A Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras – divulgou lucro líquido de R$ 95,7 milhões no terceiro trimestre de 2020, recuando mais de sete vezes. Segundo a estatal, a queda ocorreu pelo aumento das provisões por redução na geração de energia, por processos judiciais e de contratos onerosos.
Essa é a pior queda trimestral no lucro e no Ebitda em pelo menos três anos.
Em relatório, a administração da Eletrobras destaca uma provisão de R$ 216 milhões, referente a não geração de energia, em comparação ao total de garantia física, nas Usinas Nucleares de Angra I e Angra II. Essa queda na geração ocorreu devido à extensão da parada das duas usinas, além do período previsto, ao ressarcimento por não atendimento de inflexibilidade na Usina Candiota II, no valor total de R$ 52 milhões, e ao término do contratos por Furnas e Eletronorte.
Além disso, houve um aumento de provisões contingenciais de R$ 941 milhões, incluindo R$ 377 milhões com contingências judiciais que discutem a correção monetária de empréstimo compulsório, em decorrência da reclassificação de risco de um processo de R$ 219 milhões, de acordo com o Valor Online.
A companhia de energia elétrica também acrescentou R$ 353 milhões, pela atualização a valor de mercado, às provisões equivalentes ao montante do valor de ações preferenciais B que serão entregues aos contribuintes de empréstimos compulsório que comprovarem a legitimidade.
As provisões de contratos onerosos chegaram a R$ 172 milhões, também contribuindo para o resultado, com R$ 125 milhões relativos ao contrato de compra de energia de Jirau. Já a provisão para crédito de liquidação duvidosa somou R$ 211 milhões, com risco de inadimplência da Amazonas D, de dívida financeira com a Eletrobras e de fornecimento de energia com a Amazonas GT.
Apagão no Amapá
Ainda em destaque no radar da companhia, o apagão que atingiu o Amapá provocou uma reação no Congresso Nacional contra a privatização da Eletrobras e de outras empresas do setor elétrico.
O projeto enviado pelo governo no ano passado está parado na Câmara. O Planalto discutia uma estratégia para encaminhar a votação pelo Senado, mas a possibilidade enfrenta entraves técnicos. Sem a privatização, parlamentares cobram uma fiscalização maior das empresas de geração e distribuição de energia para evitar novos desastres.
A subestação danificada é operada pela concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia. Essa concessão pertencia à espanhola Isolux, que entrou em recuperação judicial, e hoje se chama Gemini Energy. A Gemini Energy detém 85,04% de participação na linha, e 14,96% são da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Em crítica às privatizações, parlamentares usaram o episódio para dizer que a entrada da iniciativa privada no setor não resolve problemas.
A reação do Congresso ficou exposta durante reunião da Comissão Mista da Covid-19, formada para fiscalizar as ações do governo durante a pandemia do novo coronavírus. Parlamentares criticaram o fato de o problema ter ocorrido em um sistema concedido a uma empresa. Além disso, direcionaram críticas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização das empresas. “Monopólio público é muito ruim, mas você tem pelo menos a quem xingar. O monopólio privado, com agência reguladora que não funcione com eficiência, é muito mais despótico, porque geralmente a cabeça pensante e quem manda no dinheiro mora longe”, afirmou o senador Esperidião Amin (PP-SC)
VISÃO DO MERCADO
O Credit Suisse afirma que os resultados da Eletrobras foram impactados por itens não negativos recorrentes em excesso. O Ebitda sofreu impacto de provisões e reduções de receitas, ofuscando resultados positivos. As receitas caíram com o fim de contratos de Eletronorte e Furnas, a interrupção operacional da hidrelétrica de Candiota 3, da CGT Eletrosul, e perdas com geração menor das unidades de Angra entre janeiro e setembro. Isso foi parcialmente compensado por novos contratos e ativos, como Coari, e aumento de tarifas em alguns contratos.
Os custos e gastos totais aumentaram 19,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, 29,1% acima da expectativa do Credit Suisse. As provisões tiveram alta de 28,6% frente o mesmo período do ano anterior, e foram 44% acima da expectativa do banco, impactadas pela inadimplência esperada de consumidores privados. A receita líquida foi positivamente afetada por resultados financeiros e renda de ações, e negativamente afetada por taxas mais altas.
Credit Suisse mantém recomendação de compra para a Eletrobras, com preço-alvo de R$ 40,20.
VISÃO TÉCNICA
Gráficos GRATUITOS na br.advfn.com
Aprenda a analisar graficamente os seus ativos. Acesse: www.youtrade.pro.br
Peça uma análise do seu portfolio de investimentos e ações.
Clique e fale com o especialista da YouSave ou acesse www.yousave.com.br