26/06/2019 às 05h00Preço menor que custo pode amortecer queda da celulosePor Stella Fontes | De São PauloOs preços da celulose de fibra curta voltaram a mostrar queda acentuada na China e, agora, se equiparam ao chamado custo marginal de produção, aquele que é o mais baixo da indústria. Nesse nível, há más e, potencialmente, boas notícias para os produtores: ao mesmo tempo em que as cotações estão baixas e a rentabilidade deve estar negativa em muitas empresas, é comum a parada de linhas de produção quando os preços à vista furam o custo marginal, resultando em redução de...
26/06/2019 às 05h00Preço menor que custo pode amortecer queda da celulosePor Stella Fontes | De São PauloOs preços da celulose de fibra curta voltaram a mostrar queda acentuada na China e, agora, se equiparam ao chamado custo marginal de produção, aquele que é o mais baixo da indústria. Nesse nível, há más e, potencialmente, boas notícias para os produtores: ao mesmo tempo em que as cotações estão baixas e a rentabilidade deve estar negativa em muitas empresas, é comum a parada de linhas de produção quando os preços à vista furam o custo marginal, resultando em redução de oferta e maior equilíbrio no mercado.Como já era esperado, esse encontro de valores ocorreu nesta semana, diante da combinação de dinâmica lenta de mercado e elevada disponibilidade de matéria-prima em estoque, destacou o Itaú BBA em relatório sobre o índice de preços semanal da consultoria Foex divulgado ontem. Frente à semana passada, o preço líquido da fibra curta no mercado chinês caiu US$ 20,30, para US$ 548 a tonelada.Esse valor se equipara aos US$ 550 por tonelada do custo marginal de produção estimado pela consultoria Hawkins Wright, algo que não acontecia desde 2016, quando as cotações chegaram a US$ 460 e US$ 470 por tonelada, lembrou a equipe de análise de celulose e papel do banco."No passado, os preços caíam temporariamente abaixo do custo de produção marginal, uma vez que as várias considerações associadas ao fechamento de uma fábrica podem tomar algum tempo. Mas se recuperaram nos meses seguintes", disseram os analistas Daniel Sasson e Barbara Angerstein. Contudo, no cenário atual, a expectativa é a de que os preços permaneçam pressionados até que os estoques de celulose nos portos voltem ao normal - levando as papeleiras a reconstituírem seus próprios estoques.Diante disso, o Itaú BBA vê dinâmica fraca para os preços até o fim do terceiro trimestre, quando haveria uma recuperação sazonal da demanda. O banco projeta preço médio líquido para a fibra curta em 2019 de US$ 670 por tonelada, mas a estimativa pode ser revista para baixo.A queda de braço vista desde o fim do ano passado entre produtores de celulose e compradores teve origem no receio de agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que afetou o sentimento sobretudo no mercado asiático e levou à redução das compras e maior consumo dos estoques de fibra nas papeleiras.Neste momento, o jogo de forças também reflete a pressão dos chineses principalmente sobre a Suzano, que detém a maior parte dos estoques de fibra curta no sistema e até pouco tempo atrás se recusava a fazer concessões de preço. Até agora, a China vem ganhando os rounds contra a indústria e, em relação ao fim do ano passado, a queda já superou os US$ 100 por tonelada.Em outro relatório, os analistas do Itaú BBA lembraram que, após a estabilização vista no fim de março e a leve correção em abril, os preços da celulose na China sofreram pressão significativa em maio. Do lado da oferta, o corte de produção de até 1,3 milhão de toneladas anunciado pela Suzano não parece ter sido suficiente para dar suporte aos preços, enquanto a demanda segue fraca nas papeleiras, o que se reflete no menor consumo de celulose.Nesse ambiente, de guerra comercial e estoques elevados de celulose nos produtores e nos portos asiáticos, os preços da fibra curta e da fibra longa caíram em maio entre US$ 30 e US$ 50 por tonelada na América do Norte e na Europa e US$ 50 e US$ 130 por tonelada na China.Junho, pelo que se viu até agora, tende a ser mais um mês de contração e, a não ser que também os produtores de custo mais alto comecem a reduzir os volumes disponíveis no mercado, é provável que se veja mais correção nos próximos meses, quando começa a temporada sazonalmente mais fraca para os negócios de celulose.Por enquanto, além do Brasil, notícias de redução de produção vieram do Canadá. Há cerca de dez dias, a Canfor Pulp Products informou que fechará temporariamente uma de suas fábricas de celulose na Colúmbia Britânica, entre 29 de junho e 5 de agosto. A medida vai reduzir a produção em 25 mil toneladas, com efeito limitado no mercado, e foi atribuída às fracas condições de mercado e falta de madeira no curto prazo.https://www.valor.com.br/empresas/6320063/preco-me...
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