Prestes a completar sua primeira semana, a gestão do presidente interino Michel Temer não deve mudar de forma brusca as perspectivas dos investimentos nos próximos anos no país, na avaliação do sócio-diretor da Easynvest, Marcio Cardoso.
Para Cardoso, ainda é muito cedo para tentar traçar qualquer tipo de movimento diferente daquele que já vinha sendo seguido de maneira geral pelo Brasil. “A taxa de juros local é atraente e deve continuar assim, apesar das expectativas de queda no futuro”, afirma.
De acordo com ele, a recente pesquisa do Banco Central (BC) com as instituições financeiras, o Boletim Focus, sinaliza juros básicos de pelo menos 10% ao ano, o que figura como uma taxa bastante alta. “Neste momento eu não mudaria de barco, continuaria com títulos públicos e privados, lastreados à inflação e aos CDIs (Certificados de Depósitos Interbancários)”, recomenda.
Bolsa à espera de ações efetivas
No caso do mercado acionário, Cardoso vê a Bovespa com ativos interessantes puxada por indicativos efetivos do governo sobre a trajetória do déficit público e a redução da relação entre dívida interna e Produto Interno Bruto (PIB). “Muita gente fala que em dois anos essa comparação (dívida/PIB) baterá os 80%, eu não compraria ação ligadas à empresas públicas nesse contexto”, diz.
Uma vez melhorado o ambiente, com um novo rumo para a economia, o sócio da corretora indica ativos das companhias ligadas ao mercado de consumo e bancos, além setores que se beneficiarão de um movimento de recuperação da economia, mesmo que lenta.
Ele vê oportunidades também em papéis privados, emitidos por bancos e financeiras, com isenção (Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio, LCI e LCA) ou sem (CDB), e que são acessíveis a pequenos investidores. “No varejo, produtos que garantam a proteção do investimento principal serão ideais para quem quiser correr mais riscos, sem comprometer todos os seus recursos, com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito)”, detalha. O FGC garante aplicações em papéis de bancos e financeiras até R$ 250 mil por CPF.
Para Cardoso, independentemente do que acontecerá com os juros, eles certamente serão a melhor opção para uma parcela relevante dos portfólios. “A renda fixa ainda será o porto seguro dos investidores”, completa.