Os investidores e analistas gostaram da nova política de preços da Petrobras, aprovada ontem pela empresa, e que resultou no anúncio de redução dos valores dos combustíveis nas refinarias a partir de amanhã. O impacto nos preços ao varejo será sentido nos próximos dias, de acordo com a concorrência entre os postos. As ações preferenciais da empresa (BOV:PETR4) (PN, sem direito a voto) subiam 2,73%, para R$ 16,20, enquanto as ordinárias (BOV:PETR3) (ON, com voto) ganhavam 1,83%, para R$ 17,82.

Apesar de a queda de 3,2% no preço da gasolina e de 2,7% no diesel nas refinarias reduzir os ganhos da empresa no curto prazo, o mercado entendeu que a nova política vai dar mais previsibilidade para o desempenho financeiro da companhia e para os preços do setor, além de eliminar a interferência política na definição de suas estratégias comerciais, ao menos neste governo.  A regra passa a ser de revisões periódicas, uma vez por mês, tendo como base os preços internacionais dos produtos, como a maioria das empresas ao redor do mundo faz.

Interferência quase quebrou a empresa

Essa interferência, que atingiu o auge nos últimos anos durante o governo petista da presidente Dilma Rousseff, que obrigou a estatal a manter os preços congelados apesar da forte alta do petróleo no exterior e dos gastos da companhia em investimentos no pré-sal, foi a causadora da grande crise da empresa. Mais até que os escândalos de desvios descobertos depois na Operação Lava Jato.

A estratégia, que ajudou o governo a segurar a inflação e cumprir as metas sem subir juros durante anos, teve seu impacto no endividamento da companhia. Operando no prejuízo, a Petrobras teve de pegar dinheiro emprestado para cumprir seus compromissos e hoje é uma das empresas mais endividadas (alavancadas) do mundo.

Se cai, pode subir

Para analistas, o ganho de governança aumenta a confiança no futuro da empresa, já se neste momento ela pode reduzir os preços, quando o petróleo subir, poderá elevar as cotações, eliminando o risco de voltar a operar no prejuízo. Esse ganho de governança corporativa é que anima os investidores a comprarem suas ações.

A companhia, porém, está ainda longe de solucionar seus problemas sérios de endividamento, tendo de vender ativos, como a BR Distribuidora, e buscando cortes de gastos e aumentos de eficiência, o que incluiu um corte de 25% em seu plano de investimentos.

Emissão de US$ 4 bilhões

Outro passo para melhorar a situação de endividamento é a expectativa de uma nova emissão de bônus internacionais de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 12,8 bilhões) prevista para os próximos dias. A empresa tem uma dívida a vencer no exterior de US$ 15 bilhões no ano que vem e já captou cerca de US$ 10 bilhões este ano, reduzindo o risco de dificuldades para rolagem da dívida em 2017.

Quatro pontos da nova política

A nova política de preços da estatal inclui um Grupo Executivo de Mercado e Preços, que fez sua primeira reunião ontem para reduzir os valores a partir de amanhã. Os critérios para definir os preços serão:

1. O preço de paridade internacional (PPI), que já inclui custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias;

2. Uma margem para remuneração dos riscos inerentes à operação, tais como, volatilidade da taxa de câmbio e dos preços, sobreestadias em portos e lucro, além de tributos;

3. Nível de participação no mercado;

4. Preços nunca abaixo da paridade internacional.

Além disso, a empresa poderá oferecer descontos para mercados específicos, mas nunca oferendo preços que não cubram os custos.

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