Instalações nucleares, petroquímicas e bases terrestres: entenda cálculo de Israel para retaliar o Irã após ataques de mísseisAnalistas avaliam que o próximo movimento do Estado judeu tem potencial para determinar o curso da guerraPor O Globo e agências internacionais — Tel Aviv e Teerã02/10/2024 11h30 Atualizado há uma horaApós o ataque do Irã contra Israel na terça-feira, quando cerca de 180 mísseis foram disparados, analistas avaliam que o próximo movimento do Estado judeu tem potencial para determinar o curso da guerra. Diferentemente da ofensiva realizada em abril, quan...
Instalações nucleares, petroquímicas e bases terrestres: entenda cálculo de Israel para retaliar o Irã após ataques de mísseisAnalistas avaliam que o próximo movimento do Estado judeu tem potencial para determinar o curso da guerraPor O Globo e agências internacionais — Tel Aviv e Teerã02/10/2024 11h30 Atualizado há uma horaApós o ataque do Irã contra Israel na terça-feira, quando cerca de 180 mísseis foram disparados, analistas avaliam que o próximo movimento do Estado judeu tem potencial para determinar o curso da guerra. Diferentemente da ofensiva realizada em abril, quando Israel e aliados interceptaram quase todos os 300 mísseis e drones das forças iranianas — numa investida que, apesar de superior em quantidade de armamentos lançados, foi amplamente considerada como simbólica — agora, a abordagem do Irã foi mais agressiva e com a intenção de causar danos significativos, dizem especialistas.Na época, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ao premier israelense, Benjamin Netanyahu, que “aceitasse a vitória”, e a resposta de Israel foi moderada: embora suas forças tenham disparado contra uma base aérea em Isfahan, uma cidade cercada por algumas das áreas nucleares mais importantes do Irã, a ofensiva evitou atingir as próprias instalações. A mensagem, porém, foi clara: da próxima vez, eles poderiam mirar em ativos valiosos para a administração iraniana.Em abril, Israel estava preocupado que uma resposta intensa demais pudesse levar o Irã a ordenar que suas milícias aliadas — particularmente o grupo xiita Hezbollah no Líbano — retaliassem de forma extensa. No entanto, após terem intensificado os bombardeios no território libanês, matando o líder da organização político-militar libanesa e outros comandantes graduados do grupo, Israel agora sabe que enfraqueceu o Hezbollah, removendo grande parte da dissuasão do Irã contra um ataque mais amplo, disse Danny Citrinowicz, oficial aposentado da Inteligência israelense especialista em Irã.— Israel tem muito mais liberdade no contexto iraniano do que em abril, já que essencialmente não há mais ameaça de que o Hezbollah se envolva — ressaltou Citrinowicz.Assim como no ataque anterior, a administração Biden pode instar Israel a conter sua resposta. Desta vez, no entanto, com a chegada das eleições presidenciais de novembro nos EUA, as autoridades americanas provavelmente terão menos influência do que tiveram em abril. Na avaliação de Citrinowicz, o momento é de uma escalada cujo fim ainda é difícil de prever, e a ação de Israel “quase certamente” desencadeará outra resposta iraniana. A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã afirmou que o ataque foi uma retaliação pela morte dos líderes do grupo terrorista Hamas e do Hezbollah, e avisou que, se o Estado judeu respondesse, haveria mais represálias.— Parece que estamos no início de uma confrontação mais agressiva entre nós e os iranianos — disse o israelense.Para Yaakov Amidror, general de divisão aposentado que serviu como conselheiro de segurança nacional de Netanyahu, o desafio de Israel hoje não é sobre atacar ou não o Irã, mas o quão poderoso esse ataque deve ser. A questão, disse, é o quanto as forças israelenses podem “prejudicá-los em relação à capacidade deles de nos prejudicar”. Até mesmo um ataque às instalações nucleares do Irã — há muito uma fonte de temor para Israel, que se preocupa que Teerã possa adquirir uma arma nuclear — “deve ser considerado”, acrescentou o general israelense.Quais são os possíveis alvos?O ex-primeiro-ministro de Israel Naftali Bennett escreveu nas redes sociais que seu país estava diante da “maior oportunidade dos últimos 50 anos” para mudar o cenário no Oriente Médio, sugerindo que as forças do Estado judeu devem agir para “destruir o projeto nuclear do Irã” e suas “principais instalações energéticas”, atingindo “criticamente esse regime terrorista”. “Os tentáculos desse polvo estão gravemente feridos — agora é a hora de mirar na cabeça”, acrescentou. Embora Bennett não seja mais premier, sua posição reflete um sentimento crescente no país, e Israel de fato pode estar considerando ataques a alvos mais relevantes no território iraniano, como instalações nucleares.Os alvos militares mais óbvios são as bases terrestres que lançaram a salva de mísseis balísticos na terça-feira, publicou a BBC. Isso inclui não apenas os silos, mas também os centros de comando e controle, além das instalações de reabastecimento. Em seguida, há os locais petroquímicos ou outros pontos que poderiam afetar significativamente a economia iraniana. Israel pode até tentar ativar sua rede de agentes dentro do Irã para perseguir aqueles que ordenaram e executaram o ataque.A estratégia atual do governo israelense, segundo análise da rede britânica, parece ser de duas frentes: eliminar seus inimigos por meio de assassinatos e ataques aéreos e, em seguida, dissuadir — demonstrando ao Irã e seus aliados que todo ataque a Israel será respondido com uma força ainda maior. Além disso, os Estados Unidos estão reforçando sua presença militar no Mediterrâneo, sinalizando ao Irã que um ataque a Israel poderia implicar uma reação americana. De qualquer forma, um contra-ataque iraniano seria quase inevitável, com ambos os países perpetuando o ciclo atual de ataques e vinganças. (Com New York Times)https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/10/02/instalacoes-nucleares-petroquimicas-e-bases-terrestres-entenda-calculo-de-israel-para-retaliar-o-ira-apos-ataques-de-misseis.ghtml
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