26/03/2019 às 14h17Após a fusão com a Fibria, Suzano já planeja os próximos passosPor Stella Fontes* | ValorNOVA YORK - (Atualizada às 15h14) - A Suzano poderá deduzir R$ 26,5 bilhões do imposto de renda ao longo dos próximos anos, referentes à diferença de valor entre o que foi pago pela Fibria e o valor de livro da empresa, que será incorporada em 1º de abril e deixará de existir como entidade independente, de acordo com o presidente da companhia, Walter Schalka.Diante disso, a companhia estimou sinergia tributária da ordem de R$ 2 bilhões por ano, ao menos durante a próxim...
26/03/2019 às 14h17Após a fusão com a Fibria, Suzano já planeja os próximos passosPor Stella Fontes* | ValorNOVA YORK - (Atualizada às 15h14) - A Suzano poderá deduzir R$ 26,5 bilhões do imposto de renda ao longo dos próximos anos, referentes à diferença de valor entre o que foi pago pela Fibria e o valor de livro da empresa, que será incorporada em 1º de abril e deixará de existir como entidade independente, de acordo com o presidente da companhia, Walter Schalka.Diante disso, a companhia estimou sinergia tributária da ordem de R$ 2 bilhões por ano, ao menos durante a próxima década. Em fato relevante divulgado mais cedo, a Suzano informou a captura de ganhos dessa natureza, da ordem de R$ 2 bilhões por ano, no período de 2019 a 2021.A Suzano informou ainda que prevê capturar sinergias operacionais de R$ 800 milhões a R$ 900 milhões ao ano, antes de tributos. Esse ganho ocorrerá permanentemente a partir da fusão das operações, considerando-se as áreas florestal, suprimentos, logística e comercial, despesas administrativas e gerais e investimento, com captura de 100% a partir de 2021.A companhia não divulgou a estimativa de ganho a valor presente (NPV, na sigla em inglês), que estava estimada em até R$ 15 bilhões por analistas. O valor estimado, porém, não considerava os R$ 2 bilhões ao ano de sinergia tributária.De acordo com Schalka, com a incorporação da Fibria, a Suzano passa a ser uma companhia que, de alguma maneira, impacta a vida de 2 bilhões de pessoas no mundo, considerando-se toda a sua operação e portfólio de produtos. “Nosso objetivo não é ser o maior, mas o melhor. Entendemos nosso impacto na sociedade e é esse legado que queremos deixar”, comentou.Em relação à integração com a Fibria, o executivo disse que, no atacado, as duas companhias têm mais semelhanças do que diferenças. Diante disso, o processo tem ficado acima das expectativas.A fusão com a Fibria foi anunciada há pouco mais de um ano, em 16 de março de 2018. A companhia promove hoje o Suzano Day, na Bolsa de Nova York (Nyse).Mais terras e mais florestasA Suzano seguirá direcionando um volume relevante de recursos para aquisição de terras e florestas, de acordo com Schalka. “Fizemos operações no primeiro trimestre e continuaremos a fazer”, disse o executivo. No ano passado, os investimentos para essa finalidade totalizam R$ 1,3 bilhão e, em 2019, estão estimados em R$ 1,4 bilhão - o segundo maior valor do orçamento do ano, atrás dos R$ 4 bilhões que serão dedicados a manutenção das operações.No ano passado, a companhia já havia adquirido uma área plantada da Duratex e uma parcela remanescente do pagamento está refletida no investimento estimado para 2019.Ao ser questionado por um analista sobre o investimento estrutural em florestas nos próximos anos, o executivo disse que não é possível afirmar se os valores vistos entre 2018 e 2019 serão mantidos. “É mais uma questão de oportunidade, então não é possível dizer se vai se manter nesse nível”, disse. Já os investimentos em manutenção tendem a cair nos próximos anos, diante das sinergias que serão geradas com a fusão com a Fibria.Conforme Schalka, as aquisições de terras e florestas são motivadas pelos esforços de redução do raio médio (distância entre fábrica e florestas) da Suzano, com impacto no custo caixa de produção da celulose, e como preparação para uma futura expansão da companhia. Em termos de raio médio, a meta é chegar a 156 quilômetros, ante 240 quilômetros atualmente. “Isso trará uma economia de custo caixa ao longo do tempo”, comentou. Todas as regiões em que há operações da Suzano são candidatas a potenciais transações.A partir da fusão com a Fibria, seguiu o executivo, a companhia revisou para baixo as metas de médio e longo prazo para o custo caixa de produção de celulose. Atualmente, a companhia já possui o menor custo da indústria global, de cerca de US$ 168 por tonelada, contra média brasileira de US$ 225 por tonelada. “A tendência é declinante”, acrescentou o executivo. A Suzano não divulgará os novos valores que serão perseguidos. Há dois anos, portanto antes da fusão com a Fibria, a companhia pretendia alcançar custo caixa de US$ 150 por tonelada em 2018 e de US$ 125 por tonelada em 2021.A partir da operação, haverá duas frentes de redução de custos: os investimentos em terras e florestas para redução do raio médio e a consolidação de ativos e custo caixa da Fibria, que também é competitivo.Schalka afirmou também que o investimento em novas fábricas de celulose ou expansão de unidades já existentes é uma das opções de crescimento que estão sendo avaliadas pela companhia. Caso decida levar adiante um projeto de crescimento orgânico, a Suzano tende a executá-lo em São Paulo ou em Mato Grosso do Sul, áreas onde já existe excedente de florestas, segundo Schalka. “Nosso foco neste momento é em desalavancagem”, ponderou.Além da alternativa de expansão em celulose de fibra curta no Brasil, a Suzano poderá avaliar oportunidades de aquisição de ativos no segmento de papel fora do país, assim como eventualmente de celulose de fibra longa, que ainda não aparece no portfólio da companhia. “Desde que tenha escala e gere competitividade natural”, afirmou. No mercado de papel, especificamente, a Suzano não vê margem para crescimento inorgânico no país.Dentro da estratégia de extrair valor de sua base florestal, a Suzano avalia ainda o segmento de biomateriais, cujo potencial está associado à tendência de substituição do plástico em diferentes aplicações. “Nosso produto é biodegradável e renovável”, comentou.*A repórter viajou a convite da Suzanohttps://www.valor.com.br/empresas/6182513/apos-fus...
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