Depois de dois dias de alta, o Índice Bovespa voltou a recuar, apesar dos ganhos pela manhã. Pouco antes do fechamento do mercado local, o índice virou e passou a perder os avanços registrados mais cedo, sob pressão da queda das bolsas estrangeiras e dos papéis da Petrobras. O principal indicador acionário brasileiro caiu 0,56%, para 40.592 pontos. O volume financeiro diário totalizou R$ 4,9 bilhões, bem menor que a média de 2015, de R$ 7,3 bilhões, segundo dados preliminares da BM&FBovespa.
Com isso, o índice encerrou a semana com pequena alta, de 0,46%, depois de oscilar bastante entre 40.570 pontos na segunda-feira, 38.596 pontos na terça-feira e 40.592 pontos hoje. No ano, porém, o índice ainda perde 6,36%. A forte volatilidade do índice reflete a incerteza no exterior provocada pela redução ou manutenção dos juros no Japão, na zona do euro e no Reino Unido diante dos sinais de menor aquecimento da economia global e da China. Esses sinais podem levar o Federal Reserve a também manter seus juros, o que beneficia ativos de risco e mercados emergentes pela maior oferta de recursos.
Petrobras perde 4%
No último pregão antes do Carnaval, as ações ordinárias (ON, com voto) e preferenciais (PN, sem voto) da estatal petroleira perderam 4,20% e 4,02%, respectivamente, refletindo a desvalorização do petróleo no exterior. O barril WTI, negociado em Nova York, recuou 2,81%, para US$ 30,83, como o tipo Brent, de Londres, 1,31%, para US$ 34,01. Hoje, o especialista em mercados emergentes Mark Mobius, da Franklin Templeton, afirmou que a renegociação das dívidas seria a “melhor solução” para a Petrobras. Ele citou o “Chapter 11″, capítulo da lei americana que representa a concordata.
Com trajetórias mistas, Vale ON perdeu 1,06%, ao passo que Vale PNA ganhou 0,52%. Entre os bancos, Itaú Unibanco PN ganhou 0,98%, com as units (recibos de ações) do Santander, 1,27%. Já Bradesco PN recuou 1,01%, como Banco do Brasil ON, 0,80%.
Os negócios em bolsa serão suspensos neste feriado de carnaval e voltarão apenas na quarta-feira a partir das 12 horas. Na China, também será feriado semana que vem pelo Ano Novo Lunar.
Cielo cai 6% e Rumo sobe 21%
As piores quedas do Ibovespa foram de Cielo ON, 5,99%, Lojas Americanas ON, 5,62%, TIM ON, 5,02%, além de Petrobras. Na ponta positiva do índice, as maiores altas ficaram com Rumo Logística ON, 21,69%, Gerdau Metalúrgica PN, 7,69%, Cemig PN, 6,40%, e CSN ON, 5,29%.
EUA recuam com payroll; perdas na Europa batem 1%
No mercado americano, refletindo os dados de emprego (payroll) mais fracos do que as estimativas, o Dow Jones fechou em queda de 1,29%, acompanhado pelo S&P 500, 1,85%, e pelo índice da bolsa eletrônica Nasdaq, 3,25%. Em janeiro, os EUA criaram 151 mil novas vagas, mas apresentaram a taxa de desemprego mais baixa em oito anos (4,9%). Os analistas aguardavam 190 mil novos postos de trabalho para o período, de acordo com pesquisa da agência de notícias Reuters.
Na zona do euro, num dia de poucos indicadores econômicos, os principais índices recuaram influenciados pelos EUA. O Stoxx 50, dos 50 papéis mais líquidos do bloco, perdeu 0,89%, como o britânico Financial Times, 0,86%, o francês CAC, 0,66%, e o alemão DAX, 1,14%.
Juros longos caem e dólar é vendido a R$ 3,91
Mesmo pressionadas pelo aumento da inflação de janeiro, principalmente entre as famílias de baixa renda, e das perspectivas de preços maiores neste ano, as taxas de juros futuros de longo prazo caíram. Para janeiro de 2017, a estimativa ficou estável em 14,54%. Para janeiro de 2018, as projeções passaram de 15,25% ao ano para 15,22%, assim como as taxas dos negócios válidos até o começo de 2021, que tiveram recuo de 15,96% para 15,90%. No mercado de câmbio, o dólar comercial recuperou 0,38%, para R$ 3,91 na venda, seguido pelos ganhos de 1,92% do dólar turismo, vendido a R$ 4,04. A expectativa de que os juros não devem subir na Europa e no Japão e talvez também nos Estados Unidos favorece um real mais forte.