 2023 - 8:49AM
ADVFN News
Em uma operação de venda que se reflete em um duplo ganho para a
Neoenergia, a elétrica de origem espanhola anunciou a venda de 50%
de seus ativos de transmissão operacionais para a Warrington
Investment, controlada pelo fundo de investimentos GIC, de
Cingapura, por um valor estimado em R$ 1,2 bilhão.
Além de embolsar esses recursos que vão reforçar o caixa da
companhia, pelo acordo, a Neoenergia (BOV:NEOE3) lançou as bases
para a entrada de novos recursos em um futuro próximo e garantiu
fôlego novo para continuar a expansão de sua carteira de projetos
de transmissão nos próximos leilões.
Adicionalmente à venda, o acordo firmado nesta terça, 25, também
estabeleceu que o GIC terá direito de primeira oferta em relação à
potencial venda futura de 50% de participação em ativos de
transmissão atualmente em construção pela Neoenergia, que somam
6.089 quilômetros de linhas.
Além disso, a Neoenergia e o GIC assinaram um contrato de
desenvolvimento para a participação conjunta nos próximos leilões
de transmissão no Brasil, incluindo o certame marcado para 30 de
junho.
O anúncio da venda ocorreu antes do prazo inicialmente indicado
pela direção da Neoenergia – até o fim de junho. Além de GIC,
Itaúsa, Caisse de Dépôt et Placement de Québec (CDPQ) e Ontario
Teachers analisaram os ativos.
A aquisição ainda está sujeita à aprovação prévia pelo Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel). A estimativa é de que a transação
deverá ser concluída no segundo semestre deste ano.
Pelo acordo, será criada uma holding para abrigar os ativos de
transmissão operacionais, na qual cada empresa terá metade do
capital. A gestão física dos ativos, como operação e manutenção,
continuará sob responsabilidade da Neoenergia. “Continuaremos
implementando as melhores práticas de mercado e alcançando
patamares de qualidade para a operação”, disse o diretor-presidente
da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, em teleconferência com
analistas e investidores na manhã de ontem.
Ele destacou que, embora esteja prevista a atuação conjunta no
leilão que acontecerá em junho, nada impedirá que as sócias entrem
nos certames independentemente. “A cada leilão eles vão avaliar o
interesse de entrar conjuntamente nos leilões. Não temos obrigação
de ir juntos aos leilões, mas temos interesse mútuo pensando em
estrutura de capital para futuros sócios”, disse.
Leilões
O próximo leilão de transmissão deve ofertar ao mercado nove
lotes que somam 6.122 km de linhas de transmissão e 400
megavolt-amperes (MVA) em capacidade de transformação de
subestações. O investimento previsto para a construção desses
projetos é de R$ 15,8 bilhões.
Um segundo certame também já está marcado, para 31 de outubro,
com expectativa de ofertar projetos que somam R$ 19,7 bilhões.
Ainda está em gestação mais um leilão até o fim do ano. O governo
tem dito que pretende leiloar mais de R$ 50 bilhões em projetos de
transmissão somente em 2023.
Esses certames são uma boa oportunidade para os principais nomes
do setor ampliarem o portfólio de ativos. No caso da Neoenergia, a
ambição é limitada pelos elevados compromissos. A companhia se
comprometeu com investimentos de R$ 25 bilhões dentro dos próximos
três anos, iniciativas de crescimento orgânico em todos os seus
segmentos de atuação.
“Gostamos do acordo, uma vez que pode reduzir os requisitos de
capital da empresa para novos projetos greenfield (ainda no papel)
de transmissão, especialmente devido à relevância dos leilões
programados”, disseram os analistas do BTG Pactual João Pimentel,
Gisele Gushiken e Maria Resende. No entanto, eles ponderaram que,
considerando o apertado balanço patrimonial da empresa, os
investidores podem preferir ver a companhia usando o caixa
adicional para desalavancar, em vez de entrar em novos leilões de
transmissão.
Segundo cálculos do BTG, com a operação, a alavancagem
financeira da empresa deve cair a 0,10 ponto, para 2,96 vezes. Os
analistas do banco também salientaram que o valor do negócio foi
mais elevado do que as estimativas da casa, que consideravam que
50% dos empreendimentos de transmissão operacionais da Neoenergia
valiam R$ 979 milhões.
Para o Credit Suisse, o valor da operação também foi mais alto
do que o considerado como “justo”. O analista Rafael Nagano
destacou que, com a transação, a companhia pode reduzir sua
alavancagem em cerca de 0,14 vez, com a desconsolidação dos
ativos.
Próximos passos
Profissionais de mercado destacaram que a operação com o GIC foi
mais um marco importante no plano de desinvestimentos da
Neoenergia, depois da troca de ativos hidrelétricos com a
Eletrobras, anunciada em dezembro passado. Seguem na fila a venda
da usina termoelétrica Termope e os 10% de participação na Norte
Energia, que administra a hidrelétrica Belo Monte. Esses movimentos
potencialmente propiciam desalavancagem adicional.
Durante a teleconferência, Capelastegui afirmou que a companhia
está confiante de que poderá avançar com o processo de venda da
fatia em Belo Monte até o fim de 2023. Ele afirmou, porém, que
ainda não há nada definido em relação a uma operação para se
desfazer do ativo.
A venda desse ativo é um desejo antigo da companhia, mas ainda
não avançou por ser uma operação complexa, uma vez que a usina de
11.233,1 megawatts (MW) é frequentemente alvo de questionamentos de
ambientalistas e do Ministério Público Federal (MPF), que conseguiu
na Justiça interferir no funcionamento da hidrelétrica. Além disso,
o empreendimento tem outros sócios, como a Eletrobras e a Cemig –
esta também já manifestou interesse em se desfazer de sua
participação.
Informações Broadcast
NEOENERGIA ON (BOV:NEOE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
NEOENERGIA ON (BOV:NEOE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024