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Governos e empresas fecham ano de emissões de títulos estrangeiros depois de bater recorde no 3T20

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Governos e empresas de mercados emergentes podem fechar um grande ano de emissões de títulos estrangeiros depois de bater outro recorde no terceiro trimestre, em meio à redução das taxas de juros e aumento dos gastos fiscais durante a pandemia.

Governos e empresas venderam US$ 181,9 bilhões em títulos denominados em dólar e em euro no terceiro trimestre, aumento de 6,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados compilados. Essas emissões somaram mais de US$ 600 bilhões nos primeiros três trimestres, o maior volume já registrado para o período, de acordo com os dados.

As necessidades de financiamento dos governos, que dispararam em 2020 devido às medidas para fortalecer as economias, devem aumentar novamente no próximo ano.

Assim que a volatilidade das eleições nos EUA diminuir, empresas e soberanos podem voltar aos mercados internacionais, disse Jens Nystedt, gestor sênior da Emso Asset Management, em Nova York, que administra cerca de US$ 6 bilhões em ativos de renda fixa de mercados emergentes.

 As vendas recentes são “um sinal do que está por vir”, disse Nystedt em entrevista. “Esperaria ver uma onda de pré-financiamento depois que a incerteza eleitoral nos EUA for resolvida.”
 Empresas e governos do mundo em desenvolvimento emitiram 14% a mais em títulos em dólar e em euro nos primeiros três trimestres de 2020 do que no mesmo período do ano anterior, mostram os dados.

Até 5 de outubro, as emissões de títulos em dólar e em euro de mercados emergentes atingiram US$ 602,8 bilhões, cerca de US$ 64,7 bilhões abaixo do total de 2019, de US$ 667,5 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Emissores de títulos chineses e seus pares na Ásia emergente lideraram as vendas regionais nos primeiros três trimestres, de acordo com os dados. O Oriente Médio ficou em segundo lugar, pois exportadores de petróleo descobriram valor nas emissões de dívida externa em relação a títulos em moeda local, disse Nystedt.

América Latina, que se tornou epicentro do coronavírus, também tem acessado os mercados de títulos internacionais em maiores volumes. Juros baixos em economias desenvolvidas permitiram que alguns governos vendessem títulos globais com cupons baixos e prazos mais longos, o que levou sete soberanos latino-americanos a emitirem dívidas com vencimento em 30 anos ou mais no primeiro semestre, de acordo com a Fitch Ratings.

“O aumento das emissões reflete as maiores necessidades de financiamento decorrentes do coronavírus”, escreveram os analistas da Fitch Christopher Dychala, Shelly Shetty e Mark Brown.

 Governos do mundo em desenvolvimento levantaram cerca de US$ 216,2 bilhões com vendas de títulos nos primeiros três trimestres, mostram os dados. Empresas financeiras responderam pela segunda maior parcela dos novos títulos, de acordo com números compilados pela Bloomberg.

A pandemia também impulsionou as emissões de títulos que atendem a critérios ambientais, sociais e de governança, de acordo com dados compilados. Os títulos sociais, em particular, cresceram em popularidade à medida que o coronavírus se espalhava por países com sistemas subdesenvolvidos.

Quase 75% das vendas neste ano em dólar e em euro vieram de emissores com grau de investimento, de acordo com dados compilados. Depois que o Federal Reserve e bancos centrais do mundo todo injetaram liquidez nos mercados e implementaram medidas de estímulo, países com grau de investimento foram os primeiros a voltar aos mercados internacionais.

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